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Ivy

Bethany e Mike sumiram no fim da aula por algum motivo que eles não quiseram me contar depois, mas eu não estava muito preocupada com isso agora.

Passei a noite quase em claro pensando na Harley. Eu tinha que tomar alguma iniciativa, dizer alguma coisa, falar que tava tudo bem se ela quisesse me contar, e que não tinha problema se ela não quisesse. Mostrar que eu estava ali pra ela, por ela.

Mas isso era muito difícil, e eu não iria conseguir sem ajuda. Não de Bethany, nem de Mike, mas da internet:

Pesquisei "Como conquistar a garota que eu gosto" no Google e apareceu uma matéria dizendo:

Como fazer Simpatia - rápido e fácil!

Eu cliquei, pulei os textos sem utilidade e comecei a ler os tópicos de ingredientes e modo de preparo:

Uma folha de papel – eu tinha.

Uma caneta – eu tinha.

O DNA da pessoa em questão – não tinha, mas podia arrumar.

O sangue de alguém que não quer ver a relação acontecer – Coringa ou meu pai? Era difícil escolher, ambos me dariam prazer de matar.

Dez folhas mortas de...

Eu não continuei. Como eles ousavam botar planta morta como ingrediente? Tipo, o DNA? Esquisito, mas beleza. Sangue? Maneiro. Agora PLANTA MORTA?

Depois disso nada mais me foi útil. Eu tinha que fazer aquilo sozinha, tinha que conversar com a Harley por conta própria. E iria fazer isso, ela iria ver que podia confiar em mim, ou eu não me chamava Ivy Poison!

Pulando logo pra parte que dá [quase] tudo errado:

A aula de inglês estava muito mais demorada do que o normal, provavelmente porque eu iria fazer seja lá o que fosse logo depois. Mas quando finalmente acabou, eu segurei o braço de Harley e sussurrei só para ela ouvir:

— Me encontra no armário do zelador.

Mal ouvi sua reposta (um "tudo bem" fraco) e já me levantei e saí quase correndo em direção ao armário. Havia arrumado o material dez minutos antes da aula acabar (o que pareceu, obviamente, uma hora inteira), então só botei a mochila nas costas e saí da sala.

Eu devo ter ficado menos de 5 minutos naquele armário, mas pareceram horas. Quando Harley finalmente chegou, ela tinha uma expressão culpada e meio cansada no rosto, e também estava ofegante.

— Me desculpa, Ivy! O Coringa não saía da minha cola... Enfim, o que você queria falar?

Eu achei fofo o fato de ele não ter entendido do que se tratava, mas segurei a risada.

— Bem, eu sei que você gosta de mim, Harley.

Ela corou muito forte e não disse nada, como ss estivesse paralisada.

— E eu também gosto de você.

Isso não pareceu acalma-la nem um pouco, ela parecia prestes a ter outra crise nervosa.

— Eu não sei o que tá acontecendo, Harley, mas eu posso te ajudar, sei que posso. É o Coringa? É sua família?

— Não, Ivy... É complicado demais, você não pode.

— Por quê? O que é? Pode me falar!

— Eu...

Mas ela não disse nada, apenas desviou o olhar e foi se sentar num canto do armário.

A Harley não iria falar, ela não iria confiar em mim. Provavelmente era um problema tão grave que ela não conseguia nem dizer em voz alta.

Me aproximei e sentei ao seu lado.

— Eu não sei o que tem de errado comigo, Harley.

Ela me olhou com claro espanto e disse, quase gritando:

— O quê? Não! Não tem nada de errado com você, Ivy!

— Então por que você não me conta? Você não confia em mim?

— Confio, claro que confio, é que... É difícil dizer isso, ainda mais pra você.

— Só me responde uma coisa, Quinzel.

Ela se assustou com a menção de seu sobrenome, mas eu continuei:

— Você gosta de mim ou não?

— Gosto – ela respondeu quase imediatamente. – Gosto mesmo, não é esse o problema. Eu já ne aceitei bi, já aceitei que gosto de você.

— Ótimo, eu também. E por que não podemos ser felizes juntas? Você tem medo, é isso?

— Não, de jeito nenhum! Eu não ligo pra esses idiotas, eu...

Ela parecia estar achando as palavras certas. Depois de um tempo, Harley pareceu desistir de alguma coisa e finalmente disse:

— Eu só ligo pra você, Ivy, só pra você. A verdade é que... o seu pai me ameaçou naquele dia que eu fui na sua casa. Ele disse que se eu encostasse em você de novo, como eu fiz naquele dia, ele iria te expulsar de casa e transformar minha vida num inferno. E você não poderia contar comigo, Ivy, meus pais nunca te deixariam dormir lá em casa! Eu não poderia fazer nada!

Antes que eu pudesse notar, ela já estava chorando. Tudo o que eu consegui fazer foi abraça-la de lado e fazer ela esconder seu rosto em meu peito.

Ficamos assim por um tempo. Ela não estava mais chorando, mas ainda me abraçava com o rosto escondido em meu peito. Eu não conseguia dizer nada, só sabia que seu abraço me impediu de ficar com raiva, pelo menos naquele momento.

Depois de alguns minutos, eu finalmente disse:

— Você podia ter me contado, Harley. O que achou que eu iria fazer?

— Sinceramente? – sua voz estava abafada. – Achei que você iria surtar e ir tirar satisfação com ele.

— Bem, você não tá totalmente errada. Se eu não tivesse que te abraçar, provavelmente teria feito isso mesmo.

Ela levantou a cabeça e olhou pra mim, ainda me abraçando.

— Não faz isso, Ivy, por favor! Eu não vou aguentar te ver na rua, por favor...

— Não vou, eu prometo. Eu não iria pôr tudo a perder por causa da raiva, não agora.

Quando eu disse isso, Harley se afastou do abraço e aproximou nossos rostos. Antes que eu percebesse, ela juntou nossos lábios e nos beijamos.

Nosso beijo foi agressivo, descontamos nossa raiva nele. Estávamos deitadas no chão, ela em cima de mim, quando um desastre completo aconteceu:

— Ora, ora, ora, então é por isso que você mudou, não é, Harley Quinzel?



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