CAPÍTULO 26 - CONFISSÃO

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POV LUIZA

Eu olhei para Valentina em pânico, meus olhos se arregalando com o som da maçaneta girando e da porta do banheiro se abrindo. Rápido como um raio, tirei a mão de Valentina de meu corpo e abotoei a minha calça, sentindo a eletricidade do momento se dissipar em um segundo.

- Dá pra continuar, Lu. Baixinho. - a voz de Valentina estava carregada de frustração e desapontamento, mas eu não me sentia confortável.

Nossa atenção, então, se voltou para as vozes que invadiram o banheiro. Era Giovana, e parecia estar acompanhada de outra garota. O que nos surpreendeu foi o choro audível em sua voz. O que poderia ter acontecido?

Giovana soluçava enquanto falava com a garota ao seu lado. A angústia em suas palavras era palpável.

- Eu simplesmente não acredito, ela saiu da banda, e foi por minha culpa... - Giovana falou em meio às lágrimas.

Valentina fez um movimento para sair da cabine, mas eu a impedi e ela me lançou um olhar furioso. Sei que sua vontade era de confrontá-la ali mesmo, mas meus olhos transmitiam um pedido silencioso para que ela não fizesse nada precipitado.

Continuamos a ouvir a conversa, e as palavras de Giovana seguiram.

A garota perguntou se Valentina havia saído da banda apenas por causa do boato que Giovana havia espalhado sobre nós duas, como se isso fosse pouco.

- Isso é o que ela sabe, mas... teve mais coisas. Coisas que elas nem ficaram sabendo... - sussurrou Giovana, deixando uma sensação de mal-estar no ar.

Nesse momento, senti a urgência de fazer alguma coisa. Rapidamente, peguei meu celular do bolso e comecei a gravar o áudio da conversa. Valentina me olhava incrédula.

Giovana, envolta em soluços, desabafava com a garota ao seu lado. Seus lamentos carregavam culpa e remorso, revelando um lado de sua personalidade que eu jamais havia visto.

Valentina e eu trocamos olhares tensos, nossos corpos encolhidos na cabine estreita. Era uma situação surreal, como se estivéssemos em um filme de suspense, escondidas, esperando para descobrir o próximo desdobramento.

- O que mais você fez, Giovana? - a garota a repreendeu, chocada com o que acabara de ouvir.

E então, Giovana, confessou suas ações. Ela havia colocado algo na bebida de Valentina, na esperança de fazer com que eu acreditasse que Valentina usava drogas, e assim, me afastasse dela, afinal eu sou "certinha demais para essas coisas", palavras dela. Tudo isso porque ela não podia suportar a ideia de Valentina estar comigo.

- O que você estava pensando? Isso é completamente maluco! - a garota disse.

- Eu não me conformo, o que a Tina viu na bolsista? A gente fazia um casal muito mais bonito.

A voz de Giovana, ainda embargada pelo choro, continuava a narrar os acontecimentos e logo em seguida elas saíram do banheiro. Meus dedos tremiam enquanto eu guardava o celular.

Agora, diante da verdade, eu encarava Valentina em choque, sentindo meu coração bater forte no peito. As palavras de Giovana ecoavam como um trovão no pequeno espaço do banheiro. Valentina estava ao meu lado, sua respiração também agitada, mas ambas mantínhamos o silêncio. O que mais Giovana seria capaz de fazer para nos separar?

Era uma revelação perturbadora, e o áudio que eu havia gravado seria nossa única defesa contra as atitudes de Giovana. Valentina e eu saímos da cabine assustadas.

- Lu, você gravou tudo, né? - ela perguntou, sua voz carregada de preocupação.

- Sim, eu gravei. Isso aqui vai ser útil, pelo menos temos uma prova importante do que ela fez.

- Eu não posso acreditar que ela fez tudo isso. É tão... doentio.

- Eu sei, Valen. Fiquei chocada também. O que ela fez é completamente inaceitável.

- Como alguém pode ser tão cruel? - ela estava indignada.

- Às vezes, as pessoas fazem coisas terríveis por inveja, raiva ou simplesmente por maldade.

- Mas e agora?

- Primeiro, precisamos manter isso seguro. Não podemos correr o risco de ela descobrir. E depois... bem, podemos pensar em como podemos usar isso da melhor maneira possível. O que você pensou em fazer?

Valentina me encarou por um momento, ponderando sobre a situação. Finalmente, ela respirou fundo e disse:

- Vou levar essa gravação até a direção da faculdade. Eles precisam saber o que Giovana é capaz de fazer.

- Você sabe que se prestar queixa, Giovana pode até ser presa, não é? Ela te drogou Valentina! - eu a lembrei, ponderando as consequências legais que isso poderia ter.

Valentina assentiu, olhando para o chão antes de responder:

- Eu sei, Lu. Mas não é isso que eu quero. Acho que, só se a faculdade já tomar alguma providência, Giovana finalmente vai parar de tentar entrar no nosso caminho.

Era uma perspectiva otimista, e eu queria acreditar nisso. Mas ao mesmo tempo, eu sabia que Giovana era imprevisível e capaz de coisas terríveis. Olhei nos olhos de Valentina, confiando nela para tomar a decisão certa.

- Se você acha que é o melhor, eu te apoio. Estou aqui ao seu lado, não importa o que aconteça. - declarei, colocando minha mão sobre a dela e apertando com firmeza.

Valentina sorriu, a gratidão brilhando em seus olhos.

- Eu só quero que isso acabe. Não quero viver com medo do que ela pode fazer para nos afastar.

- Vamos enfrentar isso juntas, amor. Ela não vai nos separar. Somos mais fortes do que isso.

- Eu te amo, Lu. Obrigada por estar ao meu lado.

- Eu te amo também. Sempre estarei ao seu lado, não importa o que aconteça. - eu prometi.

Nos abraçamos com força, determinadas a enfrentar tudo. Eu segui para minha aula e Valentina se encaminhou para a sala da direção.

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora