Eu Consigo Fazer Isso Com Um Coração Partido.

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19 DE JULHO DE 2024.
SEXTA-FEIRA,
17h28 DA TARDE.

  Desde a sua chegada a Paris, aquela semana foi a mais torturante que Kei teve de suportar na capital francesa. À medida que os dias avançavam, a ansiedade de Kei crescia incessantemente enquanto se preparava para a festa de aniversário de seus filhos, um evento que ocupava todos os seus pensamentos. Apesar de alguns progressos — os episódios de mal-estar foram menos frequentes, uma única visita ao médico foi necessária e ele estava moderando os exercícios físicos — nada aliviava a dor persistente que o atormentava. Esta dor não era apenas o reflexo da sua condição de saúde, mas uma dor mais profunda, enraizada na saudade e no sentimento de vazio que o acompanhavam desde sábado.

   Tsukishima passou a semana inteira lutando contra sua insegurança para convidar Kuroo para a festa. A questão não era apenas uma formalidade; Tsukishima compreendia profundamente a importância de Tetsurou na vida dos gêmeos. Ele era uma figura incontestável, um pilar que havia oferecido suporte, ensinamentos e afeto. Ignorar essa presença e não estender o convite seria uma injustiça gritante, e Tsukishima já estava exausto de injustiças o tempo todo.

   Na quinta-feira, a apenas um dia da festa, Tsukishima finalmente reuniu coragem para abrir as mensagens e compor um breve convite. As trocas anteriores ainda ressoavam em sua mente, especialmente a última mensagem de Kuroo: “Certo, meu amor, estou indo pegar você e os meus enteados!” Essas palavras, tão carregadas de amor e compromisso, fizeram o coração de Kei apertar com âmago. Elas eram uma prova tangível do quanto Tetsurou se importava e amava os gêmeos como se fossem seus próprios filhos, reforçando ainda mais a necessidade de sua presença na celebração. Kuroo não deu retorno, mas a mensagem foi visualizada, o que deixou o clima ainda mais tenso.

   Para seu alívio, Tadashi e Hitoka chegariam hoje para desfrutar da festa e permanecer até o início das Olimpíadas, programado para daqui a uma semana. No salão principal, Kei caminhava de um lado para o outro, demonstrando uma mistura de ansiedade e estresse, comandando os decoradores com a mesma autoridade que Kageyama exibia nas quadras durante os tempos do fundamental; um verdadeiro monarca em seu reino. Os preparativos estavam quase concluídos, e Tsukishima, na mesa dos doces, organizava os cupcakes e macarons recém-entregues pela confeiteira. De repente, todos os seus pensamentos agitados se dissiparam ao ouvir seu nome ser chamado por uma das poucas vozes que realmente lhe traziam conforto e paz. Ele se virou ansioso, sorrindo para o casal que se aproximava com um bebê lindo no carrinho.

— Tadashi, Hitoka. Que bom que vocês já estão aqui — Tsukishima parecia genuinamente contente em vê-los, seu provável sorriso mais sincero da semana. Isagi no carrinho deu um grunhido alto que chamou a atenção de Kei de imediato. — Oi pra você também, Isagi. Espero que esteja gostando da sua primeira viagem aos três meses de idade.

   O casal riu da interação, em seguida, abraçaram Kei.

— Tsukki, está tudo incrível e muito lindo, os gêmeos vão enlouquecer quando virem isso aqui — Hitoka elogiou, impressionada, enquanto dava uma olhada ao redor.

— Você acha? Bom, espero que sim. Eles devem chegar em pouco tempo, já já os convidados chegam também, eles estão com Keiji, Koutarou e Akane, como contei anteriormente a vocês por telefone — Tsukishima suspirou tenso.

— Você está muito nervoso, Tsukki. Acho que foram as poucas vezes que eu já vi você assim antes, se é que já vi — Tadashi comentou com o cenho franzido. — Isso tem mesmo haver com a festa ou está assim porque está com medo de confrontar Kuroo?

   Tsukishima congelou. Claro que o casal já sabia sobre eles. Na verdade, o plano inicial era contar apenas pessoalmente, mas, para evitar uma situação desconfortável no aniversário, Kei decidiu contar antes.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora