Capítulo 7

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Harley

Não nos encontramos mais até o dia seguinte, e nem foi a nossa intenção.

Fomos chamadas para a diretoria no meio da aula de literatura. O Jack começou a rir quando ouviu os nossos nomes seguindo de um:

— Podem vir comigo, por favor?

— Ihh! – ele disse, tampando a boca com a lateral da mão. – O que será que as mocinhas fizeram?

Toda a sala se juntou à ele (exceto, claro, Bethany e Mike) e eu e Ivy nos levantamos pra acompanharmos a inspetora de corredor até a diretoria.

— Tô com vontade de quebrar a cara dele – eu sussurrei pra ela no corredor.

— Então por que continua amiga dele?

Eu não respondi, apenas desviei o olhar e não falamos mais nada até chegarmos na diretoria.

A diretora estava com um sorriso gentil no rosto, como se demonstrasse pena por nós duas, ou talvez só por mim. Mas ela devia saber a história toda do pai da Ivy, então poderia ser pena de nós duas.

— Tenho um assunto importantíssimo para tratar com vocês, meninas.

Argh, odeio quando os diretores enrolam antes de falar alguma merda. Eles acham o quê? Que falando que o assunto é importante, a nossa ansiedade vai diminuir? Porra.

— É sobre a nota que tiveram em dois testes de biologia.

Bem, disso a gente se sabia. Ou pelo menos, eu sabia. Olhei para o lado, Ivy parecia estar irritada ou triste, como se quisesse que ela andasse logo com aquilo e dissesse logo o que queria, ou como se não quisesse lembrar daquilo novamente, e estivesse com medo de ter que fazer isso antes da diretora falar. Então eu acho que ambas sabiam.

— Bem, levando em conta o que está em jogo em ambos os testes, não considero resultados bons.

Ah, valeu. Eu tirar um zero num teste é realmente muito ruim, como ela adivinhou? Puta que pariu.

— Mas eu sei que as duas têm seus motivos pessoais para isso, então acredito que podem ter uma segunda chance.

Eu percebi que minha postura estava errada ao ficar ereta na cadeira e prestar mais atenção no que ela estava dizendo enquanto me inclinava um pouco mais pra frente.

— O que quer dizer? – perguntou Ivy. Como eu disse antes, não sou boa em ler a Ivy, mas ela não parecia tentar esconder nenhum sentimento, então estava estampado na cara dela que ela não tinha esperança nenhuma de que as coisas realmente podiam melhorar. Eu senti minha boca fazer um biquinho de pena enquanto olhava para ela. Filho da puta do pai dela...

Havia um hematoma em seu outro olho naquele dia.

— Quero dizer que poderão realizar o teste novamente, daqui um mês.

Eu franzi a testa e olhei para Ivy, que também estava olhando pra mim. Olhando novamente para diretora, eu perguntei:

— Então vocês vão nos dar aulas particulares ou algo assim?

— Não. Mas terão a ajuda uma da outra. Observei que ambas tiveram resultados ruins em disciplinas que a outra obteve um resultado excelente.

Um sorriso involuntário se abriu no meu rosto, mas eu tentei disfarçar antes que alguém visse.

Com a conversa breve que tivemos, deu pra perceber que a Ivy não me odiava, mas odiava o Jack. Ele era o verdadeiro problema, o verdadeiro obstáculo entre mim e ela, entre a nossa amizade. E até um possível namoro, se eu não estiver sendo muito otimista.

Ela olhou pra mim com interesse nos olhos e se voltou para a diretora, falando:

— Acho uma boa. E como isso vai funcionar?

— Bem, aí fica com você. Mas você realizarão o teste no dia 24 de março, daqui a exatamente um mês. Vocês terão que chegar em um consenso, com pelo menos dois dias por semana em que a biblioteca ficará reservada pra vocês duas em um certo horário, o que for melhor pra vocês.

Ela deu uma pausa, como se esperasse a gente dizer alguma coisa, e continuou:

— Eu não acredito que sejam burras, garotas, e muito menos que tenham dificuldades reais nessas matéria. Quero que tentem explorar o melhor de si mesmas, sem se importar com o que vai ou não acontecer. Pensem que tiveram uma segunda chance, e isso aconteceu porque são capazes.

A Ivy não sorriu, o que novamente dificultou meu poder de ler as pessoas. Mas eu tentei, e tentei muito. Ela parecia pensar na possibilidade, o que já é diferente de mim. Eu já havia tomado a minha decisão:

— Por mim, tudo bem.

— É, por mim também.

Olhei para ela, que agora estava sorrindo, e sorri de volta. Mas acho que talvez eu tenha deixado transparecer demais o quanto sou apaixonada por ela, mas apenas talvez. Quero dizer, eu sorri tanto que senti meus olhos fechando, e ela olhou de um jeito estranho pra mim. Mas assim, há uma chance de ter dado tudo certo.









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