Capítulo 48

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LARI

Meu pai assumiu todas as tarefas, levamos minha mãe no psicólogo e descobrimos que na verdade a Luana tava certa. Era psiquiatra e quando os exames concluíram ela tava com esquizofrenia, no começo era algo fraco mas que foi se agravando porque ela fazia uso contínuo de remédios e quando os móveis que ela vendia acabaram, junto com o dinheiro pra fazer uso de remédios começou a ficar bem grave.

- olha a esquizofrenia tem tratamento mas não tem cura, o que quer dizer que podemos iniciar logo o tratamento mas que pode durar anos e anos - a doutora diz - nós tem uma rede de clínica muito boas no Rio e até mesmo em São Paulo, lá a estrutura é bem melhor

- olha parece bom - meu pai diz vendo o folheto que ela entregou

- ela vai precisar parte de um ambiente cheio de alegria e humor, também vai precisar de terapia familiar, intervenções e anti psicopáticos

- são remédios? - perguntei e ela confirma - isso não faz mal pra recuperação dela?

- atrasa um pouco o tratamento mas precisamos cortar os efeitos das alucinações e da psicose dela

Eu tava passando com tudo aquilo, sendo bem específica minha mãe tinha enlouquecido e se viciado em remédios e isso é culpa minha! A única filha e a única família que ela tinha não percebeu o que tava acontecendo. Fiquei tão focada no drama da minha vida pessoal e focada em pensar mal da minha mãe que não percebi que no fim ela só precisava de ajuda.

Meu pai me ajuda a levar ela pra casa e pedimos comida. Eu não tava com cabeça pra cozinhar, pra trabalhar, pra ver ninguém na verdade eu não tava com cabeça porra nenhuma. Mas meu pai era um anjo na minha vida, ele comprou tudo que eu gostava de comer e me obrigou a sentar no sofá já que a mesa era da minha mãe agora.

- acho que você poderia pensar - meu pai diz me empurrando o folheto

- na clínica paulista - falei olhando o folheto - parece bom mesmo, acho que faria bem pra ela

- então por que tá com essa cara?

- porque eu tenho uma vida aqui no Rio

- filha isso não é vida pra você! É uma casa bonita mas não é sua casa, você não tem uma vida aqui Larissa é só que você tá apegada com as pessoas e com o lugar - meu pai diz e eu respiro fundo - acho que você tem que pensar nos seus filhos e na sua mãe

- pai, mesmo que eu quisesse ir o Felipe não vai abrir mão do Henrique - falei - a mãe dele tá com câncer e a única coisa que anima aquela casa é o neto deles

- ele vai cuidar da família dele e você vai cuidar da sua Larissa

- pai...

- você realmente quer que seu filho cresça nesse ambiente?

- pai - falei respirando fundo

- Larissa não tem nada de errado em pensar em você pelo menos uma vez, a quanto tempo você não faz isso? - meu pai diz e eu fico em silêncio - sua mãe precisa de você, precisa de nós

- eu sei

- eu te ajudo a pagar as contas o apartamento e aí você vende, a gente pode comprar uma casinha pra você em São Paulo filha e cuidar da sua mãe - ele diz - eu ia amar ter minha filha de volta

- eu vou pensar - falei

Terminei de comer e depois disso cai na cama, meu pai não tava errado e era o certo a se fazer mas tinha tanta coisa. Eu não podia simplesmente ir embora assim do nada, não dava! Fazia quase duas semanas que eu não falava com o cobra, que eu não via meu filho mas eu sabia que ele tava bem. O alemão e doido mas o pai dele tem juízo.

Eu só tava com a cabeça cheia e acho que até eu tava ficando louca, tava vendo o folheto da clínica que era ótima. Não era muito longe da casa do meu pai, tinha área de lazer, sala de reuniões pra sessão de terapia, aulas de artesanato e música. Será que meu pai tava certo?

Mais tarde eu não conseguia dormir mas ouvi uma coisa que me fez pensar muito, meu pai ligou pra Marta perguntando como as crianças estavam também contando a situação da minha mãe. Ouvi meu pai dizer que sentia saudade e que amava ela mas que precisava ficar porque minha mãe tinha sido alguém importante pra ele mesmo que em fases separadas. Também ouvi a Marta dizer pra ele ficar o tempo que precisar e que ela entendia e não via problema dele ficar aqui.

Então eu me lembrei do cobra, eu não tava nenhum poucos afim de correr atrás dessa relação do mesmo jeito que eu fazia com o alemão. A verdade é que parecia o mesmo relacionamento só mudava alguns fato então decidi mandar um áudio pra ele ver que eu não me importo mais com alemão e nem com nada que não seja ele.

"Oi, eu sei que você tá chateado pelo o que eu disse ou pelo que eu não disse mas é complicado cobra. Eu amo estar com você, amo quando você me faz rir, amo quando você cuida de mim e amo mais ainda sua maturidade e seu jeito de ver as coisas. Percebi que amo cada parte sua, o que me faz amar você por inteiro ! Vamo resolver as coisas, eu preciso tanto de você agora! "

A.N.A.R.C.O.S III: ASCENSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora