Meu Garoto Só Quebra Seus Brinquedos Favoritos.

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14 DE JULHO DE 2024.
DIA SEGUNTE.
DOMINGO, 08h30 DA MANHÃ.

  Acordar naquela manhã foi um tormento insuportável e irritante para Kei. A cabeça pulsava de dor, cada latejar comparável a marteladas incessantes que ecoavam em seu crânio. O sol matinal, penetrando ferozmente pela janela, parecia intensificar ainda mais seu sofrimento. Com certo esforço, Kei se ergueu da cama, o corpo exausto e a mente abatida por uma depressão que se refletia nas olheiras profundas e na palidez de seu rosto. Cada movimento parecia um fardo, agravado pela luz cruel que inundava o quarto e exacerbava sua condição debilitante.

  Ele fechou as cortinas com um movimento decidido, bloqueando a entrada dos raios do sol que insistiam em invadir o quarto. A penumbra instantaneamente tomou conta do ambiente, oferecendo um refúgio temporário da luz do dia. Tsukishima, com passos pesados e uma expressão sombria, dirigiu-se ao banheiro. Lá, ele se entregaria ao fluxo constante e ininterrupto da água do chuveiro, esperando que o calor e a força das gotas pudessem, por um breve momento, aplacar a dor que latejava dentro de si. Sabia que precisava estar na recepção em uma hora para o treino da seleção, mas a ideia de encarar a realidade parecia insuportável.

    Enquanto a água escorria por seu corpo, cada gota parecia carregar um fragmento de suas lembranças. Seus olhos se fecharam automaticamente, e, como uma praga inescapável, o rosto de Kuroo Tetsurou emergiu em sua mente. As memórias da noite anterior irromperam, vívidas e dolorosas, trazendo consigo uma torrente de lágrimas que ele não conseguiu reprimir.

   Um suspiro profundo escapou de seus lábios, carregado de uma mistura de tristeza e resignação. A falta que sentia de Kuroo era um vazio avassalador, mais doloroso do que a própria exaqueca que latejava continuamente. Ele desejava ter Kuroo ao seu lado, sentir a presença reconfortante de seu namorado. Porém, sua mente racional tentava, com teimosia, convencê-lo de que havia feito a escolha certa. Que, por mais dolorosa que fosse, sua decisão era a melhor para Kuroo, mesmo que isso significasse sacrificar sua própria felicidade.

   Após passar alguns minutos oscilando entre o banho e escovar os dentes, Tsukishima caminhou em direção a sua mala para procurar por peças confortáveis e práticas.    Enquanto vasculhava sua mala em busca de roupas mais leves, Tsukishima sentiu os dedos tocarem um objeto de forma quadrada, envolto em um tecido que parecia veludo, escondido no fundo. Intrigado, puxou o objeto para fora e, ao vislumbrá-lo, seu coração disparou. Era uma caixinha vermelha, cuja aparência exalava uma elegância clássica. Ao abrir a tampa, seus olhos se fixaram em um anel deslumbrante, o mais belo que já tinha visto. O anel era de ouro, com uma joia cintilante no centro que refletia uma sinfonia de cores. Tsukishima franziu o cenho, aproximando o anel para uma inspeção mais minuciosa. Seria aquela pedra um diamante? A ideia parecia absurda. Kuroo não poderia ser tão extravagante a ponto de gastar uma pequena fortuna em um anel com um diamante para pedi-lo em casamento, ou poderia?

  Tsukishima deslizou o anel em seu dedo, e ao apenas imaginar Kuroo fazendo a tão esperada pergunta, seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas. O anel, uma joia de incomparável beleza, era o mais deslumbrante que já havia visto. Ele desejava ter podido dizer "sim" naquela ocasião, ansiar por beijá-lo apaixonadamente e gritar ao mundo que Kuroo era o homem da sua vida. Em seus sonhos, ele vislumbrava-se orgulhoso, ostentando o sobrenome de Tetsurou em suas costas, bordado no uniforme. Agora, agarrando a pequena caixa, Tsukishima sentia o peso das consequências de suas escolhas, refletindo amargamente sobre o erro irreparável que havia cometido com o homem da sua vida.

   Consciente das horas que passavam, Tsukishima suspirou profundamente, tirando o anel reluzente de seu dedo e devolvendo-o à sua caixa original, que voltou ao mesmo lugar que foi encontrado. A constatação de que Kuroo nunca mais lhe pediria em casamento o atormentava, e a necessidade de devolver aquele anel caríssimo tornava tudo ainda mais doloroso. Sentiu o peso esmagador em seu peito, pois era ele quem havia feito Kuroo gastar uma pequena fortuna em uma joia tão preciosa, apenas para terminar o relacionamento antes que o pedido pudesse ser feito. O ódio que Tsukishima sentia por si mesmo era profundo e avassalador, um turbilhão de sentimentos de culpa e arrependimento que o consumia por inteiro. Kei era um verdadeiro destruidor que quebrava os seus brinquedos favoritos.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora