Capítulo 14

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"Zoro"

Ainda com os olhos fechados, eu sentia o cheiro doce de perfume de maçã.
Bem, não era o meu, não gostava de perfume muito doce, porém, aquele estava no ponto. Minha cabeça latejava atrás da nuca.

Sentia um peso a mais sobre o meu corpo, no início pensei que fosse o homem que o Klahador havia matado, no entanto, estava leve demais para um homem.

Abri os olhos e vi que era Hatta, ela estava sobre mim com a cabeça perto da minha, senti seu peito subir e descer com sua respiração, seu queixo estava sobre meu ombro.

Com a cabeça ainda no chão, pensei em como tirá-la de cima de mim antes que ela acordasse, coloquei uma mão em volta da sua cintura e a outra na sua cabeça, girei meu corpo junto com o dela, ficando por cima, baixei o olhar para seu rosto, em sua testa, sobre os olhos, um pequeno corte, sangue escorria pelo canto, sujando a lateral da sua bochecha.

Por algum motivo queria matar a pessoa que fez isso, sua testa não era a única coisa que sangra, seus lábios estavam com um pequeno sangramento. Uma imagem do Klahador socando seu rosto me veio a mente, por algum motivo eu desejei matá-lo.

Hatta se mexeu em baixo de mim, ela apertou os olhos e levou a mão a testa como se sentisse o sangue ou a dor. Ela abriu os olhos e olhou para a mão suja de sangue, ela desviou os olhos para os meus.

Os olhos azuis da cor do oceano, meu coração acelerou.

- Eu cai em cima de você não foi? - ela me questionou.

Confirmei com a cabeça.

- Desculpa! - ela pediu.

Ela pedia muitas desculpas. Me levantei tirando o seu corpo grudado do meu, ela se sentou, tirei meu pano amarrado no braço e molhei na água suja, torci um pouco e caminhei até ela, ela estava de pé, com a mão sobre o ferimento, afastei sua mão do ferimento e coloquei o pano molhado no ferimento e ela se assustou, ela baixou os olhos para o lado.
Ela estava muito perto de mim, sua respiração misturando com a minha.
Segurei sua cabeça com a mão livre e a outra limpava o corte.

- Deve ter batido quando caiu sobre mim! - expliquei.

Ela confirmou.

- Aquela maldita gata me socou! - ela cochichou.

A mulher de cabelos verdes tinha socado Hatta, eu ouvi quando Hatta chamou meu nome, ainda estava um pouco acordado antes de desmaiar.

- Você está bem? - questionou ela.

Não respondi, tirei o pano da sua testa e voltei a molhar, virei para ela e ela estava com as minhas três espadas na mão, ela esticou para mim, peguei da sua mão e coloquei no chão.

- Não preciso deles agora. - fiquei na sua frente.

Ela se afastou de mim tentando desviar da minha ajuda.

Ela ergueu o olhar para a lua que era a nossa única fonte de luz dentro, me afastei dela, ela colocou uma mecha atrás da orelha e olhou para o chão, amarrei novamente o pano no braço, ela soltou um ar de susto e começar a andar para trás, ela esbarrou em mim já se virando.

- Diz que tem um jeito de sair daqui? - perguntou me olhando nos olhos.

Desviei o olhar para cima, olhando para a única saída possível do momento, baixei o olhar, Hatta olhava para cima com os lábios inchados entre abertos, os lábios que estou com vontade de sentir desde quando a vi pela primeira vez.

Ela desanimou.

- Só pode estar de brincadeira, eu sou péssima em escalada. - ela comentou como se eu não tivesse ali.

Baixou a cabeça, desviei o olhar para cima, um silêncio se instalou sobre nos dois, baixei a cabeça, olhei para os lados, uma corda com uma pequena âncora chamou minha atenção, baixei e a peguei, afastei Hatta para trás, girei a corda e lancei para cima, nas primeiras vezes acertou na parede de pedra, girei mais algumas vezes, na sexta vez, a âncora foi para cima e acertou do lado de fora, porém quando puxei, a âncora se soltou, fechei os olhos.

Hatta segurou as minhas mãos, abri os olhos e a encarei.

- Deixa eu tentar. - pediu.

Puxei minhas mãos da sua junto com a corda.

- Não está vendo que não está dando certo? - questionei bravo.

Ela se afastou.

- Porque está bravo comigo? - questionou.

- Porque era para você ter fugido, era para você ter avisado o Luffy ou a Nami. - estava gritando, fazendo eco dentro daquele poço.

Ela olhou para o Merry, voltou a me olhar.

- Descul... - ela fez uma pausa e fechou os olhos, os abriu olhando para baixo. - Da próxima eu saio correndo e peço ajuda, na próxima eu deixo você se virar, na próxima eu faço o que você quiser, só que agora, eu quero sair daqui e achar o Luffy. - ela cruzou os braços e olhou para cima.

- É, eu também quero. - passei por ela soltando a corda. - Se alguém tivesse fugido, eu já teria saído daqui. - comentei.

- Para de colocar a culpa em mim. - ela gritou batendo as mãos na lateral do corpo. - Se você não tentasse ser o fodão do bando, nada disso teria acontecido.

Virei para ela.

- E não faz essa cara, sabe do que eu estou falando e já que eu não sou do seu agrado, reclama com o Luffy. - ela continuou gritando.

Ela ficou em silêncio e engoliu em seco, seus lábios ficaram entre abertos percebendo o que tinha falado, voltou a fechar os olhos e quando os abriu me olhou.

- Vamos escalar. - ela molhou os lábios.

- Vamos! - concordei.

O pior é que eu não fiquei irritado, eu até que fiquei meio sem reação por tudo o que ela tinha dito, eu estava ficando bravo com o fato da âncora não prender do lado de fora, soltei um ar pesado, olhei para cima novamente, aquilo me fazia lembrar dos treinamentos que fazia quando era mais novo.

"Aquele dia, as máscaras cobriam o nosso rosto, aquilo sufocava no início, agora, parecia somente uma coisa simples no rosto. Quanto mais eu atacava meu oponente, mais ele se defendia e parecia que ela gostava de fazer, mais eu lutava, mais eu caia."

- Zoro! - um estralo de dedos na frente do meu rosto me fez piscar. - O que foi? - questionou.

Neguei com a cabeça, fui para baixo da saída.

- Beleza! - olhei para cima. - Vai ter que ser o plano B.

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