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Enzo Martins

    A Cecília veio aqui em casa mais cedo pra gente se reconciliar.

    Primeiro eu pensei que a gente ia brigar ainda mais com o desenrolar da discussão, mas não consegui sustentar a briga até o final.

    Parte de mim fica chateado por ela ser mais leal com um amigo do que comigo.

    Porra, sou o namorado dela. Qualquer coisa que ela me contar vai morrer entre a gente, eu jamais daria o vacilo de deixar um segredo escapar.

    Confesso que não to confortável com a situação, mas foi o que me restou. A nossa briga já tava indo longe demais, seria dali pra pior.

     A Cecília passou o dia comigo aqui em casa. Fomos no parquinho do condomínio com a Lara, que nos obrigou a assistir filme com ela.

    Tínhamos uma missão do dia: Ajudar o Felipe a desenrolar a surpresa pra pedir a Amanda em namoro.

— Amor, Felipe me pediu pra gente passar em alguma loja de doces. - Cecília falou olhando o WhatsApp.

— Porra, sobrou pra gente. - Resmunguei vestindo uma camisa.

— Não fala assim. - Me repreendeu — A gente tem que ajudar ele, coitado.

— Coitado de mim por ter que aturar o Felipe. - Falei sincero e ela gargalhou — Vamos?

— Vamos. - Respondeu entrelaçando a mão na minha e fomos pro meu carro.

— Para na primeira loja de doces que você ver. - A Cecília falou conectando o celular dela no som e eu concordei.

Fiz igual ela falou e parei na primeira loja de doce que eu vi.

— Amor, qual chocolate é pra comprar? - Perguntei.

— Esses aqui. - A Cecília me mostrou a lista que o Felipe fez e eu arregalei o olho.

— Tá zuando. - Falei pegando o celular dela — É pra comprar tudo isso de chocolate? Ele quer matar a Amanda?

— Amooor. - A Cecília foi brigar mas acabou rindo.

— É sério, amor. A Amanda vai ter chocolate até a páscoa do ano que vem. - Falei desacreditado na lista enorme que o Felipe fez.

— Tadinho, Enzo. Ele nunca pediu ninguém em namoro, deixa ele. - Falou entrando na seção dos chocolates.

— Eu também nunca tinha pedido ninguém em namoro, ué. E nem por isso te entupi de chocolate. - Me defendi.

— Reclama menos e ajuda mais. - Ela falou me entregando uma cestinha.

— A gente vai ficar aqui até amanhã pra conseguir achar todos esses chocolates. - Resmunguei e ela me olhou feio por estar reclamando.

Dito e feito. Demoramos mais de meia hora pra conseguir achar quase todos os chocolates.

Tivemos que passar em outros dois lugares pra completar a lista maluca do Felipe.

Depois de comprar tudo, fomos pra casa dele.

— Tá aqui. Todos os chocolates da sua humilde lista. - Falei colocando as sacolas em cima do sofá do Felipe — Pode me fazer o pix, o bagulho saiu caro.

— Mas eu já fiz o pix pra Cecília. - Ele falou pegando as sacolas do sofá e eu olhei incrédulo pra Cecília, que começou a gargalhar.

— Não to acreditando que você me roubou, Cecília. - Falei desacreditando e ela riu mais — Você tava com o dinheiro o tempo todo e ficou caladinha me vendo pagar.

— Sim, amor. - Afirmou forçando um sorriso angelical — Me mimei como diria a Virgínia.

— Vocês dois param de bater papo e vem me ajudar logo. - Felipe brigou com a gente e fomos atrás dele.

Entramos no quarto dele e tava aquela decoração bem brega de pedido de namoro em cima da cama.


— Isso daqui era pra ser um coração? - Falei pegando um dos papéis que tava em cima da cama e o Felipe me tomou.

— Cala a boca, porra. Se tá achando ruim então corta melhor. - Ele resmungou, colocando o papel no lugar que eu tirei.

— Vai, atenta mais ele - Cecília falou rindo — Tá vendo que o Felipe tá nervoso e ainda fica aí igual besta pedindo pra levar coice.

— Loira, foi uma ideia idiota trazer o Enzo. - Felipe falou tirando os chocolates das sacolas — Vem cá, vocês vão ficar só me olhando fazer as coisas ou vão ajudar?

— Eita. Ele tá sério mesmo, amor. - A Cecília falou comigo e o Felipe olhou feio pra gente — Tá bom, vamos te ajudar. O que é pra gente fazer?

— Eu ia pedir pro Enzo cortar esses papéis em formato de coração, mas tenho certeza que vai ficar feio igual a cara dele. - Ele me ofendeu entregando os papéis e a tesoura pra Cecília — Então você vai cortar no lugar dele.

— E o que é pra eu fazer? - Perguntei cruzando os braços.

— Você vai acender as velas que estão em cima da minha cama. - Ele me entregou a caixa de fósforo.

— E se eu acidentalmente colocar fogo na sua cama e estragar toda a surpresa? - Perguntei zuando só pra irritar ele, que tá todo tenso.

— Aí eu te taco no fogo e queimo você junto. - Ele respondeu cruzando os braços também.

— Enzo, para de pirraçar o menino e anda logo com isso aí. - A Cecília brigou comigo.

— Tá bom. - Falei indo fazer com cuidado o que o Felipe me pediu.

— Vou lá embaixo pegar uma sacola que esqueci. - Felipe falou saindo do quarto.

— Amor, para de irritar ele. - A Cecília me pediu com a voz calma — To falando sério.

— Tá, vou parar. Mas é divertido ver ele todo tenso com medo da surpresa dar errado. - Respondi rindo.

Ajudamos o Felipe a terminar de organizar toda a surpresa.

— Brigadão, gente. Vocês são demais. - Ele agradeceu todo feliz com a surpresa pronta.

— Não precisa agradecer, amigo. Quando ela aceitar, porque ela vai aceitar, você avisa a gente no grupo. - A Cecília falou abraçando o Felipe.

— Boa sorte aí, cara. Já deu tudo certo. - Falei me despedindo dele.

Fomos até o meu carro pra voltarmos pra minha casa.

— Amor? - A Cecília perguntou com a voz de quem tá querendo alguma coisa — Lindo que eu amo tanto.

— Que foi, amor? - Perguntei rindo — O que você tá querendo? É só pedir.

— Quero que você me leve pra comer pizza. Faria loucuras por um rodízio. - Ela respondeu e eu ri.

— Eu levo, amor. - Respondi e ela deu um gritinho comemorando — Tem preferência de algum lugar?

— Não, lindo. Qualquer lugar. - Ela respondeu feliz e eu sorri indo mimar a minha namorada.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora