Harley
Quando meus pais receberam a notícia de que eu iria receber uma segunda chance, me tiraram do castigo de uma semana e minha mãe disse, com todo o desprezo que podiam expressar:
— É melhor que aproveite essa oportunidade, Harley. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, tome rumo na sua vida ou acabará com ela.
Bem, é claro que eu não escutei. Até porque, caralho, que tipo de girino não sabe disso? Ela só queria me machucar, como sempre faz. Além do mais, eu tinha que me concentrar em planejar meu encontro com a Hera.
Eu não sei se ela entendeu como um encontro, com certeza não. Mas eu tentei mostrar que achava isso e que queria que fosse isso. Mas não sei se ela leu as entrelinhas.
O nosso primeiro dia de estudo foi um dia depois, na quinta. Não nos falamos muito desde então, e eu quase deixei transparecer minha ansiedade nos momentos em que trocamos um "E aí?" no corredor.
Eu não sei se queria ou não aquilo. Quero dizer, seria ótimo passar um tempo com a Ivy, seria mesmo... Mas e se eu deixasse transparecer demais o que eu sentia por ela? E se ela descobrisse? Iríamos ter, pelo menos, mais 12 dias juntas antes da prova. E se ficasse estranho e eu não conseguisse me concentrar para a segunda chamada? E se ela não quisesse mais falar comigo depois de tudo? E se eu acabasse beijando ela sem querer, e nenhuma das duas conseguisse se concentrar na segunda chamada? Se eu fosse mal, apenas iria sair da equipe das líderes de torcida, eu conseguiria me virar com meus pais. Mas e se ela fosse mal? Eu iria estragar tudo pra ela, nunca iria conseguir me perdoar.
Eu tinha que tirar a Ivy da minha cabeça de uma vez por todas, senão iria estragar tudo pra nós duas. Ela era muito linda, mas sua imagem na minha cabeça 24 horas por dia não valia a pena. Eu tinha que me distrair um pouco, talvez a bebida em cima da escrivaninha do quarto dos meus pais...
NÃO. Harley, amanhã eu não posso ficar de ressaca. Tentei me concentrar nesse pensamento, mas a tentação era tanta que eu tive que sair de casa.
Já estava quase de noite, mas eu queria ver o Coringa. Sei lá, talvez ele conseguisse me estressar, isso me ajudaria e me distrair e pensar em outra coisa que não fosse a Ivy. Mas só talvez.
Ele estava fumando com dois amigos imbecis na pracinha de Gotham, perto da minha casa. A risada de Jack parecia uma trilha sonora de filme de terror conforme eu ia chegando perto, ainda mais com a cor da atmosfera escurecendo a cada metro.
Quando eu estava a menos de 5 metros, um dos amigos de Jack (um brutamontes mais burro que uma porta) apontou pra mim e gritou, rindo que nem um imbecil:
— Olha lá, Joker, a sua namorada!
Joker é como ele se chama de fato, mas Coringa é menos tosco.
— Ela não é minha namorada, seu imbecil!
Olha, parece que concordamos com alguma coisa.
Ele olhou para trás, mudou sua expressão de raiva para felicidade e disse, rindo:
— Harley, mas que surpresa! Vem cá, vem fumar uma.
Tá, que escolha eu tinha? Eu precisava me distrair um pouco. Eu já sabia tudo de biologia anatômica, tirei 10 estando de ressaca. Nada iria me impedir de ajudar a Ivy, nada.
Eu me aproximei e peguei um maço de cigarro no bolso dele. Depois tirei, do outro bolso, um isqueiro, peguei um cigarro e acendi. Ele ficou me olhando com uma mistura de tesão e fúria.
— E aí, rapazes?
Eu me virei para os seus dois amigos. O brutamontes era o maior dos três, tinha músculos grandes e um sorriso de debilóide no rosto. O outro era um magricelo covarde, o cérebro por trás de todas as pegadinhas do trio de merda. Eu sei, porque eu já executei algumas delas. Claro, quem levava o crédito era sempre o Coringa, mas eu que fazia a porra toda. Como diz o ditado: por trás de qualquer homem, tem uma mulher fodona. E eu era ela.
Queria que ele tivesse reconhecido, pelo menos. Aí eu não iria me sentir tão culpada.
Então eu lembrei da voz de Ivy dizendo "Então por que continua amiga dele?".
Merda. Eu só estava ali pra me distrair dela, caralho. Eu não devia estar pensando nela, porra...
No terceiro cigarro, a droga já estava fazendo efeito, mas de um jeito ruim. A imagem de Ivy não saía de jeito nenhum da porra da minha cabeça. Quando eu estava voltando pra casa, provavelmente já pela meia noite, eu só conseguia ouvir sua voz dizendo:
— Larga o Jack, sua imbecil.
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Sweet Bitch
FanficHarley Quinzel é uma líder de torcida popular em sua escola, que acabou de se descobrir bissexual. Mas além disso, ela também se apaixonou por Ivy Poison. Ivy é uma garota que, há 2 anos, se assumiu para toda a escola e recebeu vários comentários ho...