06

11.5K 426 26
                                    

Enzo Martins

    Mais um dia, mais uma manhã de aula. O ano mal começou e eu já quero férias.

Cheguei na faculdade e já fui direto pra lanchonete, se não o Felipe enchia a porra do meu saco.

Sentei numa mesa igual ele me pediu na mensagem e fiquei esperando. Esse cara tá cheio de mordomia, já já eu corto essa moral que ele acha que tá tendo.

    Vi a Cecília passar com a morena, que inclusive acenaram pra mim, e eu bati na mesa chamando elas pra sentar.

    A morena sussurrou alguma coisa no ouvido da Cecília, que concordou e veio sozinha sentar aqui.

— Oie. - A Cecília disse se sentando.

— E aí, loirinha. - Ela me olhou feio — Falei só loirinha, pô. - Levantei as mãos como forma de rendição e ela riu.

— Fala aí, rapaziada. — O Felipe chegou cumprimentando a gente, com o invejável bom humor matinal dele.

— Caramba, até o Felipe chegou e nada da Amanda voltar com os lanches dela. - Cecília disse impaciente, fazendo eu e o Felipe rir.

— E aí, mano. Não animou mesmo a festa hoje? - Felipe perguntou pra mim, sobre o assunto de ontem.

— Que festa? - A Amanda perguntou se sentando com um café e um pão de queijo nas mãos.

— Quando fala em festa você chega rapidinho, né. - Cecília falou pra Amanda, que piscou pra ela.

— A festa que esse maluco quer que eu vá com ele hoje, pô - Respondi a pergunta da Amanda.

— Em plena quarta-feira? - Cecília perguntou e eu assenti olhando pro Felipe com um olhar de "viu?", pra ele perceber que eu não sou o único responsável aqui.

— Vocês são muito caretas, pô. - Felipe murmurou negando com a cabeça.

— Vocês nada, não generaliza. Muita saudade de uma festinha. - A Amanda falou apoiando a cabeça em uma das mãos.

— Tá vendo, pô? Essa aqui é das minhas. - O Felipe disse abraçando a Amanda de lado — Somos farinha do mesmo saco.

— Cuidado, Amanda. Ser farinha do mesmo saco que o Felipe é furada, já to alertando. - Falei pra Amanda e senti o chute do Felipe na minha canela.

— Eu e a Ceci super pilhamos uma festinha hoje. - Amanda confirmou, fazendo a Cecília olhar pra ela totalmente indignada.

— Então tá combinado, pô. O ponto de encontro vai ser na minha casa às 17h, pra dar tempo da gente ir de boa - O Felipe falou rápido impedindo a Cecília de responder a Amanda — Me passa seu número pra eu criar um grupo nosso.

    O Felipe passou o celular pra Amanda, que colocou o número dela.

    Os dois começaram a combinar as coisas entre eles, ignorando eu e a Cecília.

— Cara, por que vocês dois são assim? - A Cecília perguntou incrédula e eu ri concordando — E depois ainda dizem que existe livre arbítrio.

— Esse lance de livre arbítrio não existe comigo. - Felipe falou sincero — A partir do momento que virou meu amigo, quem decide as coisas sou eu.

— Queria discordar do cara mas o pior é que é verdade. - Falei bufando — Ele insiste até você dizer sim, o maluco não sabe escutar um não.

— Fazer o que se nasci com o dom de persuadir, Enzolas. - O arrombado do Felipe me respondeu.

— Poxa amiga, ontem fiz suas vontades indo pra academia e agora é a sua hora de retribuir. - Amanda tentou convencer a Cecília, que olhou pra ela com os olhos estreitos — Uma mão lava a outra.

— Bem que dizem que o barato sai caro. - A Cecília resmungou.

— Bom galera, o papo tá bom mas vou meter o pé porque o campus de Odontologia fica na casa do caralho. - Eu disse dando um beijo na cabeça das meninas, que por sinal me fez ficar apaixonado no cheiro da Cecília — Bora caralho.

Dei um tapão na cabeça do Felipe, que resmungou levantando em seguida.






Cecília Albuquerque

    Assim que os meninos saíram, me virei pra Amanda.

— Qual foi, amiga? - Perguntei desconfiada.

— Qual foi o que, doida? - Franziu a testa se fazendo de dissimulada.

— Você detesta sair de noite. Ainda mais no frio, Amanda. - Argumentei estranhando a iniciativa repentina dela de querer ir pra uma festa em cima da hora.

— Ah Ceci, sei lá. Deu vontade só. - Continuou sendo dissimulada, terminando de comer o pão de queijo.

— Eles são gente boa e tal, mas conhecemos eles há uns dois dias. - Falei a real.

— Por isso mesmo, vamos conhecê-los melhor. - Deu uma piscada e eu comecei a rir entendendo tudo.

— Sabia que tu tava querendo era baixaria, safada. - Falei entendendo todo o joguinho.

— Que isso garota, só uns beijinhos no máximo. - Disse rindo — Sou uma mocinha do lar.

— Eu já desconfiava que você tava afim do Felipe, Amandinha. - Falei toda convencida — Não adianta, nada passa despercebido por mim.

— Para, chata. - Jogou o guardanapo do pão de queijo em mim — Vamos logo antes que a gente se atrase. - Ela disse levantando.

— Até parece que você liga pra horário. - Levantei também — Tá querendo encerrar o assunto e não tá sabendo pedir.

— Acertou. Se o assunto não me favorece, eu vazo. - Disse me olhando sorrindo de canto — Tchau, gostosa.

— Tchau, sonsinha. - Dei um tapinha na bunda dela e fui direto pro meu campus.




                                           [...]




Assisti as aulas, que passaram rápido por sinal, e fui direto pra casa.

Eu precisava fazer uns trabalhos da facul. Sim, três dias de aula e eles já enfiaram trabalho no nosso rabo.

Fechei o notebook depois de terminar tudo e peguei meu celular, que tinha notificado enquanto eu ajeitava minha baderna.




WhatsApp

Amandinha 💜

Amandinha 💜: Amiga 14h34
Amandinha 💜: Posso me arrumar aí com você?
Você: Pode amiga 14h36
Amandinha 💜: Blz, daqui uns trinta minutinhos eu chego




Visualizei a mensagem e não respondi. Fui direto terminar de arrumar essa bagunça que eu fiz na mesa com os cadernos e anotações.

Amanda chegou e nós nos arrumamos com um funk estralando na caixinha de som, do jeitinho que gostamos.

Não é por nada não viu... mas que gostosas nós estamos.

— É hoje que o Felipe morre. - Falei dando um tapinha na bunda dela por pura mania nossa.

— Deixa de palhaçada, Cecília. - Respondeu jogando o lápis de olho em mim.

— Eu, né... Vou concordar só pra não te contrariar. - Taquei o lápis de volta nela.

— Tá falando como se não fosse pegar o amigo dele. - Falou passando o gloss, me oferecendo em seguida.

— O Enzo? - Ela assentiu. — Nada a ver, não é porque nós demos uma trégua que vamos nos pegar. - Respondi dando de ombros e ela discordou com a cabeça.

— Fala de mim mas você se faz pra caralho quando quer, amiga. - Ela disse indo passar um dos meus perfumes.

Realmente não passa pela minha cabeça ficar com o Enzo.

Bom... Pelo menos até o momento ficar com ele não está nos meus planos.

Aproveitei que eu tava ainda mais gata que o normal e tirei uma fotinha pra dar aquela atualizada no insta.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora