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Cecília Albuquerque

    Era pra ser só mais uma manhã normal e tudo virou um caos em questão de segundos.

    Eu sabia que seria um turbilhão quando a Jade contasse sobre a gravidez, mas eu não sabia que seria esse turbilhão todo.

A Amanda tá super chateada comigo e eu sei que com razão. Fui ser leal com uma amiga e acabei sendo desleal com a outra.

O Enzo tá certo, não tinha escolha certa. Qualquer uma das minhas escolhas iria chatear uma das duas.

    Optei por não mandar mensagem pra Amanda hoje, vou deixar ela respirar e acalmar a cabeça.

    Tava indo pro meu campus atrasada, já que eu fiquei com o Enzo na lanchonete por uns bons minutos depois do horário.

   
— Loirinha? - Escutei a voz do Fábio e já fiquei na defensiva.

     Já to cheia de problemas, não quero mais um.

— Eu tenho nome. - Respondi bufando, tentando ignorar ele.

— Pera. - Ele segurou levemente meu braço — É verdade isso que a Jade tá grávida do cunhado do Felipe?

— Por que você não vai perguntar pra eles? - Perguntei irritada.

— Porque você é amiga deles, to perguntando pra você. - Respondeu.

— Tá, ela tá grávida. Satisfeito? - Respondi impaciente.

— Satisfeito ainda não. - Ele falou sorrindo e eu tentei me soltar dele.

— Me solta, cara. Qual o teu problema? - Falei desesperada tentando me soltar dele, que é bem mais forte que eu.

— Solta ela, porra. - Escutei a voz do Felipe atrás de mim — Tá surdo, caralho?

— Ou o que? - O Fábio provocou o Felipe — Vai chamar o Enzo?

— Não preciso chamar o Enzo pra arrebentar a porra da sua cara. - O Felipe respondeu tirando o braço do Fábio de mim.

— Então vem, quero ver se tem coragem. - O Fábio duvidou e o Felipe foi pra cima dele.

— Meu Deus, gente. Para. - Gritei desesperada vendo o Felipe dando vários socos no Fábio.

O Fábio inverteu a posição, mas não conseguiu acertar o Felipe.

Bem na hora me lembrei de quando o Enzo falou que o Felipe não apanha em briga.

Chegou uns dois guardas da faculdade e separou a briga.

— O que tá acontecendo aqui? - Um dos guardas perguntou.

O rosto do Fábio tava todo machucado e o do Felipe tava intacto sem nenhum arranhão.

— Nada. - O Fábio respondeu rápido com a mão no rosto, saindo com raiva em seguida.

Os guardas olharam desconfiado pro Felipe e se afastaram.

— Você ficou louco? - Perguntei ainda em choque.

— Melhor eu batendo nele do que o Enzo. Garanto que o estrago seria maior. - Felipe falou passando a mão no rosto, totalmente irritado.

— Ele comentou uma vez que você não apanhava em briga. Quando que ele te viu brigar? - Perguntei curiosa — Já perguntei e ele não quis me contar. Disse que você mataria ele.

— Porra, foi uma vez em uma festa. Uns moleques tavam caçando briga comigo por alguma merda que meu irmão fez e eu desci o murro. Quando eu fui ver, o Enzo tava destruindo a cara de um deles também. - Felipe respondeu.

— Nossa, vocês são muito malucos. - Falei negando com a cabeça.

— Enfim, vamos ficar na nossa. Se não o Enzo vai arrebentar a cara do Fábio e eu acho que já fiz o serviço por ele. - O Felipe brincou e eu ri.

— Também acho melhor ele não saber. - Concordei — Será que o Fábio vai contar?

— Acho difícil, Ceci. O maluco não vai querer arriscar apanhar duas vezes. Se o Enzo bater nele, eu já te adianto que vai ser estrago. - O Felipe falou sério e eu assenti — Bom... fica bem. Vou voltar pro meu campus.

— Tá. Eu também vou. - Concordei e me despedi dele — Obrigada, Fê. Confesso que fiquei aliviada quando você chegou.

— Por nada, loira. Amigo é pra essas coisas, pô. - Ele me abraçou.

— Acha que a Amanda vai me desculpar? - Perguntei um pouco triste.

— Ela tá bem magoada por você ter escondido dela, mas no fundo ela entende suas razões. - Ele foi sincero.

— Ok, vou dar espaço pra ela. - Falei e ele concordou.

Felipe foi pro campus dele e eu fui pro meu. Chegando na sala, sentei ao lado da Jade.

— Que foi, amiga? - A Jade perguntou me encarando — Atrasou e ainda chegou com a carinha abatida.

— Não é nada. Só aquele desentendimento de mais cedo mesmo. - Respondi desanimada, tirando meus materiais da bolsa.

— A Amanda vai entender. O Gui vai conversar com ela, fica tranquila. - A Jade falou e eu assenti.

Como eu atrasei muito, tive a sensação da aula ter acabado mais rápido.

Fui pro campus do Enzo na saída. Tava procurando por ele e torcendo pra não encontrar o Fábio.

Vi o Enzo e o Felipe saindo do prédio, conversando e rindo.


— Amor. - O Enzo falou me dando um beijo quando me viu.

— Oi, neném. - Falei passando meu braço por volta do dele — Oi, Fê.

— Oi, loira. - Felipe respondeu tranquilo. Ambos fingimos que nada aconteceu mais cedo.

— Nossa, olhem aquilo. - O Enzo apontou com a cabeça — Alguém fez o favor de arrebentar a cara desse folgado, realizaram meu sonho.

— Merecidamente. - Felipe respondeu se referindo ao Fábio — Vou lá no campus da Amanda, rapaziada. Ela ainda tá mal com as pequenas novidades de mais cedo.

— Pequenas do tamanho de um elefante. - Ironizei e eles riram.

Felipe se despediu, indo em direção ao prédio da Amanda.

— Vamos almoçar no shopping? - Perguntei pro Enzo — Preciso resolver algumas coisas.

— Vamos. - Falou beijando minha cabeça, me puxando pro estacionamento — Resolver o que?

— Comprar algumas coisas pra viagem. - Falei insegura, já que to brigada com a Amanda e não tenho certeza se a viagem vai ser boa.

— Nossa, amor. Tu vai me fazer rodar aquele shopping inteiro cheio de sacolas. - Enzo reclamou.

— Óbvio. Esses seus músculos enormes tem que servir pra alguma coisa, não podem ficar de enfeite. - Respondi.

Entrei no meu carro e ele entrou no dele. Seguimos direto pro shopping mais próximo da faculdade.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora