Capítulo 5

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Ivy

É claro que comentários homofóbicos iriam surgir depois daquilo, mesmo com a minha ameaça. Para falar a verdade, não eram comentários realmente homofóbicos, porque eles tinham realmente medo de mim. Mas eu ouvi muita coisa do tipo "Como você virou lésbica?", "Só não dá em cima de mim" e "Isso é um desperdício, você é muito gata", nada além disso.

Na época a Harley namorava o "Coringa". Ele tinha 19 anos e estava no primeiro ano, e ela era inteligente. Não sei como ela conseguiu ser manipulada por ele mesmo assim, porque nem bonito ele é. O moleque parece um filhote de cruz credo batido no liquidificador. É feio e burro, enquanto ela é linda e inteligente.

Não que eu esteja apaixonada ou algo assim, são só os fatos. Ela sempre tenta defender meus amigos do grupinho de drogados do Coringa. Acho que ela pensa que eu a odeio ou algo assim, porque sempre faz uma cara estranha quando eu digo que ela não precisa fazer isso, talvez eu deixe a minha raiva transparecer e ela entenda que é por causa dela. Ela faz uma cara meio triste, diferente da "Arlequina", como o Jack gostava de chama-la antes de terminarem. Pelo menos foi ela que terminou, mas pude ver a clara expressão de tristeza e raiva em seu rosto por várias semanas. Ainda não consigo entender.

O mapa da sala fez a gente se aproximar um pouco. Não conversamos e nem nada, mas sentamos muito perto uma da outra, e dá pra perceber que ela se sente bastante nervosa de conversar comigo. Talvez ela tenha medo de mim por causa do que ela disse quando eu me assumi. Não sei como dizer que eu sei o motivo: Coringa.

Isso serviu pra eu ver como ela é linda e legal de verdade. Ela é a mais participativa nas aulas de biologia anatômica e matemática, e também é a melhor líder de torcida e a melhor na aula de educação física. Ela é incrível, e queria que ela pudesse ver isso, aí o desgraçado do Jack não iria poder manipula-la tão facilmente.

Para falar a verdade, conversamos sim, mas foi só uma vez, há um mês atrás. Ela estava com dificuldade numa atividade em sala de biologia orgânica e eu fui ajudar. Eu amo plantas desde que tinha cinco anos, então é a matéria que eu mais domino. Mas ela parecia ter uma certa dificuldade, reparei depois de um tempo que Jack senta atrás dela nessa aula.

Não lembro do que eu estava explicando para ela, mas sim da expressão em seu rosto quando eu olhava para o papel. De acordo com a minha visão periférica, ela estava com a boca entreaberta e olhava para mim. Mas quando eu olhei pra Harley, ela desviou o olhar para o papel e assentiu, parecendo ter entendido.

Essa foi a única situação em que conversamos e ficamos há menos de um metro de distância uma da outra, pelo menos antes da história começar.




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