12. 주의 깊은.

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Minha cabeça doeu e eu grunhi de raiva ao checar o horário na tela do celular antes de atender a ligação, com os olhos fechados e o cérebro lento. Eram duas e meia da manhã e eu tava tendo um ótimo sonho com um rapazinho de cabelo castanho e óculos redondos.

- Pra que me ligar a essa hora da madrugada? Quem é?!

- Park Jimin-ssi! - Reconheci a voz da recepcionista da clínica e arregalei os olhos, subitamente acordado. - É seu pai...

Esfreguei as mãos uma na outra e suspirei, assistindo a pouca fumaça saindo da minha boca por conta do frio. Usava apenas um moletom preto e uma calça jeans, já que saí do apartamento correndo após receber a ligação.

- O que houve? - Perguntei assim que cheguei na clínica, com a cabeça latejando e contendo um revirar de olhos ao encontrar a moça da recepção com uma revista sobre jóias nas mãos, como se os gritos histéricos de um paciente não pudessem ser ouvidos por todos os cantos do lugar.

- Ele entrou em surto, coisa que não acontecia há dois meses. Talvez a visita recente do senhor tenha colaborado. - Ela disse, me julgando com o olhar ao abandonar a revista e liberar minha entrada, me entregando o cartão depois de receber a assinatura tremida em um documento preto a uma prancheta. - Um tranquilizante foi aplicado há alguns minutos, mas é nossa obrigação contatar o responsável pelo paciente.

- Vocês não tiveram a minha permissão pra usar um tranquilizante nele! - Franzi o cenho, irritado, me segurando o máximo possível pra manter a educação.

- Se não está satisfeito com nossos métodos, sugiro que o senhor busque outra clínica.

Mordi os lábios, cheio de ódio. O cheiro costumeiro de limpeza irritava meu nariz mais que o normal e o branco exagerado do lugar fazia meus olhos doerem, com a voz distante de meu pai me deixando ainda mais nervoso.

Sem responder mais nada, dei as costas e caminhei pelo corredor comprido, com as mãos trêmulas falhando algumas vezes em passar o cartão na porta, até que a luz finalmente acendeu em um verde discreto e eu pude entrar, sendo imediatamente recebido por um travesseiro que o homem que eu chamava de pai atirou na minha direção.

- Sai daqui! - Ele gritou, agitado, balançando a cama ao se contorcer sob o colchão e puxando os fios grisalhos com uma das mãos. - Eu não quero outra injeção!

Fiquei em silêncio e peguei o travesseiro, limpando a fronha branquinha e analisando a imagem daquele homem que há muito foi meu herói. Há anos atrás, ele era forte, parrudo, cheio de vida. Agora era um senhor franzino, com os braços repletos das cicatrizes das inúmeras sessões de laser e os fios antes fortes e longos cada vez mais finos e brancos.

"Ou elas, ou eu!"

Quando me aproximei mais e pude segurar os braços magros, consegui enxergar com clareza as cicatrizes presentes no rosto do meu velho, todas pequenas e discretas. Uma na ponte do nariz, outra no lábio inferior, mais uma no supercílio, além de muitas outras em pontos das orelhas dele.

"Você está tão bonito, filho. Fico feliz que agora esteja dando um jeito na sua vida."

Meus olhos arderam quando a memória enterrada da voz cruel da minha avó forçando um carinho falso ao se dirigir ao meu pai surgiu como uma fênix, ateando fogo em todo e qualquer sentimento positivo que eu poderia ter naquele momento depois do ótimo dia ao lado de Jungkook.

- Jimin, filho...? - A voz rouca arranhou a garganta desgastada pelos gritos e chamou minha atenção por estar tremendo. Observei as bochechas flácidas de meu pai molhadas pelas lágrimas finas e funguei, com o coração apertado pela expressão dolorida de pura confusão que ele exibia. - O que houve, filho? Cadê a mamãe? Aqueles homens estranhos me deram uma injeção, doeu um pouco...

Marlboro Nights | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora