Capítulo 74

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LARI

Eu fiquei encarando aquela casa e tentando entender como que meu pai, que odiava o alemão, deixou ele pagar a nossa casa. Era esquisito e sei lá, olhar aquela casa e saber que quem pagou foi ele parecia muito injusto. Até porque ele não ia morar lá! Era como se eu estivesse devendo ele.

- como você deixou isso acontecer? - perguntei surpresa

- ele veio atrás de mim e insistiu pra que eu deixasse ele pagar a outra parte - meu pai diz e eu suspiro

- o que me deixa mais supresa é que você odiava o alemão e deixou ele fazer parte disso - falei sem entender - o que aconteceu

- ele implorou pra eu tentar te convencer a ficar no Rio mas eu te conheço filha, aí ele só quis garantir que o filho dele fosse ficar bem - meu pai diz

- a maior parte do dinheiro é dele né - falei e meu pai confirma

- você julgou tanto o dinheiro sujo dele

- e ainda julgo filha, o que é errado é errado e ponto mas.. - meu pai diz e para - eu fiquei um pouco apertado e pedi a ajuda dele no fim das contas

- tá bom... eu vou agradecer ele depois - falei suspirando

- você gostou? - ele pergunta se referindo a casa e eu dou um sorriso

- ela é linda pai - falei indo abraçar ele - obrigada por tudo, você é o melhor do mundo

- você é a melhor coisa que me aconteceu filha, é uma honra ser seu pai - ele diz e eu me emociono - me perdoa pelas coisas que eu te disse quando eu descobri a verdade, fiquei tão chateado e com medo que me esqueci de como você é forte

- eu que agradeço por tudo - falei e ouvi alguém tocar a campainha - a Marta chegou, vai lá abrir se não a gente vai chorar aqui mesmo

Meu pai foi até o portão abrir e eu fui andando pela casa, até chegar na cozinha. As crianças correram lá pra cima mas eu fui direto no paraíso, a minha cozinha era incrível. Eu nem sabia cozinhar tanto assim pra ter uma cozinha daquelas, tinha tudo que pudesse imaginar. Tinha até uma máquina de café expresso e eu nem gosto de café, mas eu sabia que isso era obra de um cozinheiro melhor que eu. Alguém que deu dinheiro pra que meu pai pudesse me dar tudo que eu sempre sonhei.

- você gostou? - ouvi a voz da Marta - já falei que eu quero fazer uma torta nessa cozinha

- fica a vontade ta, porque eu já tô morrendo de dó de sujar ela - falei rindo

- quem escolheu tem bom gosto hein - ela diz rindo

- é, pelo menos isso - falei - agora me mostrem meu quarto

Subimos a escada e dou de de cara com um corredor, eram 2 quartos, 1 suíte mas apenas 1 banheiro pelo que me mostraram e um banheiro lindo. Tinha uma pia grande, um chuveiro amplo e quadrado da lorenzetti e o vaso combinando. Fora o espelho que era enorme, eu tava encantada com a minha casa e só pensava que eu não ia mais querer de sair .

Assim que eu entro no meu suspeito quarto tá o Lucas, a Emilly e o Matheus brincando em cima da minha cama. A mesma estava toda desforrada já e os travesseiro no chão. Fora só minutos e conseguiram destruir meu quarto, a cama era enorme e bem alta e só de olhar me deu vontade de tirar um cochilo.

Tinha uma penteadeira grande e um guarda roupa com portas de correr. Também tinha uma janela que dava acesso a vista do bairro, parecia bem tranquilo e pelo que meu pai disse, nao era longe da casa dele.

Eu passei a tarde toda conversando com meu pai e agradecendo ele, mas ele precisava descansar tadinho e ir embora. Assim que eles foram, observei cada detalhe daquela casa e parecia muito que tinha sido escolhida pelo alemão, eram coisas minimalistas que ele teria escolhido então criei coragem pra mandar um áudio pra ele. Porém, não sabia o que dizer tive que apagar várias e várias vezes até achar um que eu não me sentisse estranha:

— oi alemão, seu filho e eu chegamos bem aqui em São Paulo. Tô te avisando né porque sei que você fica preocupado.. com seu filho! Meu pai me contou da ajuda que você deu pra ele reformando a casa e eu queria agradecer pela ajuda, é muito bom que você queira fazer parte de tudo isso mesmo que de longe. Espero que você esteja bem aí também

Depois de dar um beijo nos meninos, eu fui deitar muito relutante. Era acolhedor e diferente ao mesmo tempo, estar ali era bom e ruim mas era a minha casa por mais que não fosse com o meu dinheiro. Era minha! E eu tava muito feliz, e com esse sentimento de felicidade eu apaguei.

No outro eu acordei cedo e fui ver se tinha alguma coisa nos armários e não tinha muito não, apenas cereal e algumas bolachas. Também tinha comida pra fazer, na verdade só o necessário. Mas então eu ouvi uma buzina, ela se repetia e eu fui até o portão. Era um homem numa motinha vendendo pão então eu abri o portão e fui comprar.

Eu não sabia como chamar ele aqui em São Paulo, mas na casa ao lado da linha tinha um homem apenas de bermuda, ombros largos e bem alto. Eu fui andando até lá assim que os dois percebem minha presença, o homem alto olha pra mim e sorri.

- bom dia vizinha - ele diz oferecendo um aperto de mão

A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora