Eu Apenas Sou Eu Quando Estou Com Você.

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MESMO DIA.
23:47 DA NOITE.

   A gélida brisa que soprava no jardim, agora escassamente habitado, parecia acariciar apenas os convivas mais animados. Tsukishima repousava em uma das poltronas, seu semblante exausto e contemplativo, exacerbado pela intensa reflexão durante a festa, deixando suas energias exauridas. Desde a última troca de palavras com Kuroo durante a dança, avistara-o raramente na festividade, e naquele momento, ele já havia desaparecido. Na verdade, eram escassos os ocupantes remanescentes no jardim.

   Deslizando seus dedos pela borda da taça, Kei mergulhou em profunda reflexão. Guardava consigo um segredo que não ele não havia comentado com ninguém o que aconteceu, e também não pretendia fazê-lo, afinal, a única pessoa que sabia do seu melodrama era Yamaguchi, mas naquele instante, seu amigo já devia estar imerso na vigésima paralisia do sono. Tsukishima soltou um suspiro pesado, a mente mergulhada numa cansativa introspecção.
Passeando os seus dedos na boca da taça, Kei ponderava sobre o que fazer.

  Pode ser que tenha sido uma decisão precipitada expressar tais palavras a Tetsurou, especialmente após ponderar sobre a possibilidade de entregar-se aos próprios sentimentos e tentar novamente algo sério com ele, como um dia já fizeram. Mas a insegurança e o medo de se machucar novamente falaram mais alto, fazendo com que Tsukishima optasse por se distanciar e manter a sua guarda levantada.

   No entanto, agora, sentado naquela cadeira solitária, o vazio dentro dele parecia se multiplicar. O arrependimento começou a tomar conta de Tsukishima e, ele se questionava se havia tomado a decisão certa. Será que não tinha sido muito cauteloso? Será que não tinha deixado passar a chance de ser verdadeiramente feliz ao lado de Kuroo?

  As vozes dos outros convidados que ainda estavam no jardim começaram a soar distantes e indistintas, deixando Tsukishima imerso em seus próprios pensamentos. Ele recordava os momentos que passaram até agora juntos, as risadas, os abraços, os beijos. Era inevitável não sentir saudades daquilo tudo. Mas agora Tsukishima se encontrava na encruzilhada de trilhar o caminho seguro e previsível ou arriscar novamente e abrir seu coração para Kuroo. Não seria fácil, ele sabia disso. Havia mágoas e cicatrizes que precisam ser superadas. Mas também havia amor e a possibilidade de um futuro promissor que ele queria tanto quanto sabia que o outro também quer. Enquanto ele se debatia internamente, uma brisa suave passou por seu rosto, como se fosse um sussurro do destino. Tsukishima ergueu a cabeça e pegou a taça, ingerindo de uma vez só o líquido roxo que sobrou ali, num ato de coragem.

    Ele se ergueu da cadeira com uma determinação crescente, seus passos decididos ecoando no interior do hotel. A mente outrora ocupada por trivialidades agora abrigava apenas um eco persistente: o nome do homem que dominava seus pensamentos, reverberando em sua consciência: Kuroo, Kuroo, Kuroo. O nome dele ecoava enquanto percorria os corredores, aguardava o elevador e, por fim, subia apressadamente as escadas após desistir da espera do elevador que parecia nunca subir, Kuroo permanecia uma presença inabalável em sua mente. Ao bater na porta alva do quarto marcado com o número 221 em placa preta, Tsukishima sentiu o coração acelerado, ele só não sabia ao certo se era devido ao nervosismo ou ao fato de ter subido seis andares de escada, correndo.

   Levou um lapso de tempo até que pudesse receber alguma resposta, e no momento em que estava prestes a repetir a batida na porta, esta abriu-se diante dele, revelando Kuroo. O rapaz trajava um roupão branco, os cabelos ainda úmidos e uma fragrância encantadora permeando o ar. Apesar de tudo, o semblante do moreno denotava confusão e surpresa com a aparição dele naquele tardar da noite.

— Oi — Tsukishima disse.

— Oi, o que está fazendo aqui? — Kuroo perguntou, cruzando os braços e se encostando no batente da porta.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora