Capítulo 4

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LARI

Andando pelas ruas da Dubai vejo que muita coisa ali mudou, o morro parecia melhor. O Gui assumiu e pelo jeito tava dando conta, o alemão tinha me dito que o mesmo não gostava e que tava ficando doído  mas não tinha outro jeito, alemão não ia voltar pra cá e não tinha ninguém que conhecia o morro melhor que eles.

A Lua me disse que ela tava morando com a mãe e me deu o endereço, assim que eu toquei a campainha vi as crianças correndo e indo chamar a Dani. Lindos, todos eles eram lindos. A pele preta reluzindo e o cabelo bem cacheado. Logo a mãe dela me pediu pra entrar.

A senhora me olhou bem, ela me conhecia, usava um vestido longo azul escuro de alças e tinha longas tranças. Assim que ela chama a Dani, eu fico besta. Ela tava tão magra, sem vida e pálida.

- Lari? Oi... eu não sabia que tu vinha - a Dani diz

- é eu não tive muito tempo de vir antes - falei

- e o bebê? Como tá? Ouvi dizer que ele é um mini alemão

- infelizmente é - falei rindo - a gente pode ir tomar alguma coisa?

- pode ser, eu vou só trocar de roupa

- tá bom, eu espero - falei

Eu fico esperando ela trocar de roupa e assim que ela volta a gente anda pelo morro, e acabamos parando na hamburgueria e eu fico meio sentida ao entrar ali e ver a Rebeca. A menina com quem o alemão me traiu, ela ainda trabalhava lá.

- se quiser a gente pode ir pra outro lugar - a Dani diz

- não, tá de boa - falei

- certeza?

- sim, e você? Como você tá?

- tô indo...

- Dani eu não aguento te ver assim, não posso nem imaginar o que você tá sentindo amiga

- dói tanto lari - ela diz - é como se eu visse ele em todo canto

- por que você não vem pro morro do JP amiga, eu entendo que a sua família tá aqui mas você não vai ficar bem olhando tudo isso e lembrando dele - falei - não vai conseguir superar

- não posso sair daqui, não consigo

- claro que consegue Dani, eu te ajudo - falei

- tu não precisa fazer isso lari, não é culpa tua o que aconteceu

- não me sinto culpada, tô fazendo isso porque sou sua amiga e nem de longe conseguiria imaginar a sua dor - falei - não quero que passa por isso sozinha aqui no morro

- eu não desejaria isso nem pro meu pior inimigo

- vem comigo pro morro Dani, lá você tem as meninas, o alemão e..

- por falar em alemão - ela diz me interrompendo - a última vez que ele veio aqui, me disse que tava namorando... é sério?

- ele usou a palavra namoro?

- sim

- então deve ser sério mesmo - falei - é complicado Dani

- pensei que depois de tudo aquilo, vocês iam ficar juntos

- eu também mas acho que nosso tempo já foi - falei - deixa ele ser feliz

- tá doendo aí também né

- é - falei - mas a gente aprende a superar

- não da pra simplesmente me mudar pro morro do JP, até achar uma casa e também não sei..

- se o alemão falar com o JP é bem rápido de achar, você só precisa querer mudar Dani

Comemos um lanche e logo depois levei ela pra casa. Aproveitei pra ver a Luana que obviamente estava no morro, ela e o Gui pareciam estar bem mais de boa agora. Agora que ele assumiu o morro, mesmo não querendo, tava mudado. Eu espero.

Eu tinha ligado pro alemão pra perguntar se estava tudo bem com nosso filho já que nunca deixei ele sozinho com o pai. Mas como ele disse que estava tudo sob controle resolvi não ter pressa e ficar mais um tempo ali com a Luana. Quando eu voltei pro morro já estava escuro.

E cansada do jeito que eu estava subi aquilo numa moleza que só, e achei engraçado ver a cara que o cobra fazia pra mim vendo eu passar pela boca aparentemente cansada. Ele jogou o baseado fora e veio andando até mim.

- voltou da são Silvestre gata? - ele diz debochando

- nem a são Silvestre ganha dessa subida desgraçada - falei

- aproveitou o dia?

- tá me espionando? - perguntei e ele ri

- eu vi o alemão com o bebê então deduzi que tu tava se divertindo longe daqui

- eu não tava me divertindo - falei

- errei feio né - ele diz - mas eu teria acertado se tivesse teu número

A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora