37 - 1940

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“E você vem a mim numa brisa de verão
Me mantém aquecido com o seu amor, depois suavemente parte
E é para mim que você precisa mostrar”

HOW DEEP IS YOUR LOVE
Bee Gees.

1940

Mia e Hope emergiram de um armário empoeirado, encontrando-se em um quarto repleto de móveis antigos, coberto por uma fina camada de poeira que flutuava no ar. O cheiro característico de mofo misturado com o tempo que se acumulou pairava no ambiente, tornando evidente que estavam longe da limpeza esperada.

— Pensei que parariamos em um lugar mais limpo. — Reclamou Hope, sacudindo a poeira de suas roupas após sair do armário de roupas.

Mia, na ponta dos pés, dirigiu-se até uma pequena janela que dava vista para a rua. Lá fora, o cenário transportava-as para os anos 1940, com pessoas vestindo roupas elegantes e charmosas, resplandecendo em tons sóbrios e clássicos.

— Precisamos trocar de roupas. — Mia sugeriu, avistando mulheres com trajes da época, cujos tecidos e estilos capturaram sua atenção. — Ainda bem que trouxe dinheiro; nessa época, tudo é mais barato. Eu adorei aquele estilo ali.

Mia apontou para a roupa de uma mulher próxima, detalhando a peça de época que a encantou.

— Sério que você está preocupada com isso? — Hope indagou. — Estamos em 1940, prestes a encontrar seu tataravô, sobre o qual nem sabemos como é. Precisamos de um plano.

— Já temos um plano. — Respondeu Mia, simplificando a situação.

— Você vai aparecer e dizer, "Oi, vovô. Eu sou a Mia, sua tataraneta que veio de 2026. Pode me emprestar o Colt que você provavelmente protege com sua vida para que eu mate um príncipe do inferno? Obrigada."?

Mia ponderou a proposta, fazendo uma careta diante da realidade.

— Você está certa, precisamos de um plano.

— Obrigada. — Hope disse. — Mas você está certa, precisamos nos trocar.

Mia e Hope, deslizando entre os cabides repletos de vestidos florais e saias esvoaçantes, penetraram em uma loja de roupas que parecia ter sido congelada no tempo. O aroma suave de tecidos antigos e madeira envelhecida impregnava o local, enquanto manequins elegantemente vestidos evocavam a moda requintada dos anos 1940. A luz filtrada pelas cortinas desgastadas dava um tom suave ao ambiente, destacando a nostalgia que permeava cada detalhe.

Em meio aos sussurros distantes e o tilintar das araras de roupas, Mia e Hope, cuidadosamente escondidas, observaram o cenário que parecia ter emergido de um filme clássico em preto e branco enquanto pensavam melhor em que roupas escolheriam para usar.

Mia esbarrou em algo e descobriu um objeto coberto por um lençol empoeirado. Curiosa — como sempre — aproximou-se para ver do que se tratava.

— Tem certeza que o feitiço estava certo? — Hope perguntou seguindo-a. — Talvez tenhamos deixado passar alguma coisa ou o seu tataravô é um expert em moda feminina dos anos 40.

Mia puxou o lençol e revelou com cuidado um quadro pintado à mão. A cena retratava um casal de gêmeos, um menino e uma menina, ao lado de uma jovem mulher e um casal que as garotas não prestaram muita atenção. O menino, com seus cabelos pretos e encaracolados, exibia um sorriso travesso com olhos azuis, enquanto a menina, adornada com um laço nos cabelos escuros, irradiava uma alegria inocente e a roupa que usava parecia estar completamente fora dos padrões. Havia também uma menina que parecia ter 14 anos,  de cabelos escuros e olhos azuis com traços delicados. Os olhos de Mia passearam pelo quadro até fixar totalmente no casal retratado no quadro.

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