Você Está Por Conta Própria, Garoto.

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11 DE JULHO DE 2024.
QUINTA-FEIRA, 00h37.

  As madrugadas costumam ser frias por diversos motivos e, por isso, costumava ser a parte favorita das vinte quatro horas do dia de Kei, mas hoje, em questão, ele estava odiando isso, estava odiando estar acordado. Suas malas estavam na sala, ele caminhava em direção ao quarto dos gêmeos para se despedir. Seu vôo para o primeiro ponto de parada até a França saia em quatro horas. Os gêmeos prometeram que estariam acordados para se despedir mas, o horário tardio impossibilitou-os de se manterem acordados devido a falta de costume.

   Ele entrou sorrateiramente no quarto, evitando fazer o mínimo de barulho possível para não acordá-los. Ambos dormiam suavemente em suas camas, totalmente relaxados e tranquilos. Tsukishima foi até Katsuo, seu primogênito. Ele passou as mãos pelos fios loiros do garoto, sentindo o coração pesar em deixá-los. Ele deu um sorriso sincero observando-o dormir tão sereno, lembrando-se da época que conseguia pegá-lo no braço. Kei deixou um beijo ameno em sua testa, movendo-se em direção a Sayuri no outro lado do quarto.

   A garota loira dormia exatamente como seu irmão, tão suave que tinha medo de chegar perto demais e acordá-la. Tsukishima brincou com suas mechas longas e loiras, o cabelo dela era bem mais claro que o de Katsuo, chegando a ser mais próximo à cor dos cabelos de Akiteru. Tsukishima deixou um beijo próximo a festa da filha também. Ele se afastou da cama da garota, dando uma última olhada no quarto dos gêmeos, sussurrando que os amava e traria ouro olímpico para eles.

   Com um nó na garganta, Tsukishima desceu ao estacionamento do apartamento carregando uma mala grande e uma mochila. No andar de baixo, Kuroo o aguardava no carro, pronto para levá-lo ao aeroporto. Seu coração apertava com a ideia de deixar seu namorado, mas sabia que logo se reencontrariam, já que, como principal promotor da Associação, sua presença era indispensável nesses eventos esportivos. Tsukishima Kei nunca foi bom em despedidas, o que talvez explique por que ele se fecha para tantas coisas ao seu redor e o porquê evita consultas médicas. O medo de ter que se despedir o aterroriza, pois ele simplesmente não sabe como fazer isso.

   Ele avistou o carro de Kuroo à distância, um leve sorriso surgindo em seus lábios ao se aproximar. Kei entrou no banco do passageiro ao lado do motorista. Kuroo, lutando contra o cansaço, bocejou profundamente, seus olhos pesados mas focados na estrada. Ele se inclinou para puxar Tsukishima para um beijo, saudando-o com um carinhoso "boa noite". Kei sorriu, consciente de que sentiria falta daquele toque reconfortante, um bálsamo quente em sua pele que o acalmava em meio às tempestades da vida. O loiro ajeitou-se no assento enquanto Kuroo manobrava o carro em direção ao aeroporto.

   O percurso até o aeroporto transcorria em silêncio. Tsukishima, perdido em seus pensamentos, não encontrava palavras para iniciar uma conversa. Estava distante, o olhar fixo no horizonte, imerso em uma nuvem de incertezas. Fingir que tudo estava bem era uma opção que ele não podia aceitar, pois a verdade era que nada estava.

  Ao chegarem ao estacionamento, Kuroo manobrou o carro para uma vaga disponível. Enquanto desligava o motor e se preparava para sair, Tsukishima, ainda absorto em sua inquietação, quebrou o silêncio. A tensão no ar tornou-se palpável quando ele ergueu a voz para interromper a saída de Kuroo.

— Tetsurou, pode só me deixar aqui? — Kei indagou, atraindo a atenção tensa do namorado.

— O que? Você não quer que eu te acompanhe até o portão? — Kuroo retrucou, sua entonação era triste.

— Não há necessidade, Tetsu. Os meninos estão lá, não precisa se incomodar e me levar, eu agradeço por ter me trazido até aqui, você é o melhor namorado do mundo e eu te amo — Kei sorriu.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora