Capítulo 17

207 17 0
                                    

Harley

Tudo deu mais errado ainda quando eu saí da casa da Ivy, se é que isso podia ser possível.

O corno do pai dela me seguiu até uma rua suficientemente vazia para ele poder agarrar meu braço e dizer em meu ouvido, fazendo meus pelos da nuca arrepiarem:

— Se você encostar mais um dedo na minha filha, expulso ela de casa e transformo sua vida num inferno. Você me entendeu bem, Quinzel?

Eu não tive tempo de responder, ele saiu antes que eu pudesse me recuperar do choque.

Merda. Sabe, meus pais são bem homofóbicos, mas o pai da Ivy é um belo de um desgraçado, tirando apenas o "belo". Ai, que ódio.

Se eu não tivesse chance alguma com a Ivy antes, aquele corno homofóbico piorou tudo.

Assim, eu acho que ele não se importa se ela tiver amigos que são LGBT, o problema dele é sua filha ser lésbica. Ou seja, não podia me acalmar com a desculpa de que ele não fez nada com o Mike e Bethany. Merda, merda, MERDA!

Eu com certeza não iria falar isso pra ela, iria fazer ela perder a paciência, discutir com o pai e ser expulsa de casa. Eu nem iria declarar meu amor pra ela e iríamos ser punidas. Eu teria que ficar calada e fingir que não gostava dela, isso se ela gostasse de mim também. Se ela não gostasse, seria menos doloroso. Felizmente, ela não estava nem perto de gostar de mim.

Mas isso não me impediu de entrar em um estado de depressão. Quando eu cheguei em casa, deitei na cama de cara pra baixo e gritei no travesseiro. Tentei não chorar, mas eu não aguentava mais.

Eu não tinha paz em casa, na escola e agora nem quando estou com a Ivy! Puta merda, que vida de merda do cacete. Vai se foder, Gotham City!

Não aconteceu nada de bom antes do nosso próximo encon... momento de estudo. Se concentra, Harley, você não pode falar isso na frente dela...

Enfim, a única coisa que aconteceu antes da aula seguinte foi um belo de um encontro com o corno do Coringa enquanto eu estava voltando para casa no dia seguinte, depois de sair de uma festa aleatória daquela noite. Eu tava chapada pra caralho, e tinha bebido pra cacete. Mas não foi o suficiente para eu esquecer daquilo, ficar inconsciente ou tomar no meu cu. Menos mal, só que o que aconteceu naquele dia piorou muito as coisas.

Eu encontrei o Coringa quando já estava chegando em casa. Pra ser mais exata, eu já estava pegando minha chave quando ele chegou atrás de mim e disse:

— E aí, gatinha?

Eu saltei para frente e, já ofegante e com a mão no peito, me virei pra ele e gritei:

— Caralho, Jack!

Ele começou a rir e se aproximou. Eu não estava raciocinando muito bem, mas pude perceber que seu cabelo estava completamente verde e, em seu sorriso, havia alguns dentes de ouro bem toscos. Porra, há quantos dias eu estava sem falar com aquele filho da puta?

— Porra, Jack, o que aconteceu com você?

— O que quer dizer? – ele fingiu se ofender, mas ainda estava rindo. – Eu só dei uma... repaginada no visual.

— Bem, ficou ridículo. Mas combina com você.

— Eita, o que aconteceu com você, gata? Tem a ver com aquela hera venenosa que está estudando com você?

A ênfase na palavra "estudando" me fez ter vontade de vomitar, e eu quase aproveitei pra oportunidade vomitar na cara dele.

— Não tem nada a ver com ela, eu só percebi que você é extremamente ridículo. Eu não acredito que fiquei tão puta depois de terminar com você, mesmo que a ideia tenha sido minha.

A minha voz estava obviamente zoada por causa do efeito das drogas e álcool, mas vou fingir que estava dando uma bela pancada na cara dele em forma de palavras.

— Porra, Harley, não fode. Você era bem legal antes de foder com a Poison.

— Eu não fodi com ela! Foi o pai dela que...

— O sentido sexual, Harley.

— Ah... Bem, também não aconteceu isso. E eu sou bem legal de qualquer jeito, seu filho da puta.

Eu não tive força o suficiente pra dar um socão nele, mas pensei seriamente na possibilidade. Como eu estava num estado bem vulnerável, apenas dei o dedo do meio e corri para a minha casa.

Esqueci de falar em como eu fiquei desde que eu e Coringa paramos de nos falar, não é? Bem, não fiquei. Eu passei todos os recreios estudando biologia orgânica pra Ivy saber que eu era inteligente ou apenas mexendo no celular num lugar bem afastado de qualquer desgraçado que tentasse me provocar por eu estar sozinha. Em casa, eu só fiquei vendo Grey's Anatomy. Não foram dias tão ruins, porque a única coisa que eu pensava era que a Ivy iria se encontrar comigo na próxima aula. Só que quando entrei em casa naquele dia, a única coisa que se passava na minha cabeça era que tudo aquilo fora em vão, eu não iria ficar com a mulher da minha vida.




Sweet Bitch Onde histórias criam vida. Descubra agora