A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO

Capítulo 38

LARI

Assim que dou um banho no meu filho observo bem ele, o olho verde com cílios enormes, o cabelo castanho tão claro que chegava a ser quase loiro e um narizinho lindo. Que modéstia parte era meu e não do pai. E por falar em pai, alemão parecia outra pessoa. Estava sempre quieto na dele, pelo menos quando eu tava perto né.

Sempre que eu ia na casa dele, o mesmo deixava eu e a mãe dele conversando e ia ficar com o Henry. Dava banho, dava comida e até colocava pra dormir. Tava se saindo um bom pai.  Ouvi dizer que ele e a Bianca terminaram mesmo, e ao que parecia não tava de rolo com ninguém no morro. Por enquanto né.

O que deixava o cobra doído de ciúmes, nós dois conversamos milhares de vezes e eu disse que não queria saber do alemão mas o cobra não acreditava em mim. Mais uma vez, me envolvendo com alguém que preferia dar ouvidos pra o que as pessoas falam no morro ao invés de mim.

Eu tentei explicar que eu nem trocava meia palavra com o alemão quando ia na casa dele e era verdade, o único assunto que nós tínhamos era sobre nosso filho ou a mãe dele, que finalmente ia começar a quimioterapia então eu tava dando uma força pra eles. Só. Alemão tava completamente na dele! E o cobra jura que tá rolando alguma coisa e isso gerou uma briga feia,

- Lari... LARISSA! - a Andréia me chama fazendo eu despertar do transe

- oi - falei - desculpa, eu tava pensativa

- tá tudo bem?

- tá sim - falei - tem como você pedir pro seu filho um copo de água? Não quero pedir pra ele

- Felipe! - ela grita ele e alguns minutos depois ele aparece - pega um copo de água pra Larissa, ela tá com sede! Melhor, faz um suco filho

- por que ela não desce lá e pega? - ele diz e saí do quarto

- um doce né - falei revirando os olhos

Fiz o que ele disse, desci pra cozinha e abri a geladeira. Até ia pegar água mas vi que tinha refrigerante então enchi um copo de coca e sentei na bancada da cozinha pensativa.

- qual foi? - ouço a voz do alemão e vejo ele para na porta da cozinha com nosso filho no colo

- olha, pensei que o gato tinha comida a sua língua - falei e ele fecha a cara

- engraçadona você! - ele diz se aproximando e logo meu filho abre os braços pra eu pegar ele

- vem mamãe - falei pegando meu nenê no colo e o mesmo da abre um sorrio banguelo

- que foi que tu tá com essa cara? - alemão pergunta

- nada de novo - falei

- cobra?

- não quero falar dele com você - falei - na verdade não quero falar da minha vida com você

- suave então - ele diz

Alemão me encara em silêncio por um tempinho, logo nosso filho abre os braços no meu colo e bate a mão bem no copo de coca cola fazendo derramar tudo em cima de nós dois, inclusive da minha blusa branca. Henrique então solta uma risada gostosa quando ouvimos o barulho do vidro se quebrar no chão.

Primeiro o tonto do pai dele me olha e olha bem pra minha blusa que transparente, em seguida pega uma vassoura pra limpar os cacos de vidro e passa um pano onde está molhado. Depois ele pega o Henrique e leva pra tomar um banho. Eu até tentei me secar mas não tinha como, então subi pro quarto do alemão.

- Felipe, me arruma uma blusa da sua mãe - falei entrando no quarto

- pega uma minha aí no guarda roupa - ouço ele dizer do banheiro

- ficou loko? O cobra me mata - falei - pega lá!

- caralho hein - ele diz saindo do banheiro sem camisa e com o Henry enrolado na toalha - troca ele aí que eu vou buscar

Faço o que ele diz, mexo no guarda roupa dele e acho as roupinhas. Fico surpresa em ver que ele realmente comprou bastante coisa e tava tudo organizado, coloco um macacão jeans escuro e uma blusa branca. Tava uma gracinha meu bebê!  Logo o alemão volta e me entrega uma blusa rosa florida.

- foi a única que achei - ele diz rindo

- não faz mal - falei e entreguei o Henrique pra ele mas o mesmo só fica parado no quarto me observando

- é pra mim sair?

- tchau alemão - falei apontando pra porta

Ele resmunga e saí andando, quarto a fora. Troco de roupa e volto pro quarto da Andréia pra fazer companhia, hoje ela estava ótima afinal tinham dias e dias né. Eu que estava muito pensativa, pensando no cobra. Não queria que ele interpretasse errado e até entendia o ciúmes dele.

Mas o alemão é pai do meu filho e estamos nos "dando bem" porque o mesmo ficava na dele e quando ele vinha de graça, eu cortava! Mas principalmente, eu gostava muito da Andréia e sei que ajudava ter eu aqui afinal ela tava cercada de homens. Se tivesse qualquer coisa que eu pudesse fazer pra ajudar ela a melhorar, eu faria!

Ela é avó do meu filho, talvez possivelmente a única que participará mais da vida dele. Pela proximidade e pelo fato que minha relação com meus pais não está nada boa, então o que eu tivesse que fazer eu faria. Até mesmo ficar no mesmo ambiente que o alemão.