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Eu mal preguei os olhos na última noite. Estava tão assustada que minha cabeça não me deixou dormir nem por dez minutos; quando o dia amanheceu, eu estava um caco. Saí de casa para a faculdade sem falar com ninguém, meus pensamentos estavam a todo vapor e isso só piorou quando, no meio da manhã, recebi uma ligação de meu pai me dizendo para estar em casa cedo. Os Green viriam jantar conosco para acertar os detalhes do casamento. Seria um jantar chique de noivado.

Já fazia um certo tempo que não me sentia assim, tão sem saída a ponto de perder o ar. Me sentei na guia da calçada mais próxima, Seeun não tinha vindo à aula hoje, ela foi visitar os pais em sua cidade natal no fim de semana e acabou perdendo o ônibus de volta para Seul na noite anterior. Comecei a me desesperar, estava sentada no meio fio de uma das ruas do grande campus, sozinha, e meus sentidos estavam começando a ficar confusos. O sol batia forte em meu rosto e minha respiração estava cada vez mais curta e acelerada. Se soubesse que isso aconteceria, não teria dado um jeito de sair de casa sem a companhia de Han. É um pouco vergonhoso admitir que o enganei pedindo para pegar uma caixa no porão apenas porque eu queria ficar sozinha hoje.

Olhei no visor do celular, já era quase meio-dia. Comecei a rolar meus contatos no aparelho, precisava ligar para Hyunjin vir me salvar, mas não conseguia sequer manter meus dedos firmes, eu tremia muito. Não sei se estava alucinando ou se meus olhos tentavam me pregar uma peça quando vi de longe a figura de terno vindo em minha direção. Ele chegou correndo, quase tão ofegante quanto eu. 

— Srta. Kim! — se agachou do meu lado, eu o olhei com dificuldade — Tá tudo bem? O que aconteceu? Eu rodei o campus todo atrás de você!

Suas palavras eram tão desesperadas que eu pensei que era ele quem estava passando mal. Tentei me desculpar por tê-lo enganado, mas não conseguia terminar nenhuma das frases que começava. 

— Ei, Srta. Kim! Olha pra mim, respira fundo! — ele tirou a mochila que estava em minhas costas, me abanando com a mão e soprando minha testa que estava suada — Pode me dizer a cor de cada coisa que você vê ao nosso redor? 

Eu não entendi bem a sua pergunta, mas obedeci. Comecei dizendo a cor dos prédios mais próximos, das árvores, das flores, das escadas, do ponto de ônibus e só parei quando ficou difícil identificar mais objetos, porque já tinha dito todas as cores possíveis.

— Muito bom — ele sorriu, parando de me abanar. Só então percebi que minha respiração havia voltado ao normal. 

Podia parecer bobo, mas o que ele pediu me fez tirar o foco do que estava me deixando ansiosa. O encarei em minha frente.

— Han, eu… — hesitei por um momento, minha voz saiu fraca.

— Tudo bem, vamos comer algo primeiro. Quando estiver melhor, pode me contar o que aconteceu, se a senhorita quiser, é claro. 

Jisung me levou até o carro, que eu nem sequer sabia que ele tinha, e dirigiu até um restaurante fora do campus. Era uma churrascaria. Não havia ninguém além de nós dois e a dona do estabelecimento ali, mas eu continuei em silêncio enquanto ele pedia a comida para a mulher. Meus olhos estavam parados nos pratos e bandejas cheias de carne que ela havia trazido, mas não era como se eu estivesse prestando atenção neles, era um olhar vazio.

Comecei a escutar o chiado da carne sendo grelhada e logo em seguida finalmente voltei a prestar atenção ao meu redor. Han colocou uma tigela de sopa em minha frente, eu sabia que estava muito quente pela fumaça que subia dela.

— Tome um pouco da sopa enquanto a carne fica pronta, vai te fazer bem. 

— Obrigada — eu não tinha o menor apetite, mas levei algumas colheradas do caldo à boca.

Dear Bodyguard ♡ Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora