POV CLARA
A tarde se estende suavemente enquanto o meu bebê dorme tranquilamente no berço. A luz suave do final da tarde ilumina a sala, onde livros e anotações se espalham sobre a mesa. Aproveitando o momento de quietude, resolvo mergulhar nos meus estudos, mesmo estando afastada da faculdade.
Cada página que leio traz consigo uma pontada de nostalgia. Lembro-me dos dias em que Henry e eu compartilhávamos a empolgação pela literatura e a paixão por desvendar os segredos das palavras. Como eu sinto falta dele. As lembranças de sua risada contagiante e das longas conversas sobre livros fazem meu coração se encher de saudade.
Henry era mais do que um amigo; era meu cúmplice nas aventuras literárias, alguém com quem eu podia discutir os nuances mais profundos de um poema ou perder horas em devaneios sobre personagens fictícios. Seus olhos brilhavam com a mesma paixão que os meus quando nos deparávamos com uma história envolvente.
A tristeza se mistura com a saudade quando penso em como Henry foi arrancado da minha vida de forma tão brutal. Seu assassinato deixou uma ferida profunda que o tempo não conseguiu curar completamente. Cada página virada me leva de volta a momentos que não posso reviver, a conversas que não posso retomar.
Perdida em meus pensamentos, sou repentinamente trazida de volta à realidade pelo suave choro de Henry Miguel, meu pequeno raio de luz que agora pede atenção. Com carinho, pego-o nos braços, alimentando-o e acalmando-o com canções de ninar que ecoam pela sala.
O som da porta se abrindo anuncia a chegada de Eric. Seus passos, embora conhecidos, carregam uma aura diferente hoje. Levanto os olhos e vejo que algo está perturbando meu marido. Ele força um sorriso ao me ver, mas seus olhos não conseguem esconder a inquietação.
— Oi, amor. Como foi o seu dia? — pergunto, tentando transmitir alegria enquanto seguro delicadamente o meu bebê nos meus braços.
Ele se aproxima e me dá um beijo nos lábios.
— Foi um dia longo, mas estou feliz de estar em casa.
O abraço caloroso que costumava ser rotineiro agora parece carregar um peso invisível. Observo-o enquanto ele se afasta, e há uma hesitação em seu olhar.
— Aconteceu alguma coisa, Eric?
Ele suspira, parecendo um pouco distante.
— Não é nada, Clara. Apenas algumas preocupações no trabalho. Nada com que você precise se preocupar.
Minha intuição me diz que há algo mais, mas decido não pressionar. Opto por sorrir e acariciar o rosto de Eric, querendo dissipar as sombras que pairam sobre ele.
— Então, como está o Henry Miguel? — Ele sorri, desviando um pouco o foco.
— Ele está bem. Dormiu a maior parte da tarde, e agora estamos aproveitando um tempo juntos. Tenho estudado um pouco também, tentando não perder o ritmo mesmo estando fora da faculdade.
Eric olha para os livros espalhados na mesa e para as anotações.
— Isso é ótimo, amor. É bom ver você se dedicando aos estudos, mesmo com todas as responsabilidades.
Agradeço pelo elogio, mas não posso deixar de notar que a tensão ainda está presente em seus olhos. Decido abordar o assunto com cuidado.
— Eric, eu sei quando algo está te incomodando. Se quiser falar sobre isso, estou aqui para ouvir.
Ele hesita por um momento, como se estivesse ponderando se deveria compartilhar seus pensamentos.
— É só... algo no trabalho. Uma situação complicada que precisa ser resolvida. Nada demais, realmente.
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O Professor - Livro 2
RomanceApós Clara descobrir que o atual namorado de sua mãe é na verdade Eric, seu ex-namorado, ela se vê diante de um grande dilema e precisa decidir se deve confrontá-los ou guardar segredo. Enquanto isso, Dylan retorna à cidade para tentar superar seus...