Capítulo 40

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LARI

Eu fiz o que podia pra tentar tirar as paranóias da cabeça do cobra, entendia o lado dele e sendo uma pessoa empática do jeito que eu sou também ficaria com ciúmes se fosse ao contrário então resolvi diminuir as idas a casa do alemão. Uma duas vezes na semana tava bom! Mas a verdade é que a mãe dele provavelmente começaria a ir pro hospital fazer a químio e precisaria de ajuda. Talvez eu não conseguisse cumprir o que eu disse pro cobra mas não sabia se ele reagiria bem a isso.

Os dias iam passando e eu tava voltando a rotina de sempre, acordava cedo, colocava o Matheus pra ir à escola, trabalhava em home office e era uma bagunça porque que tinha que cuidar do Henrique, arrumar a casa e trabalhar ao mesmo tempo. A tarde, ajudava o Matheus com a lição e quando a Lua vinha pra cá ficávamos fofocando muito.

E por falar em Lua, observo a porta do banheiro trancada enquanto como alguns bombons Raffaelo que o cobra me deu um dias desses. Eu tinha comprado um fardo de coca cola, dois pacotes grandes de Doritos apimentados, alguns chocolates e um lança conffeti pra estourar dependendo da notícia que eu iria receber.

Alguns minutos depois eu fico impaciente e abro um Doritos e uma latinha de coca, então minha prima sai do banheiro e vem até a sala com o teste na mão. Eu olho curiosa mas a cara da Lua não era nada boa, o que me fazia ter certeza que ela tava grávida assim que ela vira o teste e me mostra aqueles dois risquinhos então pulo do sofá e estouro o lança confetti.

- você tá de sacanagem comigo né - a Lua diz vendo que a sala tá cheia de confetti

- você fala como se não tivesse comemorado quando eu fiquei grávida - falei dando de ombros

- eu não explodi um monte de confetti pela casa!

- deu sorte que não soltei fogos - falei abraçando ela - você tá grávida! Parabéns!

- eu quero morrer e o Guilherme vai né matar - ela diz abrindo uma coca cola também

- vai nada - falei animada - Eai, você quer uma menina ou um menino?

- queria que fosse mentira!

- oh meu Deus! Mas tudo bem, a negação é normal daqui a uns meses vai tá radiante - falei abrindo um pote de nutella e jogando m&m's dentro - agora se consola aí

- é tudo que eu precisava - ela diz pegando uma colher e comendo

Fico ali a tarde toda consolando a Lua e encorajando ela a contar a verdade pro Gui mas pelo visto não quer de jeito nenhum. Agora que ele era dono do morro as coisas eram diferentes, não com ela (pelo que me disse) mas com outras coisas. Mesmo assim encorajei ela a contar pra ele, não que na minha vez eu tivesse me negado a falar a verdade.

No outro dia eu fui até o morro ver a dona Andréia, ela tinha feito a primeira químio dela e eu queria saber como a mesma estava. Subindo o morro eu sentia aquele calor abafado, era o comecinho de março e o verão tava acabando então eu estava rezando pra não chover já que eu tava com duas crianças e sem guarda chuva nenhum.

Quando cheguei lá o Matheus foi logo indo brincar o Rafael e me deixou lá sozinha, quando subo pro quarto vejo que o alemão junto com o pai dele ambos quietos e meu coração fica despedaçado quando vejo a dona Andréia sentada na cama tomando sopa. Parecia muito ruim, muito ruim mesmo!

A pele tava pálida e podia ver a cor das veias no pescoço e nas mãos. Quando me vê ela abre um sorriso e eu entrego o Henrique pro alemão e vou até a cama.

- Larissa.. oi.. - ela diz fraca

- oi.. como a senhora tá se sentindo? - perguntei

- cansada - ela diz - muito cansada!

- vai melhorar, tenho certeza - falei - vai ficar tudo bem!

- se tem uma coisa que eu tô cansada de ouvir e que vai ficar tudo bem - ela diz tomando a sopa - me conta uma coisa boa

- uma coisa boa, hm deixa eu ver - falei pensando - minha prima tá grávida! 

- que notícia boa - ela diz - de quanto tempo?

- a Lua tá grávida do Gui? - o alemão pergunta

- sim - falei animada - e você cala boca, não é pra falar pra ele ainda

- e por que não? - alemão pergunta - Vou falar sim osh

- não vai falar nada, ela não tem certeza ainda - menti - deixa ela contar

- a criança são uma benção lari! - Andréia diz

- menos a sua! - falei e ela dá uma risada fraca

- não fala assim dele - ela diz e eu que dou risada - agora, deixa eu ver meu neto

O alemão entrega o Henrique pra ela e pega a tigela e os talheres levando pra cozinha, então disfarçadamente eu desço atrás dele. Não podia deixar ele contar pro Gui, é no tempo da lua e não porque esse fofoqueiro quer. Eu e minha boca grande!

- você não vai contar pro Gui né

- pra que tu quer saber? - alemão pergunta arrumando as coisas da cozinha de costas pra mim

- não é você que tem que contar pra ele, é a Luana

- se ela for igual a tu, ele nem vai ficar sabendo

- supera alemão - falei - não fala nada pra ele

- não garanto nada - ele diz e logo ouvindo o barulho da chuva forte começar a cair

- puta que pariu - falei e o alemão me olhou sem entender - não trouxe guarda chuva

- eu te levo - alemão disse

- tá loko? Claro que não

- então fica e dorme aí - ele diz e eu encaro ele

A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora