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Acordar com Jisung ao meu lado foi a melhor sensação que eu já havia experimentado em toda a minha vida. O cheiro de seus cabelos me inebriou assim que abri os olhos; seu rosto tinha alguns arranhões da briga, mas ele continuava perfeito. Parecia um anjo dormindo.

Me levantei antes dele, não teria coragem de acordá-lo de um sono tão profundo. A boca meio aberta o deixava tão fofo que lembrava a feição de um bebê. Senti minhas bochechas corarem ao me dar conta de que dormi na mesma cama que o garoto que gosto, mesmo que nada além disso tivesse acontecido. 

Caminhei na ponta dos pés e fui até o banheiro. Me lavei e troquei o curativo do corte no rosto, ainda estava bem dolorido, mas nada que eu não pudesse aguentar. Quando voltei ao quarto, Jisung já estava de pé. Ele terminava de fazer a cama e eu perdi a fala ao vê-lo; ótimo momento para um ataque de timidez. 

— Bom dia — passou a mão atrás do pescoço; ele também parecia um pouco envergonhado — E então… você… dormiu bem? 

— Uhum. E você? — perguntei, já me aproximando para ajudar com a arrumação. 

— Não teria como não dormir bem estando perto de você. 

Se antes eu já estava sem fala, o que Jisung disse praticamente me fez ficar muda. Ajeitei os travesseiros de qualquer forma no colchão apenas para desviar o meu olhar dele; com certeza meu rosto estava em tons muito escuros de vermelho. Decidi mudar de assunto.

— Não vamos caprichar muito nisso, de qualquer forma daqui a pouco a Sra. Jeon vai mandar alguma funcionária vir aqui fazer a cama posta mais linda de todos os tempos.

— Tá certo…

Ele tirou o último travesseiro de minha mão, me puxando para mais perto dele enquanto me olhava. Jisung caminhou para frente, me fazendo dar alguns passos para trás até encostar minhas costas na parede do quarto. Prendi a respiração involuntariamente. 

— Não vamos gastar nosso tempo com isso então.

Senti seus dedos tocarem o meu pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou. Jisung se aproximou lentamente, talvez esperando que eu o parasse, mas é claro que eu não faria isso. 

Seus lábios macios tocaram os meus, e eu não pude fazer nada além de aproveitar aquele momento ao máximo. 

[...]

Han passou o dia comigo na mansão. Ele ainda era apenas o meu guarda-costas quando não estávamos sozinhos, então nos esforçamos para parecermos isso. Ele ficava parado, muitas vezes de pé, a postos para sair comigo quando eu precisasse, mesmo quando sabia que eu não sairia por um bom tempo. Nossos olhares, no entanto, não conseguíamos controlar da forma que deveríamos. 

Eu estava assistindo a um programa culinário na sala quando a Sra. Jeon entrou no cômodo, avisando que Henry estava prestes a entrar. 

— Por que ele tá aqui?! Eu não tenho nada pra falar com ele — resmunguei. A Sra. Jeon fechou os lábios em uma linha, como se não pudesse fazer nada.

— Ele está aqui para ver o Sr. Kim, e ele o autorizou a entrar, então não pude fazer nada, querida… 

Estranhei o fato de meu pai estar em casa a essa hora. Se ele estava aqui, por que não veio me ver? Eu fui sequestrada há menos de 24 horas e era como se ele não se importasse nada com isso.

— Tudo bem, a senhora não tem culpa — falei — Pode ir, vou ficar bem. Obrigada por me avisar. 

Mal fechei a boca e lá estava ele; o Green surgiu na sala. Não se deu nem o trabalho de tirar os óculos escuros do rosto ao entrar no cômodo, então não me dei o trabalho de me levantar para recebê-lo. 

Henry não parecia saber sobre o que aconteceu comigo. A imprensa não divulgou nada sobre o sequestro, apesar de alguns repórteres terem ido até a delegacia ontem. Talvez Kim Taesoo tenha mexido seus pauzinhos para que o ocorrido não fosse exposto.

— O que aconteceu com seu rosto? 

Demorei para responder. Henry, então, olhou para Jisung no canto da sala, ele também tinha arranhões pela face. Vi a expressão de desdém tomar o rosto do Green em seguida, ele soltou um riso irônico. 

— Esqueça, já vi que você teve quem te protegesse. Pena que isso não vai durar por muito tempo — disse com rispidez. Eu decidi ignorar, mas Han pareceu se segurar para não fazer nenhuma besteira — Vim falar com o Sr. Kim, tem um assunto antigo que estive deixando de lado para tratar com ele. Você sabe como é.

Mesmo que eu dissesse que não tinha mais medo das ameaças de Henry, engoli em seco ao ouvir aquilo. Ele estava aqui para contar ao meu pai sobre Jisung e eu, eu tinha certeza disso.

— Fiquei surpreso com a sua visita, Henry — minhas sobrancelhas se ergueram com a aparição de meu pai na sala — Não sabia que viria.

— Tenho um assunto importante a tratar com o senhor. Espero que não tenha problema. 

— Ah… mas tem um problema sim… — a voz do mais velho saiu arrastada — Jiwoo está machucada, não está vendo? O que estava fazendo que não veio ficar com sua noiva num momento como esse? 

Me esforcei para não demonstrar, mas minha boca se abriu levemente com o fato de estar sendo defendida por Kim Taesoo. Isso não acontecia com frequência. 

— Desculpe, e-eu… não fui avisado de nada — Henry se curvou em uma reverência profunda. Confesso que achei bom vê-lo dessa forma.

— Tenho certeza de que deixei seu pai ciente do que aconteceu com Jiwoo, você devia prestar mais atenção ao seu redor — meu pai resmungou, mal-humorado, enquanto puxava as mangas do paletó para baixo — Agora me diga, sobre o que veio falar? Tenho muita coisa pra resolver. 

O Green ficou em silêncio por alguns segundos, era nítido o quanto ele estava indignado com a forma que meu pai o tratou. Jisung e eu apenas observamos o desenrolar da conversa. Eu estava pronta para interromper a qualquer momento, assim que percebesse que algo poderia nos prejudicar.

— Senhor, o assunto é particular. 

— Então ligue para o secretário Cho e marque um horário, eu não tenho tempo agora. Jiwoo foi sequestrada ontem, Henry, tenho muita coisa pra resolver! Não é possível que você seja tão sem noção assim.

Arregalei os olhos ouvindo aquilo. Meu pai simplesmente disse isso e deu as costas ao Green, caminhando em direção ao escritório da mansão. O rapaz levantou a voz: 

— Sr. Kim! Espera! — o empresário parou, ainda de costas, no lugar — É sobre o guarda-costas. Tem algo que o senhor precisa saber! 

Foi como se um soco tivesse atingido o meu estômago. Senti meu coração acelerar tão rápido que pensei que podia sofrer um ataque cardíaco a qualquer momento. Olhei assustada para Jisung; ele continuava imóvel, como se sequer tivesse sido citado na conversa. Li seus lábios me dizendo em silêncio para que eu ficasse calma, pois ele estava comigo e tudo ficaria bem. Eu acreditava nele, mas ainda assim estava em pânico. 

Quando estava prestes a entrar no meio da discussão, Kim Taesoo se voltou lentamente para o Green, caminhando alguns passos até chegar bem perto dele.

— Você está falando sobre o Han? Veio aqui falar mal do homem que salvou a vida da Jiwoo ontem?!

Dessa vez, Henry perdeu a fala. Eu não conseguia nem assimilar direito o que estava acontecendo, pois era a primeira vez em muito tempo que via meu pai me defender na frente de alguém dessa forma. Era surpreendente, no mínimo. 

O Green permaneceu calado, se ele não fosse o imbecil que é, eu poderia até ter tido pena dele. Ele recebeu o olhar de ódio de Kim Taesoo. E só quem já viu um desses sabe como é aterrorizante e humilhante ao mesmo tempo. 

— Vá embora daqui, Henry — seu tom de voz não se alterou, mas isso não o deixou menos assustador — Vou voltar ao meu escritório agora, e só saio de lá quando descobrir quem foi o desgraçado que ousou machucar a minha filha!

Dear Bodyguard ♡ Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora