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Capitulo 45 - grief and teamwork

Mia estacionou o carro em frente a um imponente edifício que se erguia majestosamente diante delas, banhado pela luz do sol da tarde. Era uma espécie de shopping, mas sua arquitetura moderna e futurista o distinguia de qualquer centro comercial comum. As linhas elegantes e os contornos fluidos conferiam-lhe uma aura de sofisticação e tecnologia avançada, como se tivesse sido transportado de um futuro distante para o presente.

As crianças, acostumadas com aquele ambiente, exibiam uma mistura de excitação e familiaridade. Heaven, particularmente, transbordava de animação, seus olhos brilhavam com a promessa de aventura e diversão. Mal o carro parou, ela abriu a porta e saiu correndo em direção ao prédio, radiante e cheia de energia.

Arrow, seguindo o exemplo da irmã mais velha, ajudou Sky a sair da cadeirinha, cuidadoso para garantir que a pequena estivesse segura. A câmera pendurada no pescoço de Sky testemunhava sua curiosidade inata, pronta para capturar cada momento de sua jornada.

Enquanto as crianças se preparavam para explorar, o silêncio tomou conta do interior do carro. Mia, com o olhar perdido no reflexo dos filhos no retrovisor interno, parecia absorta em pensamentos profundos. A tri-híbrida notou a expressão pensativa da namorada e sentiu a necessidade de quebrar o silêncio, consciente do peso da responsabilidade que repousava sobre os ombros de Mia.

Hope observou Arrow se dirigir para fora do carro, instruindo-o a pedir para Heaven aguardá-los por alguns minutos. O menino assentiu com prontidão, saindo do veículo para cumprir a tarefa.

Enquanto isso, Mia desviou seu olhar para Tommy, que agora dormia tranquilamente em seu assento. Um misto de preocupação e carinho inundou seu olhar enquanto ela voltava sua atenção para Hope.

— Eu sei que tudo isso é difícil. Eu nem consigo expressar o quanto, mas eu estou aqui. — Hope murmurou suavemente, sua voz transmitindo conforto e solidariedade. — Você pode falar comigo, tudo bem?

O convite sincero de Hope reverberou no silêncio, oferecendo um refúgio seguro para Mia expressar suas preocupações e medos. Em meio ao caos que os cercava, a presença reconfortante de sua namorada era um raio de esperança e estabilidade.

— Eu passei quase três meses inteiros trancada no porão depois que ela se foi. — sua voz tremulou, cada palavra carregada de angústia e mágoa. — Eu não saía nem para comer, não voltei para a escola e nem via a minha família. Eu escutava as vozes na porta, eu escutei minha mãe ficar exausta dia após dia e ainda continuar esperando que eu saísse de lá.

Mia soltou um desabafo repentino, seu tom carregado de emoção enquanto as lágrimas começavam a turvar sua visão. Seus olhos brilhavam com a dor de lembrar daqueles meses sombrios. O peso das palavras de Mia pairava no ar, revelando a profundidade de seu sofrimento e as marcas indeléveis que aquela experiência deixou em sua alma.

Flashback

A semana após a morte de Bella parecia um borrão para Mia, como se o tempo tivesse perdido todo o seu significado. Ela se encontrava presa em um vazio temporal, onde os dias se esticavam em uma agonia interminável. Naqueles sete dias desde a partida de sua namorada, Mia não sentia a passagem do tempo. Cada hora se arrastava como se fosse uma eternidade, cada segundo uma tortura silenciosa.

O porão tornara-se seu refúgio e sua prisão, um santuário de lembranças compartilhadas e promessas quebradas. Mia passava os dias ali, envolta na penumbra, rodeada pelas lembranças de Bella que preenchiam cada canto do espaço. As paredes testemunhavam seus soluços sufocados e seus momentos de desespero, enquanto ela tentava encontrar algum vestígio de paz naquela escuridão.

Recordar o dia do velório era uma ferida aberta em sua alma. Mia não sabia de onde havia tirado a força para enfrentar aquele momento. A cena da cerimônia, com o caixão de Bella sendo lentamente tragado pela terra, assombrava seus pensamentos como um espectro implacável. A dor da despedida era uma faca cravada em seu coração, uma ferida que parecia nunca cicatrizar.