𝐕𝐞𝐫𝐝𝐞 𝐞́ 𝐚 𝐜𝐨𝐫 𝐝𝐨 𝐦𝐚𝐥

Quando o dia se encerra

Tive um sonho ontem a noite. E diferente dos outros sonhos que tive nos últimos tempos, este foi... pacífico, colorido, quente e aconchegante. Não um pesadelo.

Claro no início era sombrio e frio como os outros. Eu estava em um abismo profundo e escuro. Não sentia nada, porém eu enxergava uma luz lá no alto. Longe e inalcançável, mal conseguia olhar. E ouvia também, risadas, gritos e conversas acolhedoras. O mais intrigante, era que eu reconhecia cada voz vinda do alto. Meus amigos, família e minha paixão avassaladora.

Eu estava separado e não podia me unir a eles devido as condições que estava. Como correntes que me prendiam naquela infinita escuridão. Foi quando no auge da minha melancolia uma mão se ergueu e eu saltei a fim de alcança-la. E consegui. As correntes partidas em um só ato, e minha liberdade enfim diante de mim.

Quando emergi na superfície, senti a grama sob os meus pés. O calor morno e agradável do sol. A brisa fresca que batia no meu rosto. E a incrível imagem do Kacchan encarando-me sério mas com as bochechas coradas de timidez, enquanto seus dedos entrelaçados aos meus me acalentava o coração. Seus olhos ardentes em labaredas vermelhas que gentilmente se desviavam dos meus. E ao fundo, todos sorrindo e me esperando para que me juntasse a eles. Olhando agora, eu nunca estive tão longe do abismo. Nunca estive tão feliz. E então acordei...

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-Gente. Ele acordou!- Uraraka disse com sua voz suave e agradável.

-Midoriya. Você está bem?- perguntou Tsuyu.

-Acalmem-se garotos.- All Might disse. -Ele ainda tem que acordar de verdade.

-Midoriya... como está?- Todoroki disse calmo.

-Eu... estou ótimo na verdade.- o esverdeado se sentou na maca enquanto observava seus amigos aflitos.- Por quanto tempo eu dormi?

-Por quatro dias direto.- disse Hawks surgindo.

-O...Olá Hawks.- O jovem disse envergonhado.

Claro que era compreensível, devido as situações constrangedoras que ambos se meteram graças a missão:

-Relaxe Midoriya. Era tudo por conta da missão. Não pense mais sobre isso.- sorriu. -Mas pode começar a comemorar nossa vitória.

-Ah... claro.- o esverdeado sorriu.

-De qualquer maneira Midoriya, você foi incrível!- Kirishima disse estridente.

-Sim. Aquele seu último golpe foi espetacular.- Denki concordou.

-Mas como você sobreviveu? Você usou a individualidade cópia para vencê-lo, mas você que no caso seria a cópia está aqui.- Mina perguntou confusa.

-Meninos sem encher o jovem Midoriya.- Toshinori disse estoico.

-Tudo bem All Might. Enquanto eu aplicava o Smash, eu troquei de consciência com o All For One, ai foi questão de usar a regeneração pra completar meu corpo que estava pela metade. Doeu, foi insuportável, mas valeu a pena. E aqui estou eu, o original.- sorriu.

-Você é incrível Deku.- Uraraka sorriu.

-É verdade Midoriya.- Iida disse sério como sempre.

Os olhos esmeraldinos de Izuku percorriam pelo quarto, buscando algo. Ou alguém.

-Onde...

-Ele não quis vir. Estava temendo que você não acordasse.- Uraraka comentou.

-Eu preciso ir.- disse se levantando.

-Izuku você precisa descansar.- Toshinori impediu novamente que ele se levantasse.- Acalme-se, ele virá.

-Mas...

-Escute-o filho.- Sua mãe entrou no quarto sorridente.- Ele é seu professor.

-M...mãe!- seus olhos verdes automaticamente lacrimejaram.

Mesmo All Might o segurando, ele não se conteve e correu para os braços de sua mãe, que também chorando se entregou ao abraço, ignorando o fato de que ela mesma orientou para que ele descansasse.

-Eu fiquei com tanto medo.- chorava como uma criança.

-Todos ficamos meu filho. Mas agora é um novo dia. E precisa descansar.- limpou as bochechas de sua criança. Mesmo que os seus estivessem ainda mais encharcados de lágrimas.

-Okay. Eu vou... eu vou descansar!- enxugou o que restava de lágrima. Talvez pelo reencontro de mãe e filho, mas toda aquela emoção foi canalizada. E os demais que estavam assistindo tal cena ficaram comovidos. Alguns de personalidade mais chorosa como Uraraka choraram. Outros mais estoicos como Shoto Todoroki ficaram quietos mas com um semblante aliviado.

E assim passou aquele dia. Deku se recuperando, enquanto colocava o papo em dia com seus amigos. Ele abriu os presentes que recebia de pessoas que estavam gratas pelas suas conquistas na batalha. Centenas de pessoas se reuniam no entorno da U.A para prestigiar os bravos heróis e tudo aquilo era extraordinário.

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O sol já estava desaparecendo quando Deku acordou de um cochilo.

Claramente já estava mais disposto e muito mais saudável. Foi quando ele viu uma silhueta através da janela que separava o quarto da sacada. Ele se levantou silencioso, e caminhou até a sacada. Foi quando avistou as costas largas de Katsuki, que estava debruçado no peitoril observando a vegetação em frente ao prédio da U.A.

Deku hesitante se aproximou, e apoiou sua testa na nuca de Katsuki que arrepiou-se ligeiramente. Ele poderia mentir e omitir, mas qualquer um veria em seu rosto corado que aquele simples gesto de Deku, havia abalado todas suas estruturas.

Ambos continuaram em silêncio. e enfim Katsuki se virou e tomou o menor em seus braços. O aperto era forte e necessitado, e era literal também, por que Deku necessitava fortemente de Katsuki. E o contrário também era verdade:

-Eu fiquei com...

-Quieto Deku. Não pense mais nisso. Só me deixe aqui... te abraçando e acostumando com a ideia de que você não me deixou.- disse suspirando enquanto o menor chorava lágrimas, mesmo que já houvesse esgotado todas fontes em um só dia.- Você é mesmo um chorão.

-Não caçoe de mim!- seu soco frágil afagou o peito do maior que sorriu de lado.- Eu te amo Kacchan!

-Eu te amo mais Deku.

-Isso é questionável.- o menor resmungou.

-Minha palavra é absoluta, e indiscutível.- Katsuki depositou um selar na testa do menor.

E enquanto o sol deixava aquele dia para lua, os dois continuaram abraçados. Trocando flertes bobos e caricias sutis. Aquele momento era necessário. Onde cada um desses jovens heróis encontravam e se asseguraram no seu porto seguro. Esperando o alvorecer de um novo dia.

Continua....