Capítulo 18

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Estávamos de frente para o barco a qual Luffy nem precisou escolher, ele sabia qual queria e Kaya concordou em deixá-lo escolher, foi uma péssima ideia de acordo com a Nami.
Tirando isso, todo o meu corpo estava doendo, meus músculos dos braços e das pernas estavam rangendo de dor, mais ainda, minha cabeça estava doendo, a pancada que levei quando cai por cima do Zoro começava a doer, ou já estava doendo e só agora eu tinha percebido.
Me afastei da Nami e do Luffy e me encostei em uma madeira da ponte, fechei os olhos e fiquei ouvindo o que eles estavam falando, porém, me perdi com minha cabeça latejando, mais o que realmente não saia da minha cabeça era aquela lembrança do Gato sobre mim, aquilo me sufocou igual quando eu era criança e novamente eu não consegui fazer nada.
Uma lágrima escorreu sobre minha bochecha, abri os olhos e sequei a lágrima com a ponta dos dedos, ergui a cabeça, Zoro estava perto de mim, porém, de costas. Me levantei e fiquei ao seu lado, ele estava do mesmo jeito, com o punho sobre a espada e a outra mão sobre o punho.
- Você está bem? - questionou.
Respirei fundo, meus lábios ficaram entre abertos, o vento trazia contigo o cheiro da água salgado e aquilo secou meus lábios.
- Não! - confessei.
Ele me olhou, olhei para ele e sorri sem coragem.
- Não! Eu não estou bem, Zoro. - engoli em seco e voltei minha atenção para Luffy que comemorava. - Não consigo nem me defender, como posso defender a minha irmã? - questionei.
Dei dois passos para frente, Zoro segurou o meu pulso e me fez virar para ele.
- Me ajudou bastante. - ele confessou.
Soltei meu pulso da sua mão, dei as costas para ele e fiquei do lado da Nami, Zoro ficou do outro lado dela.
Luffy esticou os braços para cima e gritou, ele pulou e virou na nossa direção, me abraçando e abraçando a Nami ao mesmo tempo, sorri quando ele saiu do abraço, se afastou de mim e da Nami e abraçou Zoro que não retribuiu, pela primeira vez, vi Nami sorrir, ela olhou para mim.
- Usopp! - Luffy chamou ele.
Virei meu olhar para ambos, Usopp olhava para o barco, Luffy ficou do seu lado.
- O quê você está esperando? Pega as suas coisas. - Luffy pediu.
Nami virou para mim, pegou meus dois braços e olhou para eles, examinando.
- Espero que esse navio tenha primeiros socorros, seus braços estão feios. - ela olhou para mim.
- Não só os braços, minhas pernas e a minha cabeça. - apontei para o meu ferimento da cabeça.
- O que aconteceu com você? - ela questionou.
Olhei para Zoro que me olhou.
- A gente caiu num poço. - Zoro respondeu.
Voltei minha atenção para a conversa do Luffy com o Usopp.
- Mas... - Usopp fez uma pausa. - Eu não posso deixar a Vila Syrup. - ele olhou para Kaya, voltou para Luffy logo em seguida. - E também tem a Kaya, ela precisa que eu fique para cuidar dela.
Kaya andou na direção do Usopp, Kaya pegou sua mão e o guiou para longe do Luffy, o qual se afastou logo em seguida.
Eles diminuíram o tom de voz para que somente os dois escutassem, caminhamos na direção do Luffy, fiquei do seu lado esquerdo, com Zoro atrás de mim, Nami ficou do outro lado, nós três olhávamos para a conversa dos dois, que parecia tão pessoal, mais ao mesmo tempo, tão necessária.
- E você não precisa de ajuda no estaleiro? - Usopp questionou.
- Acho que Usopp tem medo de deixar a Kaya sozinha. - Nami falou.
Concordei com a cabeça ainda olhando para os dois. Kaya sorriu.
- O estaleiro era o sonho dos meus pais, e eu quero algo diferente, como... estudar e virar médica. - ela respondeu Usopp sem soltar sua mão da dele.
- Então... - ele sorriu, agora parecia confiante com a decisão que iria tomar. - Acho... que isso é um adeus?
Ela olhou para algo além dele, tentando segurar o choro.
