Já passava das cinco da tarde quando cheguei no grande prédio da empresa de meu pai. Era primavera mas, por alguma razão, o céu se fechou e uma chuva leve caía. Eu caminhava debaixo do guarda-chuva transparente quando a figura de um homem parado a poucos metros chamou minha atenção. Ele aparentava ter por volta de 30 anos e seu rosto estava coberto por uma máscara; por cima da roupa e capuz pretos usava uma capa de chuva e segurava nas mãos um cartaz, já quase arruinado pela água, que pedia justiça por seu pai.
Meu coração se apertou quando vi o nome da Lux Like e em seguida o de meu pai estampados em letras grandes como os responsáveis pela tragédia que aconteceu com o membro de sua família. De vez em quando, ele gritava coisas como "façam justiça, malditos" ou "meu pai não merecia morrer por uma empresa tão suja", e mesmo que ele parecesse fora de si, eu não pude deixar de me compadecer do rapaz. Seus pés estavam encharcados pela chuva e a imagem em minha frente era a mais triste que eu já havia visto em muito tempo.
Me aproximei do homem, parando em sua frente.
— Desculpe me intrometer, mas… o que aconteceu?
Eu realmente não sabia nada sobre isso, mas definitivamente iria descobrir. Se a empresa de meu pai era mesmo culpada, eles fizeram o máximo para esconder da mídia e evitar escândalos.
— Meu pai reclamou por anos que uma das máquinas de produção não era segura, que a fiação antiga podia machucar alguém e nunca foi ouvido. Ele morreu eletrocutado porque aqueles malditos não tiveram coragem de arrumar uma máquina. A vida do meu pai não valia nem um milhão de wons pra eles! — seu tom de voz estava alterado e ele apontava para o prédio atrás de mim sem parar. Aquilo foi como um desabafo. Eu suspirei, olhando para o chão por um instante.
— Sinto muito por sua perda — o encarei novamente, seus olhos estavam marejados — Eu… conheço algumas pessoas na Lux, vou te ajudar no que puder.
— Agradeço por isso, mas falar com qualquer um que trabalha nesse inferno não vai adiantar. São todos demônios! Aliás, o melhor que você pode fazer é se afastar de todos que tenham ligação com essa empresa, eles vão acabar te arrastando pro buraco, assim como fizeram com meu pai e com toda a minha família.
Balancei a cabeça sem ter mais nada pra dizer. O homem havia me deixado sem palavras e tudo que consegui fazer foi deixar meu guarda-chuva em sua mão e sair dali em direção à entrada do prédio. Depois de passar pela porta giratória, prendi o cabelo em um rabo de cavalo, os fios molhados em meu rosto me incomodavam. Suspirei fundo, caminhando com passos pesados até o elevador.
Apesar da minha aparência bagunçada pela chuva, nenhum dos seguranças me impediu de passar, eles sabiam quem eu era. A única que me parou foi a Sra. Yang.
— Srta. Kim, eu entendo que é urgente, mas o Sr. Kim está ocupado, não pode te receber agora.
— Sra. Yang, eu sei que meu pai deve estar apenas jogado naquela cadeira de milhares de dólares enquanto vê as ações da empresa subindo. Isso não é estar ocupado — tentei barganhar, ela fechou os lábios em uma linha — E eu já disse várias vezes, pode me chamar de Jiwoo.
— A senhorita é filha do presidente, devo te tratar com a formalidade adequada.
— Por favor, me chama de Jiwoo! — teimei, como uma criança fazendo birra. A secretária tinha pelo menos 50 anos, eu quem devia respeito a ela.
— Srta. Jiwoo é o máximo que consigo — ela cruzou as mãos em cima da escrivaninha.
— Fechado! Já é alguma coisa — lancei uma piscadela para a mulher — Agora eu vou ver meu pai — informei, já com as mãos na porta do escritório —, mas não se preocupe, vou dizer que você tentou me impedir e eu te bati até me deixar passar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dear Bodyguard ♡ Han Jisung
FanficSeria mentira dizer que Kim Jiwoo tinha uma vida fácil mesmo sendo a filha do dono da maior empresa de cosméticos da Coreia do Sul. A mansão milionária, embora fosse extremamente luxuosa, não parecia um lar para Jiwoo desde o falecimento de sua mãe...