Capítulo 12

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Ivy

CARALHO. PUTA QUE PARIU.

EU SOU UMA IDIOTA, UMA COMPLETA IMBECIL, PUTA MERDA.

O que cacete eu tinha na merda da minha cabeça pra eu falar que a Harley era cheirosa? Ai meu deus, eu vou me matar, eu juro.

Se ela já não me achasse estranha o suficiente até aquele momento, passou a achar a partir dali. Tinha tantas coisas pra falar sobre o rosto dela, que ficava lindo sem maquiagem, que ela conseguia ser linda até com olheira no rosto, que os olhos dela eram lindos... Mas não, eu comentei sobre o CHEIRO dela. Idiota, Ivy, você é uma idiota!

Tá, vou tentar continuar a história: depois desse evento catastrófico e constrangedor, ela sorriu, agradeceu e disse:

— Você também não é tão ruim.

Quando percebi a referência, não pude deixar de sorrir. Ela foi na frente e eu a segui, tentando regular minha respiração enquanto olhava para as costas dela. A Harley é tão linda, perfeita e perfeitamente linda, puta que pariu. 

Porra, não falei sobre o estilo dela, falei?

Enfim, a Harley gosta de usar cropped e saia ou short. No frio, ela gosta de usar uma jaqueta do time de futebol e calça de shopping. E às vezes óculos escuros, por motivo nenhum.

E ela também é bem engraçada e ousada. Já enfiou muitas cabeças de pick me girls em vasos sanitários, e também já derrubou latas inteiras de lixo em cima da cabeça de muitas delas. A Harley não é exatamente popular, já que a qualquer oportunidade essa garota já tá mandando todo mundo ir pra casa do caralho. Mas ela é respeitada, tipo eu, só que bem melhor.

Ela também é bem inteligente. Só tira acima de 9 em [quase] todas as matérias, principalmente em biologia anatômica. Mas sinceramente, se Jack não ficasse chutando a cadeira dela, sussurrando em seu ouvido e fazendo outras coisas irritantes durante a aula de biologia orgânica, ela tiraria 9 pra cima em todas as matérias.

A Harley também é muito forte. Ela vive socando os idiotas que mexem comigo e com os meus amigos. Além de meter a porrada em várias garotas. Sinceramente, não sei como ela não foi expulsa ainda, provavelmente porque é tão talentosa como líder de torcida que a escola depende dela.

Não faço ideia, só sei que descobri sobre meu sentimento no momento em que prestei atenção em seu rosto mais de perto, e não consegui formular uma frase básica e aceitável sobre isso. Merda.

Levei algum tempo para descobrir e aceitar isso, mas gosto da Harley desde que nos aproximamos com o mapa da sala. Eu gostava de ficar com ela, e até torcia pro Coringa faltar ou matar as aulas, porque assim eu poderia ter aquele tempo de fazer as atividades só com ela. Mas eu não sabia que era sobre isso, eu achava que eu só não queria o Jack por perto. Claro, também era isso, mas a maior parte era por ela.

Enfim, a primeira coisa que eu fiz quando encontrei com meus amigos foi obviamente falar que eu estava gostando da Harley. E a reação deles foi obviamente:

— Puta merda – disse Mike, pondo as mãos na cabeça e começando a surtar junto comigo. – Puta merda, Ivy!

— Tasque um beijo na boca dela – disse Bethany. – Ela obviamente gosta de você também.

Franzi a testa e perguntei, quase gritando:

— Quê? Como você sabe disso?

— Ué, mona, tá na cara. Só tava esperando você perceber que também gosta dela pra te contar.

— Amigue, do que você tá falando? – perguntou Mike, fazendo a mesma cara que eu na hora.

Elu revirou os olhos e começou a explicar a porra toda:

— Tá, acho que tudo começou quando ela e o coringa terminaram. Ela estava bem vulnerável mentalmente, qualquer coisinha a Harley já tava surtando. Vocês lembram, não é?

Sim, a gente se lembrava perfeitamente. Toda a escola se lembrava perfeitamente.

— E vocês lembram da conversa que as duas tiveram duas semanas depois?

Puta merda, elu tá certe. Conversamos mesmo, e como é que eu não me lembrava disso? Como eu pude esquecer um momento tão importante na minha vida?

Beleza, um breve resumo:

Ela tinha acabado de ter outra crise de raiva no meio da aula de matemática. Uma garota aleatória, uma tal de Kate, começou a falar em voz alta que a Harley tinha perdido um "homão daquele" e que era muito burra por isso.

Eu acho que ela tava meio cansada de surtar, então o que ela fez foi apenas tacar um lápis no olho dela e ir parar na diretoria por isso, pela décima vez naquela semana. Eu só fui ver ela no intervalo entre aquela aula e a próxima.

Harley estava fumando perto do seu armário com as costas apoiadas na mesma parede em que ela me encontrou no dia que recebemos nossos zero e 6 nos testes.

Ela parecia muito chapada, muito mesmo. Eu não lembro direito o que eu senti, mas lembro do que eu disse:

— Harley... foi muito corajoso da sua parte fazer aquilo.

Ela levantou a cabeça, olhou pra mim e deu uma risada que indicava que a minha teoria estava certa: ela tava muito chapada, muito mesmo.

— Valeu, Ivy.

Sua voz estava meio abalada meio realmente feliz, e eu lembro que achei uma gracinha. Mas também fiquei um pouco triste por ela. O que o Coringa tinha feito em todo aquele tempo de namoro pra ela ficar assim?

Ela parou de sorrir e disse, muito triste:

— Eu sou uma otária, Ivy.

— Não diz isso. O único otário é o Jack.

Harley deu uma outra risada chapada e disse, ficando triste novamente:

— Você é uma fofa. Eu sou uma otária por confiar nele, uma otária por ter ficado com ele por tanto tempo.

— É isso que se chama ser manipulada, a culpa não é sua.

E antes que eu percebesse, ela caiu no choro, igualzinha a mim quando nos encontramos depois das notas. Só que mais vulnerável, mais triste e mais problemática. Tudo o que eu queria fazer era protegê-la naquele momento.

Eu não sou boa em consolar as pessoas, muito menos quando se trata de toque físico. Sério, prefiro a morte. Mas pela Harley, eu sou capaz de qualquer coisa.

Tentei me aproximar e tocar seu braço sem parecer desconfortável, mas provavelmente não funcionou. Ela continuou chorando, mas sua cabeça caiu para o lado e se apoiou em meu ombro antes que eu notasse.

Ficamos assim por alguns minutos, até ela parar de chorar, perceber do que se tratava e se afastar dizendo:

— Ai, puta merda... Foi mal, eu sou uma completa imbecil.

— Não, tá tudo bem, Harley.

— Não tá... Preciso ir...

E ela saiu correndo antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Quando Bethany terminou a história, uma única pergunta se passava pela minha cabeça:

— Por que ela não falou disso em todas as vezes que citamos o Jack?

— Ué, dah, porque ela tava chapada. Ela não se lembra de nada, Ivy.

Elu tinha uma hipótese completamente valida, mas eu não sou iludida. Não iria me arriscar, pelo menos não antes das nossas aulas acabarem e eu pudesse me distanciar caso desse errado.





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