Capítulo 16

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Ivy

E quando eu achei que nada podia ficar pior, ficou.

Caralho, pai, você sempre consegue estragar tudo. E o pior é que a Harley achou que a culpa era dela, puta merda...

Assim, não que ela não tenha estragado algo com uma péssima escolha de palavras (ou não). Eu não acredito que tô sofrendo por causa da frase mais clichê do mundo, que merda. Eu odeio gostar de pessoas, mesmo que seja da Harley. Vai tomar no cu.

Enfim, o filho da puta do meu pai decidiu ir embora sem me avisar logo depois da Harley. Aquilo não me preocupou na hora, porque eu só conseguia pensar na quinta-feira, quando eu briguei com o Mike e ê Bethany. A merda da frase da Harley me fez pensar que, afinal, sua reação de que aquela lembrança não tinha significado algum poderia ter sido verdadeira, ou até minha culpa. E isso me fez me sentir novamente culpada por ter brigado com meus amigos.

Eu estava sem falar com meus amigos desde a desastrosa conversa na biblioteca. Quando a Harley saiu, decidi fazer as pazes com eles e pedir desculpas. Em resumo, parar de agir como uma cadela idiota que se importa mais com uma garota que nem gosta dela do que com seus próprios amigos.

Então, assim que Harley saiu pela porta, eu peguei meu celular e mandei no nosso grupo, que estava morto desde o dia da briga:

Eu sei que fui uma imbecil com vocês, mas temos que resolver. Venham aqui em casa, agora.

Mike foi o primeiro a responder, mas tudo o que ele fez foi reagir à mensagem com uma carinha feliz. Ê Bethany só respondeu quando ele chegou:

Tô indo.

Quando li sua mensagem e, logo depois, ouvi a campainha tocar, dei um suspiro tão forte que quase esqueci por um segundo da Harley.

Mike estava muito tímido quando entrou, provavelmente achava que era o culpado e não tivera coragem de dizer isso por mensagem, não na frente de Bethany.

Não falamos nada até elu chegar. Ele só se sentou na minha cama, como sempre fazia, e esperou eu dizer alguma coisa. Como eu só sentei na cadeira em frente à escrivaninha, não falamos nada até eu ouvir a campainha tocar e dizer:

— É ê Bethany.

— Vai lá, espero aqui.

Eu me levantei e fui buscar elu. Voltamos juntos para o quarto e elu disse:

— Deixa eu adivinhar: vocês não trocaram uma palavra desde que ele chegou, né?

— Cala a boca – disseram eu e Mike ao mesmo tempo e nos olhamos.

— Olha, Ivy, você não tá totalmente errada. Não deveria ter descontado o seu primeiro encontro arruinado em nós, mas também não deveríamos ter te forçado a fazer aquilo. Nós te perdoamos, e você com certeza perdoa a gente. Não é, Mike?

Ele assentiu e eu sorri, quase esquecendo do que acabara de acontecer entre mim e a Harley. Mas eu obviamente tinha que contar aquilo para eles, e assim fiz.

Quando acabei, Bethany me olhou com uma expressão de malícia e eu disse, tentando não me desesperar:

— Nem ouse criar teoria! Você sabe o que aconteceu da última vez, Bet. Vou arruinar tudo de novo...

Elu aumentou a expressão e disse:

— Ivy, Ivy... Você não acha mesmo que a Harley iria deixar tão na cara que gosta de você, não é?

— O que quer dizer?

— Ivy, você não sabe demonstrar quando está triste, puta, animada ou feliz. Você deve ter deixado a coitada da garota num dilema pra decidir se você estava desconfortável ou não com aquela lembrança.

— E o que você sugere? Que eu... faça uma poção mágica com as minhas plantas pra me soltar mais e me declarar pra Harley, porque aí eu poderia me expressar melhor e não deixar ela confusa, mesmo que isso me deixe doidona o suficiente pra não notar se ela sente o mesmo ou não na hora?

— Amiga – disse Mike, pondo a mão no meu ombro. –, você tá escrevendo a maconha.

Eles riram e eu revirei os olhos.

— Vai se foder – mas eu ri junto com eles.

Respirei fundo para parar e continuei:

— Mas eu tô falando sério. Se vocês quiserem bolar um plano pra ver se ela gosta mesmo de mim, podem fazer. Desde que o plano não deixe claro que eu goste dela também.

— Ai, amiga... – Bethany começou, ainda rindo. – Olha, você que tem que chegar com mais calma. Se você quiser, preparo todo um roteiro pra próxima aula de vocês.

— O objetivo não era pra ela parar de ser um robô ambulante?

— Ela não é um robô, Mike. Só é bem fria e sem sentimentos aparentes. Mas com um roteiro, acho que a Harley vai conseguir entender o que ela quer dizer.

Fiquei alternando o olhar entre os dois, fingindo não perceber que eles estavam conversando sobre mim como se eu não estivesse ali.

— Não sei, Bet, e se isso fazer com que ela fique ainda mais sem sentimentos aparentes? Acho que a demonstração de sentimentos tem que vir dela, sabe?

— Mas vai vir dela, só precisa ter uma base pra ela saber exatamente o que falar.

— Tá legal, seus dois idiotas – eu disse os despertando, como se eles não soubessem que eu ainda estava ali. –, podem parar de falar como se eu não estivesse aqui? Porra, parecem tias. Enfim, o que eu acho, é que eu deveria correr atrás disso sozinha dessa vez. Descobrir o que falar por conta própria, tentar fazer ela falar de alguma forma.

— Embebendo, talvez?

— Credo, Bet! – Mike disse, parecendo não ter ouvido o que eu disse antes sobre falar de mim como se eu não estivesse ouvindo. – Não, precisa ser natural.

— Sim, e vou resolver sozinha. Mas se vocês não se importam, quero assistir uma série legal e me distrair um poucos, pra variar, e parar de pensar na Harley.

Eles não pareciam de acordo, pareciam querer que aquilo desse certo mais do que eu. Não sei se fico grata ou rio da cara daqueles boiolas de merda...

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