CAPÍTULO 30 - FLOR DE MARACUJÁ

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POV VALENTINA

Na manhã seguinte, a luz dourada do sol já se infiltrava pelas cortinas quando eu acordei me sentindo a mulher mais sortuda do mundo. Ter Luiza em minha vida era melhor que ganhar na loteria, porque não era como um prêmio material, mas era a riqueza de um amor genuíno que me alegrava todos os dias. Era a sorte de ter ao meu lado uma alma que completava a minha de forma única.

Meus devaneios foram interrompidos quando percebi que Luiza não estava mais na cama. Eu rapidamente me levantei, fiz minha higiene matinal e saí do quarto decidida a encontrá-la.

Caminhei pelos corredores silenciosamente, seguindo o som suave de uma música que ecoava pela casa. Ao chegar à cozinha, deparei-me com uma visão que fez meu coração transbordar.

Luiza estava cozinhando e dançando com uma graciosidade irresistível. Seus passos eram uma fusão envolvente de sensualidade e elegância, ela estava se entregando à aquela dança na mesma proporção que estava dando tudo de si naquele prato que estava preparando. A sua alegria contagiante me deixou sem fôlego.

Permaneci ali, observando-a em silêncio, sem querer interromper aquele momento. Mas então, ela se virou para alcançar uma panela que estava mais distante, surpreendendo-se com a minha presença e se dando conta de que não estava sozinha.

- Caralho Valentina, que susto! - ela exclamou, levando a mão ao peito com os olhos arregalados de surpresa.

- Já tava sexy dançando, ficou mais ainda xingando. - eu me aproximei dela.

- É sério, amor. Olha isso. - ela pegou minha mão e colocou sobre seu peito. Seu coração estava realmente acelerado.

- Desculpa, não era pra te assustar. Eu só não resisti à essa visão que eu tive logo cedo. - eu soltei uma risada. - Será que um beijinho acalma esse coração?

- Um só? Que pão dura... acho que uns vinte ou trinta, talvez...

Então eu comecei a contagem dos selinhos, espalhando beijos pela sua boca, seu rosto, seu pescoço... Um beijinho, dois, três... Até ela me interromper.

- Mas agora é sério mesmo, amor. Não era pra você ter descido. - ela fingiu estar brava, mas havia um brilho travesso em seus olhos. - Eu estava planejando te levar o café na cama para retribuir o jantar maravilhoso de ontem.

- Você sabe que não precisava retribuir, mas eu posso voltar lá pra cama pra não estragar a sua surpresa. - minha gratidão e alegria transbordaram em um abraço apertado.

- Já estragou né? Agora fica aqui mesmo, já estou terminando. Fiz panquecas!

Sentamos à mesa, compartilhando risos e conversas leves enquanto saboreávamos o café da manhã que ela havia preparado.

- Lu, você tem planos para hoje? - eu perguntei.

- Nenhum que não envolva estar com você. - ela respondeu, sorrindo. E era verdade, esse dia era só nosso.

Estávamos terminando o café quando ouvimos batidas na porta. Luiza me olhou surpresa, mas eu já sabia quem era.

Fiquei de pé e fui até a porta, Luiza me seguindo. Ao abrir, deparei-me com um homem sorridente, de idade avançada e olhos gentis. Era seu Hélio, o caseiro da casa. Eu o conhecia desde criança e sempre tive um carinho especial por ele.

- Seu Hélio, que surpresa boa! - exclamei, abraçando-o com ternura.

- Valentina! Quanto tempo não te vejo, menina. - ele disse, sorrindo, e então notou a presença de Luiza. - E quem é essa moça?

- Essa é a Luiza, minha namorada. - apressei-me em apresentar Luiza, e Seu Hélio a cumprimentou calorosamente.

- É um prazer conhecer o senhor, Seu Hélio.

- O prazer é todo meu, minha jovem. - ele respondeu, com simpatia. - Espero que esteja do agrado de vocês todos os mantimentos que deixei preparados conforme você pediu, Valentina.

- Está tudo perfeito, seu Hélio. Muito obrigada por toda a ajuda. - eu agradeci.

- Não quero atrapalhar vocês, garotas. Só vim avisar sobre aquela sua flor que finalmente abriu. Ela precisa de alguns cuidados, e se quiser, eu posso ir lá cuidar, ou prefere você mesma ir?

- Nós vamos lá cuidar, pode deixar. Obrigada por avisar. - Luiza arqueou uma sobrancelha, claramente surpresa. Eu dei de ombros, sorrindo para ela.

Seu Hélio se despediu e seguiu seu caminho. Logo em seguida, eu e Luiza nos dirigimos até a estufa.

- Amor, você sabe que eu sou péssima com flores né? - Luiza falou se desculpando. - E que flor é essa que ele falou?

- Eu vou te ensinar, Lu. Deixa comigo. A flor que abriu é a flor de maracujá, a flor mais bonita de todas, você vai ver.

Ao nos aproximarmos da flor, pude ver o fascínio nos olhos de Luiza.

- Uau, é linda mesmo. - ela disse, empolgada.

- Só não é mais bonita que você.

- Eita, como é boiola... mas ela é bonita mesmo. Nunca tinha visto uma dessas.

- A flor de maracujá é uma verdadeira obra de arte da natureza. - expliquei. - E é bem delicada, precisa de cuidados especiais. Se os maracujazeiros não forem devidamente polinizados, as flores murcham e caem no dia seguinte. Só que o pólen do maracujá é muito grande para a maioria dos insetos, então geralmente aqui na estufa a gente faz isso com as nossas próprias mãos. Vem vou te ensinar.

Enquanto eu explicava, pude perceber a surpresa e admiração nos olhos de Luiza. Era como se ela estivesse descobrindo um mundo novo, e eu me senti feliz por compartilhar esse conhecimento com ela.

Eu peguei suavemente na mão de Luiza e levei seus dedos de flor em flor, até levar o pólen delicadamente á todas as flores que estavam abertas.

- Valen, isso é incrível! Eu nunca imaginei que cuidar de flores fosse tão complexo. - Luiza comentou, maravilhada.

Juntas, começamos a polinizar as flores com delicadeza, dando àquela planta o cuidado que ela merecia.

E ali, naquele pequeno espaço verde da estufa, eu senti que não só estávamos cuidando de uma flor, mas também cultivando o nosso amor.

Ao final da visita à estufa, separamos um adubo especial que levaríamos para o jardim da mãe de Luiza.

Esse final de semana na serra com certeza vai se tornar uma daquelas histórias que vamos contar aos nossos filhos no futuro, um capítulo de felicidade e amor que eu guardaria em meu coração para sempre. 

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora