CAPÍTULO 15 - REVELAÇÕES

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POV LUIZA

A manhã chegou de forma calma, mas meu coração ainda estava agitado pelas preocupações da noite anterior. Depois de entregar um remédio para Valentina, ela se deitou novamente em minha cama, e eu fui me aninhar em suas costas.

Era uma sensação reconfortante tê-la em meus braços, como se o mundo inteiro desaparecesse e só restasse nós duas ali naquele momento. Tudo parecia fazer parte de um sonho bom.

Meu coração acelerou levemente quando ela começou a acariciar meu pulso, onde estava a pulseira, dissipando todos os meus pensamentos. Um arrepio percorreu minha pele sob seu toque suave, e eu não pude evitar um suspiro involuntário.

Eu já tinha desconfiado antes, ao comparar as letras, mas agora com seu toque era como se a confirmação estivesse ali. Só podia ter sido Valentina a autora do bilhete e do gesto tão significativo que me encorajou e trouxe sorte num momento tão importante da minha vida.

Minha mente estava numa verdadeira confusão, mas ao mesmo tempo, meu coração estava tão cheio que parecia prestes a explodir. A coragem para abordar o assunto estava se construindo dentro de mim, e então, eu sussurrei:

- Obrigada por isso.

Sinto que Valentina também queria falar algo, mas a interrompi. Ela se vira para mim e me olha com um olhar de surpresa. Ficamos nos encarando e era como se todo o universo estivesse suspenso naquele instante, como se tudo ao nosso redor desaparecesse.

Um sorriso tímido surge em meus lábios e ela segura em minha mão delicadamente.

- Luiza, eu... Eu ia te contar agora... - ela diz, com a voz carregada de emoção.

- Então foi você, mesmo?

- Sim, como você descobriu? - ela continua sem entender.

- Eu comparei a sua letra com a do bilhete e meio que desconfiei.

Valentina sorriu e puxou meu pulso até seus lábios, depositando um beijo sobre a pulseira, transmitindo tudo o que sentia através desse gesto. Era difícil encontrar as palavras certas para expressar tudo o que estava passando por minha mente.

- Mas me conta como foi tudo isso?

- Eu peguei um uber com seu pai, no dia da sua audição, ele estava te levando o violino. Durante a viagem ele me contou sobre você, sobre sua paixão pela música, foi uma ideia boba, eu sei... - ela disse se sentindo vulnerável.

- Não foi bobo, foi muito especial. Eu nunca vou esquecer aquele dia, nem a sensação que tive quando encontrei aquilo. Foi como se o destino já estivesse nos unindo de alguma forma. E me trouxe sorte, no final das contas.

A emoção estava estampada em cada detalhe de seu rosto, e eu sentia meu coração bater mais rápido a cada segundo que passava. Era como se estivéssemos conectadas de uma maneira profunda e intensa, capaz de transcender as palavras.

- Mas por que não me contou antes? - pergunto, deixando escapar a curiosidade que me consumia.

Valentina suspira suavemente, como se estivesse pesando cuidadosamente suas palavras antes de falar.

- Eu não queria que você sentisse que tinha que gostar de mim só por causa disso, Luiza. Depois de todas as coisas que fiz errado quando nos conhecemos, eu queria que você gostasse de mim pelo que eu sou, não por uma pulseira ou um bilhete.

Sorrio involuntariamente, tocada pela sinceridade de suas palavras.

- Valen, você já percebeu, não é? - minha voz está carregada de emoção. - Desde o momento em que nos encontramos, eu senti algo, uma conexão que não consigo explicar.

- Era exatamente o que eu sentia também, Lu. - Valentina sorri, seus olhos brilhando com a intensidade do momento. - Mas, ao mesmo tempo, eu estava com medo de estragar tudo de te pressionar com meus sentimentos antes de termos a chance de nos conhecermos de verdade.

- Valen, a conexão que temos, essa energia, é algo muito maior do que qualquer gesto. - seguro seu rosto em minhas mãos, seus olhos fixos nos meus. - Você é a sorte que eu jamais imaginei ter, e a pulseira, o bilhete, são apenas símbolos disso que existe entre nós.

As lágrimas se acumulam em meus olhos, e sem pensar duas vezes, eu a puxo para um beijo. Um beijo cheio de toda a emoção e intensidade que havíamos acumulado desde o momento em que nossos olhares se encontraram pela primeira vez.

Ali, naquele beijo, senti não apenas a revelação de que Valentina era a autora do gesto que me marcou profundamente, mas a confirmação de que o que vivíamos era algo verdadeiro, poderoso e inabalável.

Enquanto nos entregávamos a esse momento, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer.

À medida que nossos lábios foram se separando, a olhei com um brilho travesso nos olhos.

- Sabe, Valen, acho que o destino tinha seus planos para nós, não é? - ela assentiu com um sorriso, acariciando minha bochecha com carinho.

- E eu não podia estar mais feliz com esses planos.

Um sorriso tímido se forma em meus lábios, enquanto Valentina me encara com uma expressão sincera e apaixonada.

- Eu não quero apressar as coisas, Lu, mas eu realmente gosto de você. - Valentina diz, sua voz carregada de sinceridade.

- Eu também gosto de você, Valen. Estou disposta a dar uma chance para nós. - respondo, sentindo-me inundada por uma onda de emoções positivas.

Ficamos ali, nos olhando, as palavras se tornando desnecessárias diante da profundidade de nossos sentimentos. Em nossos olhares, eu vi um futuro cheio de possibilidades, de amor e conexão verdadeira. Naquele momento, tudo o que importava era o presente, o agora, e o fato de que finalmente havíamos nos permitido abrir nossos corações uma para a outra.

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora