CAPÍTULO 28 - REFÚGIO

409 67 4
                                    

POV LUIZA

O sábado de manhã chegou com a promessa de um dia especial na serra com Valentina, que me encheu de expectativas. Mal podia conter a empolgação quando a vi chegar em sua moto para me buscar em casa.

- Valen! - chamei, correndo em direção a ela e recebendo um sorriso em troca.

- Ei, Lu! - ela respondeu, seus olhos brilhando de animação. - Tá pronta?

- Com certeza! - respondi. Trocamos um beijo rápido e subi na moto em seguida.

Enquanto Valentina acelerava sua moto pela estrada sinuosa que levava à casa da serra, eu a agarrei com força. Era a minha primeira vez pegando uma estrada de moto, e a experiência era intensa. Cada curva que Valentina contornava me fazia segurar ainda mais forte. Por mais que meu coração disparasse, eu não trocaria esse momento por nada no mundo.

Eu sentia o vento gelado se chocar contra meu corpo, contrastando com o calor que emanava do corpo de Valentina.

As horas passaram rápido, embaladas pela paisagem exuberante que se estendia diante de nós. Montanhas majestosas e vales verdejantes desfilavam diante de meus olhos, uma visão que me deixava maravilhada.

Quando chegamos à casa, Valentina a apresentou como se fosse um refúgio que ela guardava com carinho.

- Esse é um dos meus lugares favoritos no mundo. - ela disse com os olhos brilhando. - Espero que goste, Lu.

A casa da família de Valentina era realmente como um refúgio encantador. Ao entrarmos pela sala, fui envolvida pelo aconchego que o ambiente exalava. Móveis de madeira escura e almofadas macias em tons terrosos conferiam um toque rústico e acolhedor. Quadros de paisagens campestres adornavam as paredes, e cortinas leves balançavam suavemente com a brisa que entrava pelas janelas.

Uma lareira imponente dominava uma das paredes, prometendo aquecer as noites frias da serra. Valentina me guiou pela sala, apresentando cada canto com um brilho nos olhos, revelando a história e o significado de cada peça que compunha aquele espaço.

De lá, seguimos para uma cozinha bem equipada, onde o aroma de temperos frescos já flutuava no ar. Os armários eram repletos de utensílios, e uma grande mesa de madeira convidava para futuras refeições.

Valentina abriu a geladeira, revelando uma enormidade de ingredientes bem organizados. Ela se virou para mim, com um sorriso travesso iluminando seu rosto.

- Eu pedi para o caseiro preparar tudo para a nossa chegada. Temos uma variedade enorme de ingredientes aqui. Podemos fazer praticamente qualquer coisa que quisermos.

Olhei para dentro da geladeira, surpresa com a generosidade de opções. A voz dela carregava uma mistura de alegria e nostalgia, e eu podia sentir o carinho que ela tinha por aquele lugar.

Subimos uma escada de madeira para o segundo andar, onde Valentina me mostrou o quarto dela e que, agora, seria nosso. Cada detalhe estava impregnado com a personalidade dela, desde os quadros nas paredes até os livros cuidadosamente dispostos nas prateleiras.

- Espero que goste, Lu. É o meu cantinho preferido daqui. - ela disse, seus olhos verdes brilhando com expectativa.

- É perfeito, amor. - sorri, genuinamente encantada com tudo o que via.

E era verdade, seu quarto era um reflexo da pessoa incrível que Valentina era. Cada cantinho parecia carregar um pedaço dela, e eu me sentia privilegiada por poder compartilhar esse espaço especial com ela.

Olhei ao redor, saboreando cada detalhe. A serra lá fora parecia um cenário de tirar o fôlego, e a luz fraca do sol que se filtrava pelas cortinas criava uma atmosfera ainda mais mágica. Eu me sentia em casa, não apenas naquela casa em meio à serra, mas em todos os lugares onde Valentina estivesse comigo.

Valentina se aproximou da janela, me tirando de meus devaneios, seus olhos contemplando a vista.

- Lu, olha só lá embaixo, ali fica a nossa estufa. Ali que, desde pequena, meu pai me ensinou a cuidar das flores e plantas. Era uma espécie de atividade só nossa, e me fazia bem, principalmente quando minha mãe estava daquele jeito estressada e a gente queria fugir um pouco.

Olhei na direção que ela apontava e pude ver a estrutura de vidro reluzindo sob a luz do sol. Era um lugar especial para ela, e eu podia sentir a conexão profunda que tinha com aquele cantinho.

- Deve ser incrível poder ter um lugar assim para se conectar com a natureza. - comentei, imaginando Valentina passando horas ali, cuidando das plantas.

- É sim. E eu mal posso esperar para te levar lá. Você vai adorar. - ela disse, seus olhos voltados para a estufa com um brilho de animação.

Não pude deixar de me sentir tocada pela forma como Valentina compartilhava comigo os lugares e memórias que eram especiais para ela. Era como se, ao me mostrar essa casa e suas histórias, ela estivesse me permitindo entrar ainda mais em seu mundo. Era um gesto de confiança que eu valorizava profundamente.

- Mal posso esperar para conhecer. - respondi, sorrindo, me sentindo cada vez mais próxima dela. Era incrível como, a cada momento, Valentina me mostrava um pouco mais de quem ela era, e eu me apaixonava ainda mais por essa mulher incrível.

Valentina me puxou gentilmente para mais perto dela, selando nossos lábios.

Deixamos nossas mochilas no quarto, e depois de nos acomodarmos, decidimos explorar os arredores em uma caminhada tranquila. O cenário ao nosso redor era um espetáculo para os olhos.

Foi durante essa caminhada que Valentina compartilhou uma novidade.

- Consegui um emprego em uma escolinha de música lá perto do apartamento. Vou dar aulas de violão para crianças. - ela anunciou, a alegria brilhando em seus olhos.

- Valen, que notícia incrível! Eles serão tão sortudos em ter você como professora. - elogiei, genuinamente feliz por ela.

- Mas, eu estou ansiosa com esse novo emprego. É tão diferente do que eu estava acostumada na banda, com toda aquela atitude e energia. Agora, com as crianças, eu vou precisar ser paciente, e eu não tenho certeza se vou ser boa nisso.

- Eu tenho certeza que você será maravilhosa. Eu sei da sua paixão pela música, e as crianças também vão sentir isso. Além disso, você é incrivelmente dedicada, vai ser um privilégio para elas ter você como professora.

À medida que o dia avançava, o sol começou a ceder espaço ao entardecer, pintando o céu com cores suaves e quentes. Decidimos voltar para a casa e começar a preparar o jantar.

Bilhete - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora