A movimentação excessiva de pessoas ao meu redor estava me sufocando. Olhei para o relógio na parede, era por volta das dez da manhã. Estava sentada em um banco na delegacia; ao meu lado estava Jin Dojun. Fomos trazidos para cá depois que a polícia finalmente chegou ao galpão e prendeu os bandidos que nos sequestraram. Pelo menos alguns deles.
Gyuri estava dando seu depoimento, ela foi a última de nós a ser chamada para falar com o delegado, estavam esperando a chegada dos pais da garota, eles precisavam acompanhá-la, já que é menor de idade. Suspirei, me remexendo de um jeito inquieto no banco. Muitos pensamentos atravessavam a minha mente ao mesmo tempo.
Com certeza nesse momento Kim Taesoo já está sabendo sobre o que aconteceu na noite anterior. Mesmo não sendo o melhor pai do mundo, quando algo nesse nível acontece com a filha dele, ele deveria aparecer. Seria o mínimo. Então por que ele não veio?
Passei dias o vigiando, sabia que ele provavelmente não tinha envolvimento algum nisso tudo, por isso não conseguia entender o motivo dele não estar aqui, cuidando disso pra mim. Com duas palavras ele seria capaz de fazer a polícia encontrar o mandante desse sequestro, mas eu não sabia se poderia contar com ele.
Vi quando Gyuri saiu da sala junto de seus pais, me levantei prontamente, fazendo uma reverência profunda para os três. Eu tinha envolvido uma adolescente em uma situação muito perigosa e ela se machucou por minha culpa, me senti miserável por isso.
— Eu nunca vou ser capaz de me desculpar o suficiente por tudo que aconteceu — os adultos apenas ficaram em silêncio me escutando — Vou pagar pelos cuidados médicos da Gyuri e tudo que ela precisar a partir de agora.
— Unnie, a culpa não é sua — a garota sorriu — Só não esquece do meu álbum autografado do Stray Kids!
Sorri para ela, assentindo com a cabeça. Me virei para sua mãe, entregando a ela um papel onde havia escrito o meu número de telefone.
— Por favor, vamos manter contato. Quero ajudar com tudo que puder, não vou deixar Gyuri desamparada.
A mulher concordou, agradecendo pelo meu gesto. Os três foram embora depois que me despedi da garota com um abraço. Me joguei de volta no banco da delegacia. Não podia ir embora antes de fazer o reconhecimento dos bandidos.
— Muita coisa na cabeça? — a pergunta de Dojun me surpreendeu. Não tínhamos trocado nenhuma palavra depois de chegarmos aqui.
— É… tipo isso.
Era um pouco difícil me abrir com o cara que tentou me esfaquear meses antes. Não podia fingir que não, mesmo que eu não carregasse mais mágoas sobre isso.
— Não foi o seu pai — o encarei, esperando que continuasse — O secretário dele foi atrás de mim pra oferecer uma indenização pra minha família pela morte do meu pai…
— Em troca de você ficar calado e não expor que a culpa foi da empresa dele — afirmei, era óbvio que isso tinha acontecido.
— Eu aceitei os termos — ergui as sobrancelhas com a informação — Você sabe que tudo que eu mais queria era justiça, queria ver Kim Taesoo atrás das grades, mas você sabe tão bem quanto eu que isso é praticamente impossível, então eu tentei me vingar, machucando você pra atingi-lo, e eu me arrependo profundamente disso…
— Nunca consegui sentir raiva de você pelo que aconteceu. Sei como é a dor de perder alguém importante. Pra sua família deve ter sido ainda pior, vocês o perderam por negligência de outras pessoas. E o principal culpado foi o meu pai.
— Mesmo assim, eu estava cego de ódio, com sede de vingança. Podia ter matado você se Han não tivesse aparecido — a voz de Dojun já estava embargada, eu podia sentir claramente que ele se arrependia de verdade — Quando o secretário do seu pai veio atrás de mim, ele me ofereceu uma casa longe do centro, uma pequena fazenda onde minha mãe e irmãos poderiam se manter. Ele também me deu uma boa quantia em dinheiro pra nos reerguermos… quando contei à minha mãe, ela se emocionou. Sempre foi o sonho dela e do meu pai se mudar pra uma casa no interior e viverem tranquilos, então eu tive que aceitar... faria tudo por ela.
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Dear Bodyguard ♡ Han Jisung
أدب الهواةSeria mentira dizer que Kim Jiwoo tinha uma vida fácil mesmo sendo a filha do dono da maior empresa de cosméticos da Coreia do Sul. A mansão milionária, embora fosse extremamente luxuosa, não parecia um lar para Jiwoo desde o falecimento de sua mãe...