- A gente vai se ver de novo. - ela tentou animá-lo. - E nessa hora, eu quero ouvir as grandes histórias do Capitão Usopp. - ela juntou seus lábios aos dele.
Olhei para eles, ergui a cabeça olhando para o céu, cruzei os braços e olhei para os barcos ao nosso lado, desviei o olhar para o chão, fingi que estava examinado a minha mão direita.
- É... eles sabem que sou eu o capitão, né? - Luffy questionou as nós três.
Olhei para ele, Nami colocou a mão no seu ombro.
- Deixa essa passar, tá? - Nami pediu.
Zoro se afastou, olhei para ele, ele me olhou, sorri, porém, ele virou o rosto em direção ao barco, sabia que ele deve estar bravo comigo pelo que eu disse, no entanto, eu estava triste comigo mesmo, não podia culpá-lo e não estava, estava me culpando.
Voltei a olhar para frente, com o coração apertado, os dois saíram do beijo, um olhando para o outro, com a certeza que estavam fazendo a escolha certa a partir daquele dia.
Nos despedimos de Kaya logo depois, ela pediu para mim e para Nami cuidarmos dos meninos, de todos eles, concordamos, ela também avisou sobre o kit de primeiros socorros e sobre comida o suficiente para alguns meses, isso se Luffy não comesse tudo e acabasse em menos de um mês.
Dentro do navio, Nami e eu escolhemos os únicos quartos que tinha cama, Nami ficou perto da saída que dava para o controle do navio, Luffy pegou o último quarto do corredor, eu peguei o quarto logo depois da Nami, Zoro ficou depois do meu e Usopp ficou entre Zoro e Luffy, ainda tinha mais um quarto a qual, Luffy declarou que seria para mais recrutas, se ele conseguisse mais algum.
Nami não estava mais no quarto quando sai do meu, fui para fora, ela estava navegando o navio com uma bússola na mão, ela olhou para frente, subi as escadas, encostei no parapeito do navio, de frente a onde Nami fica, ela tinha uma certeza que eu nunca teria.
- E aí, o que aconteceu? - ela me questionou.
O vento batia por trás do meu corpo, jogando meu cabelo para frente, o bagunçando.
- Como assim? - respondi com a pergunta.
- O que aconteceu? Depois do jantar você ficou estranha. - ela explicou, olhando do horizonte para mim.
Olhei para ela, voltei a olhar para o horizonte.
- Quando eu e Zoro lutávamos contra o bando do Klahador, aconteceu uma coisa, como se uma memória minha tivesse voltado do nada, como se tivesse ativado um gatilho que eu não me lembrava e isso me deixou... - fiz uma pausa.
- Apavorada? - Nami falou a palavra somente para ter certeza.
Olhei para ela, uma lágrima escorreu, a sequei rapidamente.
- É! - confirmei molhando os lábios com a língua.
Ela olhou para o leme na sua mão, voltou sua atenção para mim.
- Por incrível que pareça, eu sei como é isso, pode ser modo de gatilhos que ativa o nosso medo de jeito diferente, o nosso medo é diferente, mais eu sei como é isso, o pavor, o medo, a falta de ar que lhe causo. - ela fez uma pausa, olhei para o sol que refletia na água, outra lágrima escorreu. - Mais, eu também sei que você vai encontrar força nisso que você sentiu, e é isso que vai lhe dar força ao ponto de você não ter mais medo.
- Eu não consegui me defender. - expliquei olhando para ela. - E falei para o Zoro, não consegui me defender, como posso defender as pessoas que eu amo? - questionei a ela.
- Uma falha não determina quem você é, ou como vai defender as pessoas. - ela respondeu.
Ergui uma sobrancelha.
- Para mim é. - desencostei do parapeito cruzando os braços.
- Você se cobra demais Hatta. - ela me lançou um olhar de tristeza, como se me entendesse.
Fechei os olhos, sabia que era verdade, sabia que eu me cobrava demais, mais, aquele medo, aquela falta de ar me paralisou, eu não conseguia respirar, ao ponto de pensar que eu era ingênua e fraca, e que eu não era digna de ser salva.
- Por que não conversa com Zoro para ele te treinar já que está se sentindo assim? - Nami me fez olhar para ela.
Sorri.
- Obrigada Nami. - agradecia.
- Não se cobra demais, por favor! - pediu.
Concordei com a cabeça.

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