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Capítulo 31 - the shadow of loss

Mia Smoak-Queen
Instituto Salvatore
⚜

Certa vez, Mia leu em alguma revista que correr reduz a ansiedade. A neurociência explica que a corrida traz bem— estar e relaxamento porque promove a liberação de uma série de substâncias e blá blá blá. Resumindo, correr deixa alguém feliz e de bom humor. Bom, talvez Mia não faça parte da estatística. Ela está no píer encarando a movimentação da água do lago com as mãos na cintura depois de correr como faz quase todas as manhãs e não se sente nenhum pouco relaxada, muito menos de bom humor. 

A realidade é que toda a situação que a envolve está quase fugindo de seu controle. Quase. Naquela manhã ela tentou puxar assunto com Hope, mas a tri— híbrida perguntou "isso tem alguma coisa a ver com Azazel?" E quando a resposta foi negativa, ela acrescentou "Então não precisamos conversar sobre isso." e simplesmente entrou no banheiro sem dizer mais nenhuma palavra. Agora Mia sabe como a ruiva se sentia quando ela evitava conversar ou a ignorava. A garota sabe que a tri-híbrida está certa, mas de qualquer forma aquilo ainda dói.

Ela tenta se convencer de todas as formas que seu medo é válido e motivo o suficiente para todas as vezes em que fugiu daquela conversa.  Que seu medo de magoá-la — ou pior —;torna sua decisão de não conversar uma decisão sábia. Mia sabe que amar alguém e ter medo de ser ruim para essa pessoa, de machucá-la, é um sentimento comum e bastante humano. É uma preocupação que surge quando há um amor genuíno e o desejo de cuidar e proteger quem amamos. No entanto, o medo pode causar problemas emocionais e às vezes pode ser avassalador. 

Mia adora se auto avaliar — mesmo que de forma errônea — e sabe que essa inquietação e medo geralmente deriva da sua vulnerabilidade e imperfeição. Amar alguém e ter medo de machucar esse alguém é reflexo do cuidado e da importância que essa pessoa tem em nossas vidas. A garota sabe que é suscetível ao erro e que em algum momento vai magoar Hope de forma irreversível. E não será um simples erro, geralmente algo catastrófico acontece quando ela não foge. E esse espaço deveria de alguma forma aplacar um pouco desse medo, talvez até auxiliar em seu crescimento emocional e ajudá-la a reconhecer suas fraquezas e se esforçar para melhorar. Mas isso só a deixa mais estressada, com mais vontade de colocar um ponto final em tudo.

Sua cabeça é um turbilhão, é como se trilhões de máquinas e equipamentos operassem em sua mente sem parar. Em um momento tudo que ela deseja é que Hope a chame para conversar e acabe com todo aquele espaço estabelecido e em outro ela deseja que a tri-híbrida não se aproxime novamente e assim seu plano continuaria sem ela. Não era exatamente isso que Mia queria desde o início? Ela não sabe responder a isso nem os outros trilhões de questionamentos que a cercam.

Mia inspirou fundo e depois respirou soltando todo o ar, ela encarou a imensidão do céu azul. É incrível como aquele lugar está muito mais lindo do que anos atrás e como a água se move tranquilamente, tão leve e sem problemas. As árvores ao redor do colégio a fazem se sentir em colégio fazenda do tipo que seu tio Dean já comentou. Suas tentativas frustradas de não pensar em tudo estão esgotando-a. Azazel está por aí à solta, Castiel falou algo sobre suas habilidades que estão incomodando e ainda tem o lance com Hope… é cansativo. 

— Ei! —A voz de Zoe surgiu logo atrás da garota e em segundos ela estava parada ao lado de Mia. — Você está bem?

— Resolveu correr hoje? — Mia perguntou, sua melhor amiga deu de ombros confirmando com a cabeça. — Eu estou bem.

— Tem certeza? — questionou, arqueando a sobrancelha na medida em que analisava sua amiga.

— Não. — Mia se surpreendeu com sua sinceridade, ela olhou para Zoe e sentou-se na ponta do píer com os pés balançando sem tocar na água. Sua melhor amiga fez o mesmo. — Hope e eu não estamos nada bem, desde que voltei que estamos… estranhas.