CAPÍTULO 7 - CONSERTANDO OS ERROS

541 70 8
                                    


POV LUIZA

Já era final da tarde de sábado e eu estava sozinha em casa. Carol tinha saído com Roger, meu pai estava trabalhando e a minha melhor amiga me trocou pelo Igor. Decido aproveitar o tempo livre para cuidar do jardim, afinal, as roseiras eram uma das paixões de minha mãe. Ela era especialista em cultivar essas flores tão delicadas, mas, infelizmente, não herdei o seu talento. Mesmo assim, tento fazer o possível para mantê-las vivas.

Estava distraída regando as plantas quando ouço uma voz vinda do portão:

- Luiza, toma cuidado para não encharcar muito as rosas. Elas não gostam de excesso de água.

Levo um susto e me viro rapidamente. Para minha surpresa, era a Valentina.

- Meu Deus, Valentina, você quer me matar?

Meu coração disparou assim que ouvi a voz dela. Mas como Valentina sabia onde eu morava? E desde quando Valentina entende de roseiras? Curiosa, vou até o portão falar com Valentina, que logo me diz:

- Luiza, olha, eu vim em missão de paz, eu juro. Não queria te assustar. - ela levanta as mãos para o alto em sinal de rendição. - Eu... eu só precisava me desculpar...

Sinto sinceridade em suas palavras e enquanto abria o portão, nossos olhares se encontraram, cheios de emoções misturadas. Ela entra e nós nos sentamos em um banco no jardim.

- Como você descobriu onde eu morava? Aposto que foi a Duda aquela boca aberta, né?

- Não, na verdade eu usei a senha do meu pai para acessar o sistema da faculdade - ela sorri sem graça.

- Como assim do seu pai? Isso não é meio que ilegal? - pergunto, mostrando minha preocupação.

- Meu pai é o Marcos Albuquerque, o reitor. Eu sei que foi errado, Lu, mas eu precisava te encontrar pessoalmente, olho no olho, pra me desculpar. Eu não devia ter sido grossa com você, nem tentado te beijar, enfim, também não era minha intenção pegar seu endereço sem sua autorização. - ela começou a se atropelar nas palavras, mas continuou. - Eu só fui tentando consertar um erro e cometendo outro, só quero recomeçar tudo, sabe? Me desculpa...

- Valentina, respira! Calma, tá tudo bem, eu acho...

Fico em silêncio por um momento, processando suas palavras. A atitude de Valentina é inesperada, mas decido dar essa chance à ela, afinal todos merecem uma segunda chance.


POV VALENTINA

Luiza me ouviu atentamente, mas logo um silêncio se instalou entre nós. Decido continuar:

- Olha, Lu, não quero que confie em mim de uma hora pra outra, só preciso de uma chance pra mostrar que sou melhor que isso.

- Tá tudo bem, mesmo. Só não esquece que a confiança se ganha com ações, não só palavras. - eu sorrio, aliviada com sua compreensão.

- Obrigada, Luiza. Não vou te decepcionar, prometo. - respiro fundo, sentindo o peso da minha culpa diminuir um pouco.

O clima ainda estava um pouco tenso, mas Luiza logo começa a me perguntar sobre as roseiras, numa clara tentativa de quebrar o gelo.

- Agora me fala, desde quando você entende de flores?

- Na casa da serra, nós temos uma estufa, e eu adoro compartilhar alguns momentos com o meu pai lá, cuidando das flores. É um momento especial para nós. - explico, com um brilho nos olhos.

Luiza fica pensativa, e, depois também compartilha sua história comigo:

- Essas roseiras eram da minha mãe. Ela era incrível em cuidar delas, mas infelizmente ela faleceu. - sinto sua voz embargar, mas ela continua. - Agora eu sou responsável por cuidar delas, mas não tenho tanto talento assim para mantê-las vivas.

- Eu sinto muito pela sua mãe. Se você precisar de ajuda, pode contar comigo. Eu posso te passar algumas dicas que aprendi com meu pai. Podemos tentar fazer essas roseiras encherem de flores novamente. - sugiro, esperando que ela aceite.

Luiza pondera por um momento, mas assente com a cabeça.

O sol começa a se pôr, e percebo que está na hora de ir embora.

- Lu, já tenho que ir. Mas antes, preciso te contar uma coisa. - respiro fundo, sentindo uma onda de felicidade tomar conta de mim.

- Fala logo, Valentina, me deixou curiosa.

- É meio que um spoiler, tá? Hoje mais cedo, quando acessei o sistema da faculdade, não resisti e fui olhar suas notas para bolsa de estudos, e bem, você conseguiu. Eles devem te ligar durante a semana para dar a notícia. Parabéns Lu!

Luiza fica totalmente surpresa e paralisada com a notícia, mas logo um sorriso radiante se forma em seus lábios.

- Sério? Eu consegui? - ela exclama transbordando felicidade.

No impulso, Luiza me abraça, totalmente contagiada pela emoção do momento, o abraço mais sincero e reconfortante que já recebi.

Quando nossos corpos se separam, Luiza fica um pouco sem graça pelo contato inesperado, mas claramente um clima de conexão nos envolve. Decido que é melhor ir embora antes que as pessoas da casa dela cheguem e estraguem esse momento especial que acabamos de compartilhar.

- Agora eu tenho que ir mesmo. Mas obrigada por me receber aqui, Lu. Nos vemos em breve? - digo com um sorriso tímido e ela assente.

Luiza me acompanha até o portão. Enquanto dirijo de volta para casa, sinto uma mistura de entusiasmo e nervosismo. Estou determinada a fazer o meu melhor para merecer a confiança de Luiza.

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora