CAPÍTULO 32 - PRIMEIRAS NOTAS

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POV LUIZA

Acordei ansiosa para seguir até a escolinha onde Valentina estava dando aula. As mensagens de Valentina no dia anterior não saiam da minha mente, especialmente o pedido para ajudar o pequeno Léo, que queria aprender a tocar violino. Aquilo trouxe à tona memórias da minha própria infância, quando o som mágico desse instrumento atraiu meus ouvidos pela primeira vez.

Recordações de um tempo onde a música era uma descoberta constante me inundaram. Lembrei-me da primeira vez que segurei um arco, da emoção de produzir notas que pareciam dançar no ar. O violino se tornou mais do que um simples instrumento, era a manifestação da minha paixão e um portal para um mundo de sonhos.

Escolhi algo confortável para vestir, o dia estava ensolarado. Antes de sair, peguei meu violino, sentindo uma empolgação familiar borbulhar dentro de mim. Um dia livre era raro, especialmente com a proximidade da apresentação da orquestra, que tornava os ensaios intensos.

Antes de sair de casa, esbarrei com meu pai no corredor.

- Bom dia, pai. - cumprimentei.

- Bom dia, Luiza. Onde você vai tão cedo? Parece animada.

- Tenho um compromisso na escola onde a Valentina está dando aula. Pode ser que demore um pouco pra chegar pro almoço. - expliquei. - Aliás, pensei em chamá-la pra almoçar com a gente hoje. Quero apresentar oficialmente minha namorada. - propus, olhando-o com expectativa e meu pai sorriu.

- Claro, filha. Ficarei feliz em conhecê-la.

- Vou fazer isso, obrigada, pai. - agradeci, dando um beijo em sua bochecha antes de seguir para a escola.

Chegando lá, não encontrei Valentina na entrada como havíamos combinado. Percebi que estava um pouco atrasada e me apressei até a recepção.

- Com licença, sou a Luiza, estou procurando pela Valentina. Ela está me esperando. - disse à recepcionista.

- Claro, a Valentina já me avisou que você viria. Ela está naquela sala ali. - a mulher atrás do balcão me olhou e sorriu, indicando o caminho da sala onde Valentina estava dando aula.

Agradeci e segui na direção indicada. Ao me aproximar da porta, fiquei observando Valentina pela fresta. Seu jeito envolvente de lidar com as crianças me encantou profundamente. Os olhinhos curiosos e cheios de admiração dos pequenos em torno dela era uma cena adorável.

Decidi bater na porta, interrompendo delicadamente o momento.

- Posso entrar? - perguntei assim que ela virou na minha direção.

Valentina, com sua expressão iluminada, acenou afirmativamente, e adentrei a sala. Sorrimos uma para a outra, cientes de que aquele dia seria especial.

- Pessoal, gostaria de apresentar a Luiza, que é uma violinista incrível, e hoje ela vai nos presentear com um pouco da sua música. Vocês vão adorar! - ela explicou, contagiando a sala - O violino é um instrumento mágico, suas cordas produzem sons emocionantes. É como se ele pudesse contar histórias sem dizer uma única palavra. Vamos ficar bem quietinhos e prestar muita atenção, porque a tia Lu vai nos levar a um mundo cheio de magia.

Fiquei surpresa e emocionada com as palavras de Valentina, ela me olhou e sorriu, me incentivando a pegar o violino. Então, me posicionei para dar início a música e as crianças se acomodaram com os olhinhos fixos em mim.

À medida que as primeiras notas preenchiam a sala, senti uma conexão instantânea com o instrumento que havia me acompanhado desde a infância, me deixei levar pela melodia, mergulhando nas memórias que as notas evocavam.

Eu não precisei que Valentina me indicasse qual deles era o Léo, apenas observando aqueles pequenos enquanto eu tocava, pude notar o garotinho que me olhava com total admiração, era diferente dos demais. Eu queria que aquelas melodias despertassem sonhos e inspirações nele, assim como o violino fez por mim quando eu era criança.

Ao final da música, o silêncio pairou por um momento antes de ser quebrado por aplausos entusiasmados das crianças. Léo, em particular, estava bem animado.

- Tia Lu, isso foi incrível! - ele exclamou, aplaudindo.

- Fico feliz que tenha gostado. A música tem o poder de nos transportar para lugares mágicos, não é mesmo? - comentei, sorrindo para ele.

Valentina, ao meu lado, estava visivelmente orgulhosa, e eu sentia-me grata por compartilhar esse momento especial com as crianças, especialmente com Léo, cujo entusiasmo pela música começava a florescer.

Com Léo visivelmente empolgado, eu não pude deixar de sugerir que ele tentasse tocar também.

- Que tal experimentar um pouquinho? - ofereci-lhe o violino, e seus olhos se iluminaram.

- Mesmo? Eu posso?

- Claro, com certeza. Vamos, eu te mostro como segurar. - sentei-me ao lado dele, explicando cuidadosamente os primeiros passos.

Valentina tentou continuar sua aula com os outros pequenos, enquanto fiquei em um canto com Léo, mas logo outros alunos também manifestaram interesse em experimentar, e eu os encorajei a explorar o novo instrumento.

Fomos improvisando, revezando com as crianças entre curiosas tentativas e risadas contagiantes. Valentina participava, incentivando os pequenos músicos e elogiando cada esforço.

Ao final da aula, as crianças estavam radiantes, e eu senti uma satisfação genuína em compartilhar não apenas a música, mas a paixão que ela despertava. Léo correu em minha direção.

- Tia Luiza, foi incrível! Eu quero ser como você e a tia Valen quando eu crescer. - ele disse animado.

- Fico feliz que tenha gostado, Léo. Você só precisa continuar praticando. - baguncei carinhosamente seus cabelos.

Valentina se aproximou, orgulhosa.

- Ele leva jeito, né? - comentou.

- Com certeza. Você está fazendo um trabalho maravilhoso aqui, amor. - elogiei, sorrindo para ela.

Terminamos de nos despedir das crianças, e então, Valentina virou para mim.

- Lu, eu não tenho palavras para agradecer por ter topado isso. Foi maravilhoso.

- Foi incrível mesmo, amor. Essas crianças são uns amores.

- E você é incrível por ter proporcionado isso para elas. - ela disse, tocando meu rosto carinhosamente. - Sabe, eu tenho que agradecer por ter uma namorada tão talentosa e generosa. - ela sorriu e me deu um beijo leve.

- Você sabe que faria qualquer coisa por você, não é? - respondi, retribuindo o beijo.

Assim que nossos lábios se desgrudaram, eu sugeri, segurando sua mão.

- O que acha de irmos almoçar juntas? Não tenho compromissos, e eu adoraria passar mais tempo ao seu lado.

- Almoçar juntas? - ela pareceu surpresa.

- Sim, eu estava pensando em convidar você para almoçar lá em casa comigo e meu pai. O que acha?

- Almoçar com seu pai? Assim, de repente? - Valentina ficou um pouco apreensiva.

- Relaxa, Valen. Ele meio que já te conhece, né? É só para oficializar. E meu pai é de boa, tenho certeza que vai adorar te conhecer melhor.

- Bom, se você tem certeza... - ela sorriu, concordando.

- Então vamos, vocês vão se dar super bem.

Saímos da escolinha, de mãos dadas e partimos para minha casa, minha mente a todo momento antecipando o momento em que Valentina e meu pai se conheceriam oficialmente.

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⏰ Última atualização: Nov 29, 2023 ⏰

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