CAPÍTULO 31 - MISSÃO ESPECIAL

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POV LUIZA

Assim que Valentina me trouxe de volta para casa na segunda-feira de manhã, me deparei com Duda e Carol conversando na sala.

- Ué Duda, o que você tá fazendo aqui? - perguntei, surpresa.

- Tentei falar com você o fim de semana todo e não consegui. Vim checar se você ainda estava viva, né Luiza? - Duda deu de ombros.

- Se tem uma coisa que eu tô é viva, Eduarda. - soltei uma risada, me aproximando delas. - Nem peguei no celular, estava na serra com a Valen.

- Isso eu já sei, Carol acabou de me falar.

- Achei que o Igor ia comentar com você. - falei em dúvida.

- Pelo visto a Valentina não comentou nada com ele.

- Parem vocês duas com essa conversinha, e vamos para o que importa. - Carol nos interrompeu. - Olha pra mão da Luiza!

E foi aí que elas notaram o anel reluzente em meu dedo e então a animação atingiu um novo nível.

- Meu Deus, vocês estão noivas ou algo assim? - Duda perguntou.

- Olha só pra cara dela Duda, tá toda apaixonadinha! - Carol riu.

Duda e Carol trocaram olhares cúmplices e começaram a me zoar.

- Parem vocês duas... - falei, rindo junto com elas. - O fim de semana foi incrível, sério. A Valentina me pediu em namoro e eu fiquei toda boba. - levantei a mão e mostrei o anel de perto.

- Vai Luiza, pode ir contando tudo desse fim de semana. - Carol pediu, animada.

- Elas devem ter destruído aquela casa! - Duda comentou.

- Vocês são terríveis! Mas oh, depois eu conto tudo com calma tô cheia de coisa pra fazer... preciso tomar um banho, arrumar as coisas pro ensaio...

- Volta aqui Luiza, fofoca pela metade mata as fofoqueiras. - minha irmã gritou, mas eu subi em direção ao meu quarto, gargalhando da cara delas.


POV VALENTINA

Após deixar Luiza em casa, passei rapidamente no apartamento para tomar um banho e segui para o meu novo emprego. Respirei fundo, tentando afastar um pouco do nervosismo que me dominava. Eu nunca havia lidado com tantas crianças antes e a expectativa do primeiro dia de aula era intensa.

A escolinha ficava em uma área tranquila, cercada por árvores e com um pequeno jardim na entrada. O ambiente era acolhedor, cheio de cores e desenhos pelas paredes, criando um ambiente perfeito para as crianças. Entrei, recebendo cumprimentos calorosos da equipe.

A diretora, uma mulher gentil e sorridente, me mostrou cada canto da escola, desde as salas de aula até o pequeno jardim externo onde as crianças brincavam. Ao chegarmos em uma sala, ela abriu a porta revelando uma coleção de instrumentos musicais.

- Esta é a nossa sala de instrumentos. Às vezes, algumas crianças esquecem de trazer o deles, e outras ainda estão no processo de adquirir um. Sinta-se à vontade para pegar o que precisar aqui. - ela explicou com um sorriso.

Agradeci pela gentileza, já me sentindo mais à vontade naquele novo ambiente.

Ao chegar na sala, fui recebida por um coro de saudações animadas das crianças, que tinham entre 5 e 6 anos. Seus olhos brilhavam de curiosidade e empolgação, e isso aqueceu meu coração.

Comecei a aula com um sorriso, tentando transmitir confiança, e fui explicando os primeiros passos com o violão. Primeiro fui explicando todas as partes do instrumento, a postura e a forma correta de posicioná-lo. As crianças prestavam atenção cheias de entusiasmo e concentração, e isso me tranquilizou.

Foi então que vi um garotinho com um violão desajeitadamente segurado. Me aproximei dele com delicadeza.

- Acho que você precisa de uma ajudinha com isso.

- Acho que sim, professora. - ele me olhou com timidez.

- Não precisa ter vergonha, eu vou te ajudar. - posicionei cuidadosamente as mãos dele no instrumento e ele pareceu mais confiante. - Qual o seu nome?

- Léo.

- Pronto Léo, assim está melhor, não é? - ele assentiu, mas continuou.

- Sim, mas eu pensei que eu ia fazer aulas com o violão pequeno. - ele disse, um pouco desapontado.

- Como assim, Léo? - perguntei intrigada.

- Eu vi na televisão, um violão assim pequenininho. - ele me mostrou o tamanho com as mãozinhas.

Fiquei surpresa, mas também encantada com sua curiosidade. Fui rapidamente até a sala dos instrumentos e trouxe um ukulele que eu havia visto por lá para mostrar ao Léo.

Quando voltei com o ukulele, Léo o segurou de uma maneira peculiar, sob o pescoço, como se fosse um violino. Entendi sua confusão e não pude conter uma risada.

- Ah, já entendi! Você viu na TV as pessoas tocando assim? - perguntei.

- Foi, professora! - ele assentiu, os olhos brilhando de entusiasmo. - Por isso que eu pedi pra minha mãe me colocar na aula de violão, mas ela achou que eu estava falando do violão grande.

- É que esse instrumento que você viu, na verdade se chama violino. Nós não temos aqui na escola, mas eu conheço uma pessoa que toca violino muito bem.

Peguei meu celular e mostrei um vídeo de Luiza tocando para Léo. Ele se aproximou para assistir, curioso. À medida que as notas perfeitamente tocadas por Luiza preenchiam a sala, vi o rosto do garotinho se iluminar. Ao final do vídeo, seus olhinhos estavam marejados. Era incrível como a música podia conectar as pessoas de formas tão singulares.

- É esse que eu quero tocar, tia Valen. Explica para minha mãe, por favor. - ele abriu um sorriso.

- Eu prometo que vou dar um jeito nisso, mas por enquanto a gente precisa continuar a aula do "violão grande", as outras crianças estão esperando. Pode ser?

- Pode! - ele me abraçou empolgado.

Ao final da aula, eu me sentia mais confiante e feliz por ter encontrado essa nova forma de compartilhar a música. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Luiza.

"Amor, tenho uma missão para você. Preciso de ajuda com algo muito especial."

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora