CAPÍTULO 16 - CONEXÕES E DÚVIDAS

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POV LUIZA

Depois das revelações, eu e Valentina acabamos adormecendo novamente. No entanto, fomos despertadas de nossa paz pelo barulho da porta do quarto se abrindo abruptamente. Carol, minha irmã mais velha, entrou sem bater, interrompendo nosso momento.

- Eita, Luiza! - no mesmo instante que entrou, Carol saiu assustada.

- Carol! - exclamei, surpresa e um pouco irritada. - Bate antes de entrar!

- Desculpa! - ela berrou do corredor.

Valentina se sentou na cama e eu fui até a porta.

- O que você quer, Carol? - perguntei.

- Eu só vim perguntar se você sabe de quem é aquele carro que está estacionado na frente da garagem. Papai precisa sair para trabalhar. - Carol explicou.

- Ah, é o carro do Igor, o irmão da Valentina. Ele me emprestou ontem à noite para trazer a Valen. Ela não estava muito bem. - expliquei, tentando ser breve.

- Quer dizer então que vocês estão juntas? Nem me falou nada. - Carol pareceu confusa.

- Mais ou menos, a gente só ficou. Eu já vou lá tirar o carro, Carol, me dá dois minutos. - falei fechando a porta e expulsando minha irmã.

Assim que fechei a porta atrás dela, voltei para perto de Valentina, que parecia estar se esforçando para não rir da situação.

- Desculpa por isso. Minha irmã é meio... invasiva. - me desculpei, envergonhada.

- Tudo bem, Lu. Eu já vou lá tirar o carro e eu já estava pensando em ir embora mesmo, não quero atrapalhar.

- Não, fica aí, você ainda precisa comer alguma coisa. Eu tiro o carro - falei rapidamente, enquanto pegava algumas coisas do armário e me trocava. Valentina me acompanhava com o olhar.

Assim que terminei de me trocar, me dirigi a ela:

- Pode pegar alguma roupa minha no armário. Não vai usar a mesma roupa de ontem. - Valentina pareceu hesitar por um momento, mas acabou concordando. - Vou te esperar lá embaixo. - avisei.

No andar de baixo, meu pai me esperava. Seu olhar se fixou em mim e então sua expressão se tornou de surpresa e reprovação.

- Luiza, quem é que está dormindo aqui que você não avisou? - meu pai questionou com um tom de repreensão.

- Pai, foi de última hora. A Valentina não estava se sentindo bem e eu achei melhor ela passar a noite aqui. Desculpa por não avisar antes. - expliquei rapidamente.

Ele soltou um suspiro, claramente frustrado, mas balançou a cabeça compreensivamente.

- Tá bom, mas não faça disso um hábito, ok? Você sabe que não me importo que você e sua irmã tragam os namorados aqui, mas eu pelo menos tenho direito de conhecê-los antes, certo?

- Pode deixar, pai. Não vai se repetir. - prometi, aliviada por ele não ter ficado mais bravo - E ela não é minha namorada! - conclui sem graça.

.....

Assim que terminei de estacionar o carro na rua, acenei para meu pai que saiu para trabalhar e voltei para dentro de casa. Me dirigi à cozinha para preparar o café da manhã.

Não demorou muito para Valentina descer vestindo minhas roupas, parecendo estar com um ar apressado.


- Temos que ser rápidas, Luiza. O Igor já está me cobrando pelo carro. - ela disse, franzindo a testa.

- Tudo bem, eu já estou preparando o café. - respondi, me esforçando para manter o ritmo. - A propósito, minhas roupas ficaram ótimas em você. - selei nossos lábios.

Valentina me observava enquanto eu trabalhava na cozinha, um sorriso leve brincando em seus lábios. Era engraçado como mesmo com pressa, ela conseguia me transmitir uma sensação de paz.

Enquanto terminava de colocar as coisas na mesa, Valentina se aproximou de mim e me envolveu em um abraço rápido.

- Obrigada por tudo, Lu. - ela disse com gratidão nos olhos.

- Foi um prazer, Valen. Agora, vamos comer alguma coisa antes de você ir embora. - insisti, segurando sua mão.

Terminamos o café rapidamente e Valentina já estava de pé, pronta para ir embora.

- Lu, eu realmente preciso ir. - ela disse.

Valentina me deu um beijo e depois saiu apressada. E assim, ela foi embora, levando consigo uma parte do meu coração. Fiquei olhando pela janela enquanto ela se afastava, sentindo uma mistura de emoções dentro de mim.

Logo, Carol entrou na cozinha, me tirando dos meus devaneios.

- E então, Lu, o que está rolando entre você e a Valentina? - ela perguntou com um sorriso malicioso. - Outro dia, odiava a garota, agora tá só amorzinho.

- Carol, não começa! - exclamei.

Carol riu e se sentou à mesa.

- Tudo bem, não vou te encher. Mas me fala o que rolou com ela? Você disse que ela estava mal.

- Ela estava estranha depois do show, em um estado péssimo, parecia ter bebido bastante. Estava muito alterada, por isso achei melhor trazer ela pra cá.

- Não que eu queira te colocar dúvida, mas era só bebida? Vai saber o que aconteceu. - Carol fez uma careta pensativa. - Será que ela não usou alguma droga? Ou pode ser que alguém tenha colocado algo na bebida dela, e... - a interrompi.

- Não, claro que não. Não viaja, Carol... Ela não usou nada. E não tem como alguém batizar a bebida, ela ficou praticamente só com o pessoal da banda no barzinho e depois do show veio logo para perto de mim. Acho que não foi isso. - respondi, mas uma dúvida surgiu em minha mente.

- Bem, fica de olho, ok? Não custa nada ser cautelosa. Afinal, você não conhece essa garota há tanto tempo assim. - Carol franziu o cenho.

- Eu sei... - concordei desanimada.

- Você tá gostando mesmo dela, né?

- Muito, a gente tem uma conexão bizarra. - dei um sorriso de canto.

- É bom te ver feliz! Você sabe que tem meu apoio. - Carol me abraçou de lado

Nós duas continuamos conversando, compartilhando risadas e confidências. Apesar das incertezas e das dúvidas, eu sabia que tinha alguém ao meu lado que me apoiaria, e isso era reconfortante.

Enquanto falávamos, eu não pude deixar de pensar em Valentina. Uma parte de mim estava ansiosa para vê-la novamente, para continuar a explorar essa conexão entre nós. No entanto, havia outra parte que estava preocupada, questionando se estava tomando as decisões certas.


Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora