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Harley

Típico, justo quando eu finalmente consegui contar pra Ivy o que houve com seu pai e ela reagiu bem. Logo depois eu precisei soltar outra bomba, e ela conseguiu se segurar, ou conseguiu mais ou menos.

Eu vou matar o Coringa, aquele filho da PUTA!

Ficamos algum tempo novamente abraçadas, como da vez que eu contei pra ela sobre seu pai, até que Ivy deu um sobressalto e tirou o celular do bolso, me mostrando a hora.

— Caralho, já é 13:30! Eu devia estar na aula de francês há meia hora... Meu pai vai me matar...

Eu já ia tentar dizer alguma coisa pra consola-la, mas Ivy mudou de expressão num segundo e disse:

— Espera, quer saber? Que se foda tudo.

— O quê? Mas você precisa continuar indo pras aulas, Ivy! Seu pai vai desconfiar, e não vai adiantar nada escondermos o que sentimos uma pela outra.

Je parle déjà couramment, mon amour.

Mas ela falou isso em francês, então eu fiz uma cara confusa. Ela riu e disse:

— Eu já sou fluente, meu amor. Não preciso das aulas.

— Ivy, isso não é brincadeira.

Eu senti que tínhamos trocado de corpo. Eu, a chata responsável? Ela, a pirada despreocupada? O que tava acontecendo?

— Qual é, Harley! Você nem parece a Arlequina que eu conheço!

— Ivy, eu tô preocupada de verdade com você. O que você acha que se pai vai pensar se descobrir isso? Você precisa ir pra lá agora!

— Ãhn... – ela fingiu estar pensando, o que eu achei uma graça, mesmo estando muito irritada. – Deixa eu pensar... Não! Eu tenho uma coisa melhor pra gente fazer.

Ela pegou minha mão, me puxou para fora do armário e saímos da escola. Em vez de seguirmos para a direita, pra minha casa, ou para a frente, pra sua casa, seguimos para a esquerda, onde nem eu e nem ela conhecíamos.

— Pra onde a gente tá indo, Ivy?

— Você fica tão fofa responsável! Não faço ideia, só quero ficar longe do meu pai.

Aos poucos eu comecei a me soltar, e depois de alguns minutos já estava convencida. Ivy Poison sendo extremamente irresponsável e irracional por nenhum motivo? Eu não podia perder aquilo sendo uma chata que segue regras. Harley Quinzel não segue regras, meus amores. Muito menos impede alguém de quebra-las.

Chegamos em uma praça deserta que eu nunca tinha visto na minha vida. Ela sorriu pea mim e perguntou:

— Tem maconha?

— Não, você que é a mina das plantas. Eu sou mais de cigarro e bebida, pra ficar chapadona. Com maconha... Eu nunca provei.

— Eu já. – Quê. – Uma vez, há um tempo com a Natalie.

— Natalie?

— Ah, cê não conhece ela?

— Não, acho que não.

— Ãhn... – ela corou. – Ela é minha ex.

— Ah! – tentei não demonstrar meus ciúmes, então desviei o olhar. – E ela tinha maconha?

— Não, foi só uma vez. Mas tô com vontade, e saudade da sensação. Ela conhecia um cara, você conhece um cara?

Coringa, ou os amigos dele.

— Não, foi mal. Mas podemos fazer algo divertido sem fumar.

Eu sorri, peguei sua mão e saí correndo com ela para a direção oposta, como se estivéssemos voltando pra escola.

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