CAPÍTULO 23 - MUDANÇA

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POV LUIZA

Recebi uma ligação de Valentina logo pela manhã, a ansiedade em sua voz era palpável.

- Lu, deu tudo certo! - ela disse antes mesmo do bom dia, estava muito animada.

- Que ótima notícia... me conta, como foi?

Valentina me contou em detalhes como a conversa com os pais tinha ocorrido, ela imitava a entonação e o jeito de falar da mãe, me fazendo rir. Era bom que depois de tudo ela estava conseguindo lidar com esta situação de forma leve.

Fiquei feliz em saber que apesar da reação previsível de sua mãe, seu pai havia oferecido apoio. Valentina estava pronta para começar uma nova fase, e eu estava mais do que disposta a ajudar no que fosse preciso. E ela contava com minha ajuda, pois continuou:

- Eu tenho outra novidade... já me mudo hoje mesmo, consegui um apartamento com a minha tia. - ela disse empolgada.

- Hoje? Isso foi rápido! - falei surpresa.

- É, estou empolgada! E adivinha quem eu queria que me ajudasse na mudança?

- Hmm, será que é uma pessoa forte, que consegue carregar umas caixas pesadas? - respondi brincando.

- Exatamente! Você é claramente a pessoa perfeita para o trabalho. - ela disse rindo.

- Tá, agora fala sério...

- Na verdade, eu estava morrendo de saudades suas e queria que estivesse comigo nesse momento. - ela admitiu com doçura.

- Olha só, como ela é fofa.

- Só fofa?

- Um pouco atrevida também... - falei sorrindo.

- Bom saber que você gosta. - ela disse com um tom provocante.

- Gosto muito, aliás.

- Ótimo... então você vem? Eu tava pensando em dar uma recompensa especial para minha ajudante. - ela completou cheia de promessas.

- Você sabe como me convencer. - concordei.

- Ainda bem que você gosta dos meus métodos.

- Sempre vou gostar, Valen.

- Que sorte a minha.

.....

Mais tarde, cheguei à casa dos Albuquerque pronta para carregar caixas e auxiliar Valentina em sua mudança. Juntas, levamos as recordações e pertences dela para o novo apartamento. Ao chegar lá, fiquei admirada com o espaço, imaginando a liberdade que Valentina encontraria ali.

Ela me explicou que o apartamento da tia não era totalmente mobiliado. Havia o essencial, como geladeira, fogão e um colchão, mas ainda faltavam alguns móveis essenciais, como uma cama, um sofá, um guarda-roupa.

- Como foi tudo tão rápido, ainda falta comprar algumas coisas, alguns móveis... Mas estou animada para decorar e deixar tudo com a minha cara.

- Vai ficar incrível, tenho certeza. Mas, como vai conseguir tudo isso? - perguntei, preocupada.

- Bom, meu pai se ofereceu para ajudar, mas, não quero depender dele, sabe? Tenho algumas economias e pretendo começar a procurar trabalho na próxima semana.

- Isso é ótimo de ouvir, Valen. Fico feliz que esteja tão determinada.

Quando concluímos a arrumação já era início da noite. Valentina sugeriu:

- Que tal passar a primeira noite aqui comigo? Na minha primeira noite na minha própria casa. Se você não se importar em dormir num colchão no chão, é claro... - ela riu.

A ideia me pareceu maravilhosa, e aceitei sem hesitar.

- Seria uma honra dividir esse momento contigo, mesmo no chão. - respondi com sinceridade.

Um sorriso largo aparece nos lábios de Valentina e não resisto, a puxo para perto de mim e selo nossos lábios. Nossas línguas se encontram e sua respiração se cruza com a minha. Seu sabor e todas aquelas sensações me fazem arrepiar a espinha. Se eu pudesse eternizaria esse momento e moraria em seu beijo.

Ainda sem desgrudar nossos lábios, suas mãos percorrem minhas costas por baixo de minha blusa, e eu a agarro pela cintura, sentindo meus dedos afundando em sua pele macia.

Nosso beijo se tornava cada vez mais apaixonado e intenso, mas de repente, um barulho inesperado interrompeu o clima: minha barriga roncou alto, como se quisesse fazer parte daquela demonstração de amor.

Nos afastamos, surpresas, e então caímos na gargalhada.

- Parece que tem alguém com fome - ela disse rindo.

- Não acredito, na melhor hora... - eu fiz um biquinho.

- A gente tem todo tempo do mundo, amor - ela me deu um selinho. - Eu vou pedir uma pizza pra gente!

Sentadas no chão, dividindo uma pizza, o clima entre nós era incrivelmente descontraído. Entre uma mordida e outra, nossos olhares se encontravam em meio a sorrisos cúmplices. Ficava claro o flerte que dançava no ar, como uma música suave que apenas nós podíamos ouvir.

.....

Mais tarde, Valentina pegou um pijama limpo e me ofereceu.

- Pode tomar banho primeiro, ainda vou organizar algumas coisas aqui. - ela sugeriu, gentilmente.

Agradeci e me dirigi ao banheiro. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, minha mente era preenchida com flashes do nosso dia. Valentina, com seu sorriso contagiante e os olhos brilhando de felicidade, era tudo o que eu precisava ver. Finalmente vê-la genuinamente feliz, me deixava feliz também. Era perceptível como um peso havia saído de suas costas.

Quando terminei meu banho e retornei ao quarto, Valentina já estava pronta para entrar no banheiro.

Enquanto Valentina se banhava, fiquei lá, em silêncio, perdida em meus próprios pensamentos. Em um instante, minha mente foi inundada por uma certeza indiscutível: eu a amava. Como era possível amar alguém de forma tão intensa, tão completa? Era um amor que transcendia o palpável, algo que ecoava nas profundezas da minha alma. Como poderia ser possível amar alguém tão intensamente, a ponto de sentir meu coração vibrar em sintonia com o dela? Cada riso, cada toque, cada olhar pareciam uma promessa silenciosa de que estávamos destinadas a percorrer juntas esse caminho. Era um amor que me inundava de gratidão, por ter essa mulher incrível ao meu lado, por cada momento que compartilhávamos, por cada riso que trocávamos. Naquele instante, eu percebi que amar Valentina não era apenas uma escolha do coração, era uma verdade inegável que se entrelaçava à minha própria essência.

.....

Quando Valentina finalmente saiu do banheiro, ela usava apenas uma camiseta e calcinha, seus cabelos molhados caíam sobre os ombros, e seus olhos encontraram os meus com uma intensidade que me fez estremecer. E então, com um sorriso travesso, Valentina falou:

- Agora chegou a hora de eu cumprir a promessa e dar a recompensa da minha ajudante. O que acha?

- E no que você pensou? - perguntei curiosa.

- Massagem, topa?

- Minhas costas estão realmente precisando depois de carregar toooodas aquelas caixas. - respondi, exagerando.

Valentina sorriu. Meu coração disparou, respirei fundo e fui em direção ao quarto. Me desfiz da parte de cima de seu pijama, me deitando de bruços em seu colchão, enquanto a esperava.

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora