Capítulo 19

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"Zoro"


Coloquei as duas espadas no apoio da parede, menos a espada da Kuina, a qual nunca deixei ninguém pegar, mais Hatta a segurou e me devolveu, deitei na rede, colocando os dois braços de apoio para a cabeça.
Hatta estava perfeita lutando, parecia que cada um sabia o que tinha que fazer apenas com o olhar, ela atacava e eu também, quando trocávamos de pessoa que iria nos atacar, ela sabia exatamente o que tinha que fazer, quando minha espada foi pega por Sham, ela sabia que eu queria de volta e foi nesse momento que ela ficou perfeita, ela ficou linda usando aquilo nas mãos, parecia que ela sabia como usar. Ainda mais quando ela viu que Helmeppo estava aqui e não atrás da irmã, o modo como ela ficou aliviada. Meus lábios estavam com um sorriso, pisquei várias vezes e tentei esconder aquele sorriso, mesmo estando sozinho.
Mais, quando o Gato ficou por cima dela, ela parecia que havia entrado em choque, como se estivesse revivendo algo do passado, seu olhar transmitia medo, pior de quando ela estava com medo do Buggy, aquele olhar era de pavor, quando tirei o Gato sobre ela, ela tremia, procurando ar,
Fiquei com medo por ela, mais eu não sentia medo, no entanto, naquele momento, eu senti, senti medo do que ele poderia fazer com ela, medo do passado dela que agora a atormentava, ela estava estranha e por algum motivo eu queria protegê-la do próprio passado, mais como não posso, vou protegê-la agora, como venho fazendo desde quando a conheci.
Balancei a cabeça. 'Porque eu a protegeria? Ela não é nada para mim.' - Pensei.
Uma batida na porta, fiquei em silêncio, não me movi nem para abrir a porta que continuou fechada.
- Zoro! - Hatta me chamou.
Sentei em um sobressalto.
- Olha, se não quiser falar comigo, tudo bem, eu sei que você deve estar bravo e eu entendo, então ao menos me escuta. - ela pediu.
Me levantei e caminhei lentamente até a porta e parei na frente dela.
- Aquela hora, que o Gato ficou por cima de mim... - ela fez uma pausa, como se tentasse achar as palavras corretas para aquela conversa. - Bem... você está bravo né? - ela mudou de assunto. - Não, é... calma. - ela parecia que estava. - Bem... - outra pausa. - Quando ele fez aquilo, uma memória que achei que tivesse esqueci retornou, e aquilo, me paralisou, eu... - ela fez uma pausa.
Abri a porta, ela me olhou, com os olhos arregalados, engoliu em seco, ela olhou para baixo, como se tivesse prendendo a respiração, ela remexia as mãos uma na outra, com os dedos apertando um ao outro, até arderem ou se machucar.
- Estou ouvindo! - disse.
Ela engoliu em seco novamente.
- E eu, peço desculpas, eu paralisei e te deixei se ajuda. - ela não olhou para mim quando falava.
- Em nenhum momento eu lhe disse que você me deixou sem ajuda. - falei olhando para ela, procurando seus olhos.
Ela ergueu a cabeça e me olhou.
- É, eu sei só que...
- Então porque está se culpando? - questionei a cortando.
Ela ficou sem saber o que responder, piscou várias vezes, ela respirou fundo.
- Porque... - ela fez uma pausa, ela moveu a boca para que as palavras saíssem, mais nada aconteceu, nem mesmo o som delas. - Eu não sei. - confessou me olhando, mordeu os lábios inferiores. - Talvez porque, se eu não consigo nem me salvar, quem dirá a minha irmã. - ela parecia que lutava com a verdade em seus olhos.
Olhei para a parede atrás dela.
- Eu acho que não é isso! - ela me olhou sem entender. - Acho que você quer lutar tanto para provar que consegue salvar os outros, que esquece que tem que lutar por você mesma primeiro. - completei.
Ela me olhou, olhou para o teto, impedindo que as lágrimas escorressem.
- Vou pensar nisso! - ela disse me dando as costas e indo para o quarto.
Meus lábios ficaram entre abertos, fechei a porta, tirei a camisa que eu estava, agachei e comecei a fuçar nas minhas coisas, não era muita coisa, tinha o suficiente para mim.
Ouvi a voz do Luffy chamando a gente para a cozinha, ele teria que esperar um pouco, achei uma camisa amarela meio desbotada, me levantei, antes mesmo que eu pudesse ver ou colocar a camisa a porta do quarto se abriu, Hatta estava com um sorriso nos lábios, logo se desmanchou quando me olhou, ela tentou disfarçar, mais seus olhos desceram para o meu corpo, ela fechou os olhos, colocou a mão na frente.
- O Luffy está chamando para ir na cozinha. - ela falou.
- É, eu ouvi. - falei.
Ela procurava a maçaneta da porta sem tirar a outra mão dos olhos, ela sorriu meio sem graça.
- Desculpa! - pediu. - Achei que não tivesse ouvido.
Cruzei os braços.
- E isso não impedi de entrar no quarto sem bater. - falei.
Ela não respondeu, apenas procurou a maçaneta, quando a achou, saiu do quarto a fechando, não tinha percebi, mais eu estava sorrindo novamente, coloquei a camisa amarela, peguei as espadas e sai do quarto, Hatta não estava ali, fui em direção à cozinha, Luffy estava sentado de costas para a entrada, Nami sentada num aponta do enorme sofá, com Hatta sentada no meio, me sentei ao lado dela, colocando minhas pernas no sofá, uma perna dobrada de baixo da outra, a perna direita estava de apoio para o meu braço.
Ela estava sentado, com as pernas dobradas e com o queixo perto dos joelhos, os braços em volta das pernas, Nami jogou uma garrafa para mim, a peguei e abri, Nami já estava com a dela aberta.
- Gente, saca só. - Usopp entrou logo em seguida.
Hatta olhou para ele.
- Usando o meu talento artístico incomparável, eu fiz uma nova Jolly Roger para o navio. - ele pegou o braço do Luffy e o colocou de pé.
Ele entregou uma ponta para que Luffy segurasse, quando abriu, olhei para Hatta, ela jogou a cabeça para o lado, abriu os lábios para dizer algo, mas mudou de ideia quando os fechou, ela continuou olhando a Jolly do Usopp, olhei para o Jolly e me perguntei se aquilo era ele ou algo parecida.
Ele sorria para nós três, esperando a nossa aprovação, Hatta olhou para Nami e da Nami para mim, ela negou com a cabeça, voltou a olhar para Usopp.
- Ficou bom, só quê? - ela passou de falar. - O Jolly Roger não tinha que vir com a cara do capitão? - ela perguntou.
- Exatamente! - Luffy concordou. - E eu sou o capitão. - ele olhou para Usopp. - E eu já desenhei a nossa bandeira. - completou devolvendo o Jolly para Usopp.
- Beleza, mais essa daqui é muito melhor. - Usopp olhou para a própria bandeira.
Neguei com a cabeça e ingeri minha bebida.
- Nenhuma dessa bandeira ridículas vai por medo em alguém. - falei olhando para fora da janela, olhei para Hatta que olhava para mim, desviei o olhar para os dois patetas na minha frente.
- É, eu sei, mais o Jolly Roger tem que refletir a imagem do capitão. - ele colocou a bandeira nas costas.
- Que é o Luffy, até aonde eu sei. - Hatta falou.
- Exatamente, eu sou o capitão. - Luffy se apoiou na mesa. - A gente é o Bando do Chapéu de Palha.
- Podem me chamar de Usopp, o grande. - Usopp falou.
Olhei para Hatta que olhava atentamente para os dois, tentando acompanhar, o sol que batia atrás dela a deixava tão bela, tão perfeita.
Hatta começou a rir, Nami olhou para ela sem entender, assim como os dois a sua frente. Ela colocou a mão na boca para tampar a risada, aquilo fez Nami rir e eu também, a discussão dos dois estava tão aleatória que aquilo fez Hatta rir, o que fez com que eu risse também, Hatta baixou a cabeça e tirou os pés do sofá, dei a minha mão para ajudar ela a levantar, ela se levantou e passou por mim, soltou minha mão e ficou do meu lado a uma grande distância de mim, aquilo parecia que havia apagado o contado que ambos tinha, quando ela se afastou, senti que não estava rindo de verdade, parei de rir.
- Desculpa meninos! - ela segurou a risada com um sorriso nos lábios. - Mais essa discussão de você não está fazendo sentido. - ela ficou seria. - Mais eu sou a Capitã. - ela colocou as mãos na cintura, seria, mais não aguentou, ela caiu na gargalhada junto com Nami que não parava de rir.
Usopp e Luffy soltaram um ar de alívio, mais está aí uma coisa que eu apoio. Eu estava sorrindo, pela primeira vez em anos, Hatta me olhou e veio na minha direção.
- Você ri. - ela apontou para mim.
Ergui uma sobrancelha, ela sorriu mais ainda, Luffy e Usopp voltaram a discutir, ela virou o corpo para os dois.
- Tá, tá bom. - Usopp concordou com algo que Luffy falou.
- Viu só? - Luffy bateu no ombro dele. - É disso que eu estou falando. - ele abriu os braços e logo em seguida apoiou as mãos na mesa. - De agora em diante, vai ser suave. Muito mais suave.
Som de canhão fez todos prestarem, atenção, Hatta e Nami olharam para algo além da janela atrás dos meninos, o impacto veio logo em seguida, Hatta se desequilibrou, esticou os braços e se segurou na parede atrás de mim, ficando quase que por cima de mim, segurei sua cintura, ela olhou para o lado, sobre o braço que segurava seu corpo, me olhou.
Ela saiu de cima com a minha ajuda, me levantei e fiquei ao seu lado, Luffy e Usopp se abraçavam.
- Que desgraça foi essa? - Usopp questionou.
- Você tinha que abrir a boca. - Nami se levantou.
Saímos da cozinha, Nami na frente, Hatta atrás dela e eu atrás da Hatta, Nami e Hatta subiram de dois em dois os degraus da escada que dava para o leme, subi logo atrás delas, assim que entramos no corredor antes da última escada do leme, dava para ver o navio da marinha, Hatta e Nami olhavam para o navio.
- É o navio na marinha. Estamos sendo atacados. - Nami disparou, correndo na direção do leme.
Uma bomba caiu na água, a cada bomba lançada, Hatta se assustava, ela foi atrás da Nami, Luffy, Usopp e eu ficamos em baixo, vendo a marinha nos atacar. Outra bomba caiu no mar.
Fiquei atrás do Luffy, ele pegou uma luneta e apontou para o navio, tirou dos olhos.
- Vovô? - ele falou alto e em bom som.
Olhei para ele.
- Vovô? - todos nós perguntamos.
Questionei a mim mesmo se eu tinha entendi errado, mas não, todos perguntaram a mesma coisa, então não tinha ouvido errado.

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