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Cecília Albuquerque

Passamos a tarde toda na praia, aproveitando o penúltimo dia da viagem.

Já tínhamos ficado muito tempo no mar, então resolvemos sentar no lugarzinho que a gente colocou nossas coisas.

Sentei entre as pernas do Enzo, apoiando meu corpo no dele.

— Gente, e o meu primo? - Perguntei colocando a água de coco na areia — Será que ainda tá dormindo?

— Só se tiver morrido. - Felipe respondeu e eu arqueei uma sobrancelha — É porque da última vez que eu vi ele ontem, tava capotado.

— Ele tava maluco igual vocês duas. - O Enzo falou abraçando minha cintura.

— Vamos esquecer o acontecimento de ontem, ok? - Amanda pediu, deitando a cabeça no ombro do Felipe.

– Quando sou eu que passo vergonha, vocês ficam lembrando todo dia. - Felipe falou inconformado.

— É claro, você se mete em cada uma. - Falei e meu celular começou a tocar — Foi só eu falar no meu primo...

— Caralho, nunca mais morre essa peste. - O Felipe falou e eu ri, atendendo a ligação do meu primo em seguida.

— O que ele queria? - O Enzo perguntou quando eu encerrei a ligação.

— Falou que tá organizando uma festa com um amigo dele. - Respondi.

— Porra, tá zuando. - Felipe falou animado e a Amanda gargalhou da cara que o Enzo fez — Se eu não gostava do teu primo, não me lembro.

— Menos, Felipe. Bem menos. - Respondi rindo.

— Essa festa vai ser problema. - O Enzo falou negando com a cabeça

— Essa festa vai ser uma oportunidade. - Felipe corrigiu e o Enzo desaprovou com o olhar.

— A gente vai? - Amanda perguntou com cara de preguiça.

— É claro que vamos, pô. - Felipe respondeu — O dia que eu recusar uma festa pode me enterrar.

— Mano, para de ser assim. - Enzo repreendeu o Felipe — Tu tá em outra cidade, sem conhecer ninguém. Quer se enfiar em festa pra que?

— Independente, irmão. Festa é festa. - Felipe argumentou e o Enzo revirou o olho.

— Tá, vou confirmar com meu primo então. - Falei puxando meu celular.

— A gente tem que voltar logo pra casa dos seus pais. - Amanda falou — Se não vou demorar pra me arrumar e vocês vão encher meu saco.

— Então vamos. - Falei levantando.

    Voltamos pra casa dos meus pais do mesmo jeito que viemos.

    Nem deu pra fazer uma produção tão elaborada porque os meninos ficaram nos apressando.

— Porra, só o Felipe mesmo pra arrastar a gente pra festa em outra cidade. - Enzo começou com as reclamações.

— Por que você não tenta passar a noite toda calado, mano? - Felipe perguntou irônico.

— Não fala assim com meu namorado, seu ridículo. - Briguei com o Felipe.

— Deixa essa birra de vocês pra outra hora. - Amanda falou vestindo a jaqueta.

Nosso uber chegou e fomos direto pra localização que meu primo mandou.

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias durante o caminho.

— O que poderia dar errado hoje? - Felipe quebrou o silêncio.

— Tudo? - O Enzo devolveu a pergunta como resposta.

— Gente, não é pra tanto. - Amanda tentou amenizar — Vai ter no máximo um tiroteio.

— Ah, pronto. - Respondi negando — Agora eu vi mesmo.

— É o RJ, loirinha. - Felipe falou bagunçando meu cabelo e eu bati na mão dele.

— Vocês falam muita merda. - Enzo reclamou — Ainda bem que já chegou.

   Descemos do uber e entramos na festa com o nosso nome na lista.

— Nossa, que casa enorme. - Falei ao ver o tamanho da casa.

— Enorme mesmo, parceiro. - Felipe pensou alto.

— Gente, aqui ali é um espaço pra karaokê ou eu to muito maluca? - Amanda perguntou com os olhos brilhando, parecendo criança vendo doce.

— Se você tá maluca, eu to o dobro. - Falei vendo o karaokê.

— Só peço uma coisa pra vocês hoje. - O Enzo nos interrompeu — Independente da quantidade de bebida que ingerirmos, nenhum de nós vamos subir nesse palco.

— Eu não prometo nada. - Felipe discordou.

— Enzo tá falando isso pra pessoa que subiu no palco do Veigh, na frente de umas três mil pessoas. - Amanda relembrou o acontecimento histórico.

— Já vi que o Felipe vai passar vergonha na gente hoje. - Enzo resmungou.

— Vou apenas gerar entretenimento. - Felipe corrigiu.

— Só pra não perder o costume, né? - Perguntei e ele riu concordando.

— Tá e as bebidas? Onde ficam? - Amanda perguntou olhando ao redor.

— Nada disso. - Enzo respondeu rápido.

— Você e a Cecília vão ficar longe das bebidas hoje. - Felipe complementou, olhando atento pra nós duas.

— Isso não é justo. - Contestei.

— É sim. - Enzo respondeu me olhando — Fiquei traumatizado depois daquele show.

— Hoje é a vez dos meninos darem trabalho. - Felipe falou passando o braço por volta do ombro do Enzo.

— Deus é mais, olha o tamanho de vocês dois. - A Amanda julgou — Junta meu peso com o da Cecília e não dá o peso de um de vocês.

— Se virem, hoje é a noite dos homens. - Enzo falou brincando.

— Que homens? - Perguntei provocando e os dois me olharam feio.

— Porra, vão ficar aí parados conversando ou vão se divertir? - O Matheus perguntou se aproximando de nós.

— Se divertir, lógico. - O Felipe respondeu empolgado.

— Olha, ali é o karaokê. - Matheus apontou — Vai começar a funcionar mais tarde.

— Achei muito diferente. - Confessei — Primeira festa na minha vida que tem karaokê.

— Vem na minha que é sucesso, prima. - Matheus falou sorrindo — Ali fica o Open Bar.

— E é pra lá que nós vamos. - Amanda respondeu pegando na mão do Felipe.

Fomos no Open Bar e tinha muitas variedades de drinks, cada um de nós quatro pedimos um diferente.

— Deixa eu provar o seu, amor. - O Enzo pediu e eu entreguei meu copo pra ele — Caralho, tá muito forte. Vai beber o meu, não quero sair te carregando hoje.

— Você é muito sem graça. - Reclamei fazendo um leve bico, trocando nossas bebidas.

— Agora a brincadeira começou, pô. - O Felipe falou se referindo ao funk que começou a tocar.

— Já que os dois chatos não querem deixar a gente beber direito, vamos perturbar o juízo deles dançando. - A Amanda falou me puxando pra pista.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora