MESMO DIA.
06h11As manhãs de janeiro em Tokyo costumam ser frias e, hoje em específico, estava mais ainda. Talvez fosse pelo fato de que Kuroo tremia-se da cabeça aos pés, com medo de ter estragado a entrada do seu namorado na seleção japonesa de voleibol, cujo é seu grande sonho e tudo o que mais almeja e, também, perder seu emprego ou o seu cargo de alto nível. Kuroo permanecia imóvel em frente à imponente empresa, observando-a atentamente enquanto os transeuntes apressados passavam a seu redor. Confirmando sua determinação, ele deu um passo em frente e, reunindo coragem de fontes desconhecidas, adentrou o prédio, deslizando seu crachá pela catraca com firmeza.
Antes mesmo de cruzar o limiar da empresa, Kuroo já sentia o peso dos olhares curiosos e julgadores que pareciam queimar-lhe as costas. Contudo, ao adentrar o local, a sensação não fez senão aumentar. Cada passante que o fitava o fazia de forma penetrante, trocando cochichos entre si e chegando ao ponto de tentar capturar sua imagem. Tetsurou não era facilmente irritado ou perdia as estribeiras diante de problemas fúteis. No entanto, nada o tirava mais do sério do que a invasão de sua privacidade por indivíduos ávidos por detalhes de sua vida, sob a ilusão de que a fama impunha a exposição total de sua vida privada. Acima de tudo, a ira inflamava-se dentro dele diante da perspectiva das fotos tiradas sem consentimento, para, posteriormente, serem comercializadas a preços exorbitantes.
Kuroo tentou suprimir os pensamentos tumultuados que assolavam sua mente e desviar os olhares indiscretos que o cercavam enquanto seguia em direção ao elevador. Sua preocupação com Kei era palpável, questionando-se sobre seu bem-estar, se havia se alimentado, se os gêmeos haviam conseguido distraí-lo. Embora a tentação de enviar uma mensagem fosse forte, ele decidiu permitir que Kei tivesse seu tempo sozinho, confiando que tudo se resolveria como havia prometido ao outro.
O alívio que Kuroo sentiu ao chegar ao andar da reunião era quase tangível, livrando-se temporariamente dos olhares invasivos que o haviam assombrado. Enquanto se encaminhava em direção à sala temida, avistou uma figura reconhecível que emergiu da sala de reuniões; era Ishihara. Seus olhos se fixaram nela e um suspiro involuntário escapou de seus lábios ao vê-la se aproximar com os braços abertos e o olhar carregado de preocupação.
— Tetsurou! Como você está? Está tudo bem com o Tsukki? — ela perguntou, abraçando o desolado homem.
— Não estou bem até o Tsukki ficar. Ele precisa estar na seleção! Sinto que ter me aproximando dele está trazendo a ruína dele e ele vai me odiar pra sempre — Kuroo choramingou, sentindo suas emoções virem à tona enquanto a mulher o dava batidinhas nas costas.
— O que?! Pare de dizer essas coisas, óbvio que não! — Ishihara o repreendeu, afastando-se dele. — Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, mas está tudo bem, pra tudo tem jeito, Kuroo! Só não há jeito pra morte, vamos achar uma solução, está bem?
Ele concordou em silêncio, suspirando fundo.
— Já chegou todo mundo? Vamos dar um fim logo nisso — Kuroo indagou, começando a andar em passos curtos até a sala.
— Só falta você e o Iwaizumi-san, mas ele já está no prédio, em breve estará conosco — Ishihara respondeu, parando-o antes de entrar na sala. — Não importa o que aqueles velhos digam nessa sala, você sabe da sua verdade e a do seu namorado. Não se exalte, mas também não fique calado, você sabe, eu tenho uma ótima advogada pra você.
Rindo baixinho em concordância com Ishihara, Kuroo e ela adentraram na sala, atraindo imediatamente todos os olhares em direção ao engravatado Kuroo. Cumprimentando brevemente seus colegas com um "bom dia", ele se posicionou entre Ishihara e um assento vazio, presumivelmente reservado para Iwaizumi. Para sua tranquilidade, não demorou mais do que cinco minutos para o ex-aluno de Aoba Johsai chegar. Cumprimentando a todos, Iwaizumi caminhou até o único assento disponível, sorrindo em apoio para Kuroo antes de se sentar ao seu lado.
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𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsuki
FanfictionㅤQuando seu irmão mais velho, Akiteru, morre devido a uma doença crônica, Kei se vê sozinho e assume a responsabilidade de cuidar dos seus sobrinhos gêmeos quando o tribunal concede a guarda das crianças a ele, transformando-o de jogador de vôlei de...