ALEMÃO
Até que foi daora passar um fim de semana em São Paulo, a casa que a Larissa tinha arrumado era um sobrado maneiro. Eu troquei uma ideia com o pai dela sobre algumas coisas e ele soltou logo a real, se eu não escolhesse ficar com ela também não ia deixar ela presa a mim. Principalmente agora que não tem mais morro, e não posso proteger ela.
Nois também falou sobre vender o carro, eu não podia deixar meu pai no morro então tava pensando em uma casa pra ele ou um apartamento. Qualquer baguio que deixasse ele mais perto, só pra não ficar correndo risco. Também me ofereceu uma vaga de emprego, em uma concessionária. Disse que um amigo tava precisando.
Um baguio que me deixou pensativo foi sobre os vizinhos dela, aquele casal tem algum problema. Quando eu acordei a Larissa não tava na cama então procurei pela casa e não vi ela, resolvi ir lá fora mas como eu não tinha a chave abri com o controle do portão e bem na hora que eu saí os dois estavam na calçada.
O cara logo veio me fazendo várias perguntas sobre o carro e sobre mim, se eu era alguma coisa da Larissa e eu já fiquei logo cismado com esse povo. E a tonta da mulher dele só olhando e perguntando também, fiquei logo estressado.
De tardezinha eu tive que ir embora já que o menor tinha aula, fui dirigindo pensando se realmente era aquilo que eu deveria fazer. Largar tudo e começar do zero, eu sei que isso é o que todo mundo quer que eu faça mas não é tão fácil assim e nem eu sei se é isso que eu quero mermo. Virar vendedor de carro, apesar de dar um bom dinheiro ter que falar com as pessoa com educação, ouvir cliente chato e aguentar merda dos patrão. Não se é isso que eu quero não.
Assim que eu cheguei no morro já era quase meia noite, meu irmão tava dormindo no banco de trás, vi uma movimentação estranha e logo na entrada barraram meu carro. Já fiquei pistola e saí do carro cheio de ódio, mas então dois vapores.
- qual foi caralho? - perguntei bolado
- fica frio aí floco de neve - um deles diz e pega o rádio - o branquelo chegou chefe
- tu tá ligado quem eu sou porra?
- sei, e o JP quer falar com tu então abaixa a crista aí demoro - ele diz
- qual foi JP? que porra é essa aqui? - perguntei assim que ele chegou
- relaxa aí Felipinho, e me acompanha - JP diz e sobe na moto
Entro no carro busco e sai rasgando o pneu de raiva, quase passei por cima daqueles vapor filho da puta. Neguin chegou agora na favela e quer se cria pra cima de mim, se liga né porra. Segui ele até uma casa abandonada que tinha pelo morro, era um endereço meio complicado mas assim que entrei vi a turminha do JP reunida. E o VN assim que me vê da uma puxada no beck e abre um sorriso.
- demorou hein alemão, a Lari tá bem ? - ele pergunta rindo e os cara dão risada
- fala rápido, Rafael tá dormindo no carro - falei virando pro JP bolado
- o loirinho tá cheio de ódio - LK falou - senta aí alemão, melhor ouvir isso sentado
- foi mal os vapor te abordar assim mas namoral, não dava pra esperar! Preciso de tu numa missão
- que missão? - perguntei sentando e acendendo um baseado também ja que só pela cara dos mano ali não era brincadeira
- tem um carga chegando do Paraguai, coisa grande! Ela vai passar pela fiscalização suave mas preciso ter certeza que isso vai chegar aqui no morro. Nessa rota vamos ter que passar na encolha pela federal e eu já bolei esse plano mas eu preciso dos cara bons comigo, preciso dos homens de confiança e não dá pra colocar qualquer vapor! Não dessa vez! - o JP diz - só que eu tô ligado que isso é arriscado pra caralho e todo mundo aqui tem família, principalmente tu que acabou de ser pai!
- E isso serve é pra geral aqui, eu não vou pedir pra nenhum de vocês ir nessa até porque isso não é favor que se peça mas vocês são meus parceiros e eu não posso confiar em mais ninguém lá fora. Vocês tem até amanhã a tarde pra dar um retorno - o JP continua - independente da resposta, nois tá sempre junto e eu considero todo mundo dessa sala. Dispensados!
Ninguém falou nada, só saímos e assim que entrei no carro só queria tomar um banho, fumar uma baseado e dormir. Caralho, que dia! Acordei o Rafa e subi pro quarto, assim que chego vou direto pra cama. Só apago.
No outro dia de manhã o Rafa já tinha ido pra escola e assim que eu desci meu pai tava assistindo tv na sala.- dormiu bem? Tá com uma cara péssima - meu pai diz quando
- dormi tão bem quanto uma pedra - falei
- come alguma coisa, eu fiz café - ele diz - a Larissa tá bem? Como tá o meu neto?
- tá bem - falei - qualquer dia desses eu te levo pra ver ele
- seria bom se a gente morasse perto!
Tomei meu café e já subi pra tomar um banho gelado, tava precisando espairecer. Fiz o meu plantão na boca e fiquei pensando na missão do JP, era loucura passar pela federal com uma carga de droga. Fiquei pensando nisso, se acontecesse alguma coisa comigo como ficaria meu pai e meu irmão? Como ficaria meu filho? E como ficaria a Larissa?
Mas eu sei que nunca teria chance de sair daqui se não fosse junto.
Uma última missão. Assim que meu plantão acabou fui atrás do JP , na casa dele não tava, na boca não tava mas só achei ele no escritório e assim que me deixaram passar. O mesmo tava encarando uma espécie de mapa.- Eai alemão, tá tranquilo? - ele pergunta
- eu tô mas e tu? Tá tranquilo?
- tô quebrando a cabeça - ele diz
- eu tô dentro - falei e ele me encara
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A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO
Ficção AdolescentePassada toda aquela loucura com Yuri e depois de ver alemão seguindo a sua vida, Larissa tenta ao máximo que pode focar em si mesma e nos seus filhos. Entre todas as pessoas que ela conhece, uma disperta sua curiosidade comprometendo as alianças no...