Castelos Desmoronando.

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16 DE AGOSTO DE 2023.
QUARTA-FEIRA.

  O que pareceu ser o começo de um sonho para Kei, tornou-se no início de um pesadelo.

  Desde o início das eliminatórias para as nacionais, um evento que Kei infelizmente não pôde assistir, ele percebeu que sua relação com os filhos começou a esfriar, pelo menos aos seus próprios olhos. Embora as crianças continuassem tratando-o da mesma forma, algo dentro de Kei parecia ter mudado. Seu desempenho nos treinos começou a decair rapidamente, sentindo-se facilmente exausto, desmotivado e com falta de ar. Para piorar ainda mais a situação, Kei ficou tão doente que nem conseguia levantar-se para fazer qualquer coisa.

   À medida que o horário da partida dos adolescentes para as eliminatórias se aproximava, Tsukishima começou a se sentir ainda mais determinado a comparecer, apesar de estar doente. Mesmo com as contradições vindas dos gêmeos, ele insistia que estava em condições de dirigir e estar presente. Dos dois irmãos, Katsuo era o mais preocupado com a situação. No momento, ele estava trancado em seu quarto, tentando desesperadamente ligar para seu treinador em busca de orientação, enquanto sua irmã, Sayuri, cuidava do pai na sala. O garoto estava extremamente nervoso, inicialmente com o jogo em si, mas agora também preocupado com a saúde de seu pai.

Treinador Kuroo.

— Treinador, me desculpe. Eu não vou poder ir hoje… A Sayuri vai, mas eu não posso ir, você vai ter que contar somente com o levantador reserva. — Katsuo foi direto ao ponto.

— O que?! Katsuo, eu preciso de você aqui. Você é meu titular, o que aconteceu?! — Kuroo perguntou preocupado e confuso.

— Meu pai adoeceu, não dá para deixar ele sozinho e é melhor eu ficar do que a Sayuri e você sabe disso. — Explicou o loiro, andando de um lado para o outro no quarto.

— O Tsukki está doente?! O que? Desde quando!? — A voz do moreno do outro lado da chamada era de clara preocupação.

— Ele está com febre, está vomitando muito e não consegue comer nada. Você sabe como ele é, não aceita ajuda. Eu já tentei chamar A tia Hitoka ou o tio Tadashi mas ele não quer deixar eles virem e, não posso nem tocar no nome do senhor sem ele brigar comigo. — Katsuo esclareceu novamente, com paciência. — Papai é muito orgulhoso, não quer ir a um hospital, não quer ajuda e finge que está bem na minha frente e na de Sayuri, acho que é febre emocional.

   Kuroo permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando sobre algo. As palavras recentes de Katsuo começaram a fazer sentido na mente do moreno. A rápida deterioração da saúde de Tsukishima parecia pouco coerente, considerando as circunstâncias recentes e melancólicas em sua vida. Ironicamente, a explicação mais plausível para tudo aquilo era uma febre emocional.

— Você vai jogar hoje sim, eu vou ligar para o Yamaguchi e ele irá cuidar do seu pai enquanto você e sua irmã jogam, na volta, eu os levo em casa e vou ficar com vocês. — Tetsurou decidiu confiante.

— Treinador, eu não sei se meu pai vai gostar dessa ideia... — Katsuo murmurou, já conhecendo o homem com quem convive.

— Com ele eu sei lidar, não se preocupe. Você quer jogar não quer? — Indagou ele, escutando o mais novo assentir. — Pois bem, termine de se arrumar e venha para a escola com a sua irmã para podermos partir.

   Katsuo assentiu, ouvindo a chamada telefônica se encerrar. Ele suspirou enquanto saía de seu quarto em direção à sala, onde havia deixado sua irmã e seu pai. Para seu grande alívio, encontrou seu pai adormecido, enquanto Sayuri, com uma expressão cansada, colocava um pano molhado em sua testa. Ambos estavam exaustos, pois passaram a noite em claro cuidando do pai. O fato de serem apenas eles três para lidar com tudo aquilo estava se tornando extremamente esgotante.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora