Um Perfeito Coração Bom.

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31 DE DEZEMBRO DE 2023.
20h12.

    Desde criança, Kei não demonstrava entusiasmo pelas celebrações de Ano Novo. Durante a infância, quando sua mãe ainda era a responsável pelas decisões em sua vida, ele era compelido a participar das tradições nos três primeiros dias de janeiro, conforme a cultura japonesa. No entanto, após o falecimento de Akiteru e de sua mãe, o que anteriormente o levava a se recluir em casa se transformou em uma oportunidade para pedir prosperidade e felicidade aos legados deixados por Akiteru antes de sua partida. Havia se passado sete anos desde que Tsukishima optara por celebrar o ano novo por vontade própria.

   A agenda do homem estava meticulosamente planejada e orquestrada. Naquele exato momento, ele finalizava um penteado para Sayuri, que usava um deslumbrante kimono azul turquesa enquanto se entretinha com o celular. Enquanto isso, Kei encontrava-se num estado de nervosismo; a iminência da chegada de Tetsurou pairava, e como havia combinado com o homem, eles contariam sobre seu relacionamento aos gêmeos, antes da visita ao sagrado santuário de Toshogu Shrine, nas majestosas montanhas de Sendai. Tsukishima já havia cumprido diversas tradições japonesas para a virada do ano: já havia limpado cada recanto minucioso de sua casa, havia presenteado seus filhos com envelopes com dinheiro e já havia preparado e jantado com eles um toshikoshi soba, prato específico que se come na véspera do ano novo japonês.

   Despertando a atenção dos dois na sala da casa, o barulho do interfone ressoou por toda a residência. Kei já sabia o que era e estava prestes a terminar o penteado de Sayuri para atendê-lo quando Katsuo brotou usando um kimono azul marinho, saindo do seu quarto para atender o interfone. Tsukishima praguejou mentalmente; os gêmeos não faziam ideia que Tetsurou viria.

— Hmm, só um instante — Tsukishima ouviu Katsuo murmurar antes da atenção dele ser direcionada até si — Pai, o porteiro disse que o treinador está lá embaixo. Você o convidou?

— Diga a ele que pode subir e sim, eu o convidei — Kei respondeu, terminando o coque volumoso na cabeça de Sayuri.

    Para sua surpresa, Katsuo não disse mais nada, mas houve uma troca de olhares entre seus filhos que atiçou a sua curiosidade e até mesmo medo. Após terminar, Kei guardou os produtos que utilizou no cabelo de Sayuri e, quando voltou a sala, escutou batidas na porta. Ele se dirigiu até lá, atendendo-a.

— Espero não ter chegado muito tarde — Kuroo disse assim que abriu a porta.

— Não chegou. Está preparado? — Tsukishima perguntou, sentindo-se como se aquela fosse uma partida extremamente decisiva.

— Não, mas não tem mais volta. Precisamos fazer isso.

    Kei concordou, dando espaço para o moreno entrar na casa. Seu coração estava disparado enquanto trancava a porta. Ele nunca havia apresentado ninguém aos gêmeos.

— Boa noite, treinador Kuroo! Vai passar o ano novo com a gente?! — Sayuri foi a primeira a perguntar enquanto Katsuo se aproximava sorrateiramente.

— Boa noite, Sayuri! Sim, seu pai me convidou e achei que seria bom passar essa data com vocês — Kuroo respondeu, sorrindo gentilmente para a menina.

   Katsuo, por sua vez, manteve-se em silêncio, observando atentamente cada movimento do treinador. Kei sentiu a tensão no ar. Ele já sabia que eles sabiam.

— Sayuri, Katsuo — começou Tsukishima, buscando as palavras certas para se expressar. — Eu convidei o Kuroo hoje por uma razão específica. Nós temos algo para contar a vocês. Não é fácil para nós, mas esperamos que entendam.

   Os gêmeos permaneceram em um silêncio, aguardando Tsukishima continuar. Enquanto isso, Sayuri inquietava-se, marcando o chão com batidas nervosas de seus pés e, Katsuo alternava seu olhar entre Kuroo, Tsukishima e sua irmã, que estava sentada ao seu lado.

𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 & 𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 • KuroTsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora