A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO

Capítulo 65

ALEMÃO

- Eai - ela diz entrando em casa

- oi, como tu ta? - ela pergunta

- não sei te dizer, minha mãe deixou uma carta pra mim - falei - eu não sei o que fazer

- tu já leu a carta? - ela pergunta e eu faço que sim - Eai...

- Eai que eu não sei, tô perdido

- por que tu me chamou? Eu sou a pior pessoa pra te dar apoio nesse momento alemão

- não, eu tô cansado de ouvir a mesma coisa de todo mundo e sei lá imaginei que tu não fosse encher a minha cabeça de lorota

- para vai.. não é lorota, é só que as pessoas não sabem o que dizer pra te consolar e é normal - ela diz - tem gente que nunca perdeu alguém importante

- eu nunca pensei que ia me sentir desse jeito, papo reto - falei - é como se tudo que eu vivi deixasse de fazer sentido sem minha veia

- tu vai sentir um vazio por um tempo mas depois vai achar alguma coisa pra preencher, só não pode ser droga

- eee porra - falei e nós da risada - tá difícil

- eu sei mas tu vai melhorar, foca na sua família

- estranho pensar que eu ganhei um filho e perdi minha mãe

- para de pensar desse jeito, pensa em como tua mãe ficou feliz que ia ser avó - ela diz - se tinha um desejo que ela tinha na vida, era que tu tivesse um filho e tu deu um pra ela m

- é, ela ficou feliz pra porra - falei - pena que ela não viu o aniversário dele, nesse pique eu nem tô querendo comemorar

- eu sei que é difícil mas é seu filho, e ele tá indo embora então mesmo que não seja hora de comemorar faça memórias do seu filho porque quando tu tiver aqui sozinho isso vai te alegrar de algum jeito

- eu sei, por mais que o aniversário dele esteja perto ainda tenho um tempinho com ele

- tu sabe disso que a lari já tem data pra ir pra Sampa né alemão

- data? Ela ainda tem uns bagulho do apartamento pra resolver

- não alemãozinho, ela já vendeu o apartamento dela e o pai vendeu o carro e deu entrada numa casa pra ela

- QUE? -

- tu não sabia?

- não

- tá na hora de acordar né alemãozinho, cuidar do teu irmão e se erguer

- eu tô ligado, mas e tu? - pergunto e ela me olha - vai fazer um ano que ele morreu

- eu me acostumei com a falta dele - a Dani diz - mas não quer dizer que não dói em mim, ele não merecia só que eu não controlo isso

- eu sei, as vezes eu penso nisso também - falei - foi mal ter te deixado na mão quando tudo aconteceu, eu fiquei meio pá com todo mundo

- tu não precisa me explicar alemão, muita coisa aconteceu e ele queria matar seu filho

- foi mal

- relaxa alemão, eu passei por muita coisa mas passou e se de alguma forma tu queria um perdão... tu não precisa

- tu é da família Dani e o que tu precisar eu tô aqui

- eu sei, e tu também não precisa passar por nada sozinho não - ela diz - to aqui com você

Ela faz mais um dez la em casa e nois fica conversando, assim que ela vai embora fico pensando. Chamei a Dani porque a única pessoa que não ia encher a minha cabeça com as mesmas frases seria ela mas era mancada porque quando ela precisou de mim eu não tava lá. Talvez porque de princípio eu não sentia remorso de ter matado o Yuri.

Resolvi dar uma volta pelo morro e passando em frente a um dos bares vejo meu pai bebendo cerveja. Então decidi descer e ir falar com ele, assim que sento na mesa nenhum de nós diz nada ele apenas me serve um copo de cerveja.

- ela tinha muito orgulho de você, mesmo no caminho errado era como se ainda fosse uma criança. Você vai ser um bom pai Felipe, bem melhor do que eu fui pra você - ele diz - e a gente vai superar isso juntos, eu, você e seu irmão..

- eu sei pai..

Ficamos um bom tempo no bar e depois de deixar meu pai em casa resolvi dirigir por aí, mas o meu caminho já tinha um endereço. Então assim que eu parei na porta dela comecei a buzinar, e vi minha novinha sair emburrada reclamando do barulho.

Desci do carro batendo a porta com força e parei encostando no capô, ela ficou lá falando um monte de coisas mas tudo que eu conseguir fazer foi segurar o rosto dela e meter um beijão que nem ela entendeu.

- você bebeu né Felipe..

- tu não pode ir embora, não pode me abandonar também