15. 과거.

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Suspirei pesado quando o despertador tocou, como fazia todos os dias. Me levantei, com o corpo dolorido, preparando os costumeiros três sanduíches e servindo três canecas grandes de café. Quando meu melhor amigo apareceu na cozinha, me deu um beijo na bochecha e foi seco no sanduíche, comendo como se não visse um farelo há meses.

– Bom dia. – Murmurei, mesmo que estivesse com um péssimo humor e sentisse que não haveria nada de bom naquele dia. Taehyung respondeu baixo, de boca cheia, recebendo um pescotapa da mão tatuada de Jihyun assim que o mais novo surgiu no cômodo.

– Deixa de ser porco, seu velho. – O garoto murmurou, coçando os olhos e virando a caneca de café como se não houvesse amanhã.

Sem muito tempo para pensar, engoli o sanduíche praticamente inteiro e bebi o café conforme me arrumava, com os fios negros sendo presos em um rabo alto e a constatação de que deveria apará-los o quanto antes cada vez mais clara. Já pronto, saí de casa, seguindo pelo caminho de pedras até atravessar o portão de metal pintado de preto, me lembrando do quão sofrido havia sido estar com as costas no sol há horas pintando aquela porcaria.

Porém, era extremamente grato pelo trabalho duro da minha família e meu. Éramos apenas três homens sem noção de como viver a vida, mas conseguimos sair daquele apartamento pequeno e comprar uma casinha que eu e Taehyung pagaríamos até o fim da vida, mas que era nossa. Além disso, o estúdio estava cada vez maior e bonito.

É, muitas coisas mudam em onze anos, querido telespectamor.

Montei na minha recém-adquirida princesinha, um dos modelos de moto mais atuais do mercado, a Honda Neo Sports Café CB 1000R. Provavelmente acabaria de pagar as parcelas no meu aniversário de cinquenta anos, mas pelo menos a bichinha era linda.

Ajeitei o retrovisor e vesti o capacete, preto como todo o conjunto da obra, e dei partida na minha querida. O caminho até o estúdio não era tão extenso, já que tanto a minha casa quanto o estúdio ficavam em uma área meio privilegiada de Seul, bem no início do centro da cidade. O lado ruim do lugar eram os semáforos em todas as esquinas e o meu azar para pegar todos eles fechados.

Quando vi o sinal vermelho e parei pelo o que devia ser a quinta vez, meus olhos foram atraídos até a silhueta bem desenhada de um homem de cabelos castanhos, com corte tigelinha, vestido em uma bermuda preta simples e um enorme moletom amarelo. Meus olhos analisaram aquela pessoa minuciosamente e meu cérebro parecia gritar que ele lembrava alguém, principalmente quando se virou e revelou os óculos redondos e a franja abaixo das sobrancelhas.

Ah...

Claro. Mas não era ele. Nunca mais foi ele, em onze anos. Não seria agora.

Voltei a acelerar quando uma buzina soou nas minhas costas e ouvi um xingamento de um motorista qualquer, que se irritou com a minha demora depois do sinal abrir. Envergonhado, gritei um pedido de desculpas e segui por poucos metros até estar na frente do estúdio tão cheio de preto quanto a minha casa e minhas roupas. Estacionei a minha preciosidade na calçada de paralelepípedos e tirei o capacete, tendo que soltar os cabelos para pentear os fios escuros com os dedos tatuados.

Conseguia enxergar o sol ardido aparecendo entre os prédios e logo arranquei o moletom de black clover, sabendo que faria um calor desgraçado naquele dia. Amarrei a peça na cintura desajeitadamente e destranquei o cadeado pesado que mantinha as grades fechadas, abrindo-as antes de destrancar também as portas de vidro, escancarando bem a entrada e deixando que o cheiro de cigarro e maconha saísse de dentro dele.

Entrei, fazendo uma careta péssima para Jeogyeon, que tinha um baseado aceso entre os dedos e continuava rindo para o nada. Ela era só três anos mais nova que eu, mas parecia uma adolescente inconsequente.

Marlboro Nights | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora