Capítulo 46

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LARI

Ali foi como se meu coração tivesse parado de vez, fui andando devagar e abaixei na frente dela. Minha mãe nem me olhou, continuava olhando pro chão e dizendo coisas que eu nem estava entendendo mais. Então eu pedi pra Luana pedir alguma coisa pra comer, já que não tinha nada na casa.

- mãe... - chamei ela esticando a mão e ela me olhou - vem!

- não... eu... não posso - ela cochichou

- vem comigo - falei segurando a mão dela e tirando ela debaixo da mesa

Coloquei ela sentada no sofá e fui até o quarto, procurei na pilha de roupas dela algumas roupas limpas. Assim que fomos pro banheiro dei banho nela, parecia que ela não tava banho a alguns dias e mesmo na água quente ela tremia e dizia coisas que eu não entendia.

Sequei ela com a toalha e coloquei as roupas limpas, em seguida penteei os cabelos dela antes de secar com a toalha. A Luana por sua vez tinha colocado algumas roupas dela pra lavar e assim que a comida chegou a mesma desceu lá em baixo pra buscar.

Eram só arroz, feijão, panqueca e salada! Fiz com que ela comesse tudo mas quando eu olhava pra minha mãe não reconhecia ela, talvez essa tivesse enlouquecido sozinha nessa apartamento e eu não percebi. Não tinha mais nada aqui, só as camas, o sofá e as panelas. Ela tinha vendido tudo, geladeira, às tv, armários, quadros, vasos e todas as outras coisas.

- Lari - a Lua diz me tirando do transe - eu coloquei as roupas no varal, pra ela ter roupas limpas

- obrigada - falei

- o que a gente vai fazer?

- não sei, talvez levar ela num psicólogo - falei

- acho que talvez precisaremos ela num nível mais acima

- psiquiatra?

- não sei Lari, talvez seja uma síndrome do pânico ou uma coisa pior

- esquizofrenia? - perguntei

- talvez mas ela não tá bem - ela diz e eu concordo - você quer levar la pra casa?

- é pode ser - falei

Procuramos algumas sacolas e colocamos algumas coisas dela. Não tinha tanta coisa né. Vi uma pilha de papeis e cartas jogada num canto, todas as contas estava atrasadas. Eu iria ter que conversar com o síndico pra resolver tudo isso que por sinal custaria uma nota.

Quando nós duas tentamos tirar ela de casa foi uma luta, ela simplesmente surtou quando saiu de casa e eu não sabia o que fazer. Tivemos que usar a força pra por ela no elevador,  fiquei com medo dela tentar machucar nós duas principalmente a Luana que tava grávida. Pedi pro Walter deixar aquela chave comigo e pedi um Uber.

Eu tava devastada, a minha mãe quando chegou em casa foi direto pra de baixo da mesa da cozinha. Eu tinha marcado uns exames pra ela pelo meu convênio a tarde e à noite então eu liguei pro meu pai, desesperada e sem saber o que fazer  com aquela situação.

- Larissa, oi filha - ele diz e só de ouvi a voz do meu pai começo a chorar

- pai.. - falei chorando - preciso de ajuda

- o que foi meu amor? Tá tudo bem com a sua mãe?

- não, ela não tá nada bem e eu não sei o que fazer

- o que ela tem?

- eu vou levar ela pra fazer uns exames amanhã mas ela tá muito, muito ruim!

- você precisa de alguma coisa filha?

- vem pra cá - chorei

- filha, eu não posso deixar tudo assim

- por favor pai - falei - eu preciso de você!

- tá, eu vou tentar dar um jeito Larissa - ele diz - qualquer coisa me liga

- eu te amo pai

- também te amo!

O resto da noite foi um inferno, o Matheus tava com medo da minha mãe e ela não saiu de baixo da mesa. Não descansou direito e eu também não já que ela não saiu de baixo da mesa a noite inteira.

Parece uma coisa, o alemão veio ontem cedinho buscar o Henrique aqui pra ficar uns dias a mais com ele e logo à tarde isso acontece . No outro dia eu tava caindo de sono mas fui no hospital, a lua me acompanhou e se não fosse o hospital ter usado a "força bruta" Não conseguiríamos ter feitos os exames.

Pedi pro alemão ficar mais uns dias com o Henrique porque não conseguir cuidar de pessoas, minha mãe, meu filho e a Luana que ultimamente só passava mal. Os enjoo da gravidez vindo a tona agora.

O fim de semana foi horrível e eu tava vivendo um inferno, eu olhava pra minha mãe e sentia que tinha perdido. Fisicamente ainda era ela mas mentalmente não tinha sobrado nada, eu via isso. Nem meu nome ela conseguia dizer! E na segunda feira quando meu pai chegou, eu simplesmente desmoronei.

Chorei muito, muito mesmo! E podia ver a tristeza do meu pai ao ver minha mãe tão perdida, afinal eles ficaram juntos por mais de 16 anos e agora ficaram só os destroços.

- não chora, querida! Nós vamos cuidar dela e ela vai ficar bem - meu pai diz

A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora